TOMANDO POSSE DO LUGAR PARA JESUS? ORA, NÃO ADIANTA EM NADA EU DECLARAR QUE MINHA CIDADE PERTENCE A JESUS, SE EU VIVO EM CONTENDAS COM O PRÓXIMO - LEANDRO BUENO PROCURADOR DA FAZENDA/PROFESSOR. MEMBRO DA IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL
Na semana passada, eu estava fora do país, e quando voltei comprei uma
revista semanal, que dizia que o prefeito da cidade de Guanambi, no sudoeste da
Bahia, havia publicado um decreto no primeiro dia útil do ano (dia 2), entregando
as chaves da cidade a Deus. Além disso, no decreto declarava-se ainda que todos
os principados, potestades, governadores deste mundo tenebroso, e as forças
espirituais do mal, nesta cidade, estarão sujeitas ao senhor Jesus Cristo de
Nazaré. Aí, fiquei pensando sobre esse assunto e resolvi escrever este texto.
Sem querer adentrar na boa intenção do prefeito, que eu acredito, e sem querer
discorrer sobre a questão da laicidade que, a meu ver, foi ofendida com esse
decreto, tenho que há algo mais profundo a evidenciar uma heresia que tenho
visto em alguns segmentos evangélicos, que é uma forma deturpada de ver a
questão da batalha espiritual. Explico. A
Bíblia nos ensina que nós temos 3 inimigos espirituais a serem vencidos, a
saber, o diabo, o mundo, e a carne (nossa natureza pecaminosa). Infelizmente,
dentro desta batalha espiritual contra tais inimigos, inseriu-se uma ideia
equivocada de “dominação de territórios”. Ou seja, é como se o cristão tivesse
que declarar que determinado lugar
geográfico é do senhor Jesus e isso fosse uma forma profética de proteger o
local contra toda sorte de entidades malignas. E ao que parece esse tipo de
heresia fez escola em diversos lugares, tal é a quantidade imensa de placas e
totens onde vemos escrito, a cidade “X” é do senhor Jesus. E por que digo que é
uma heresia? Porque estou certo de que se queremos, de fato, que um lugar seja
de Jesus, o que devemos fazer é exatamente manifestar os valores do Reino de
Deus naquele lugar, ou seja, a verdade, a justiça, a paz, a fraternidade, o
perdão, a liberdade, a alegria e a dignidade da pessoa humana. Ora, não adianta em nada eu declarar que minha cidade pertence a Jesus,
se eu vivo em contendas com o próximo, praticando atos de adultério,
fornicação, impureza, idolatria, inimizades, porfias, dissensões, heresias,
etc., que são as chamadas obras da carne como nos alerta o apóstolo Paulo, em
Gálatas 5. Assim, no contexto do que estou escrevendo, penso que algo que fala
muito mais alto para aqueles que ainda não conhecem a Jesus é o TESTEMUNHO
PESSOAL que o cristão deve passar em todos os lugares, e não apenas, nas quatro
paredes de sua igrejas. Infelizmente, temos visto muitos cristãos que parecem
não saberem viver fora de suas igrejas, em um mundo plural e que muitas vezes
rejeita por completo os valores cristãos. Daí, a necessidade que temos de
buscar em Deus sabedoria quando queremos trazer elementos de nossa fé para o
âmbito público. Quando falo isso, não significa que devemos nos amoldar aos
valores deste mundo caído em que vivemos, mas, sim, que devemos saber o momento
de falar, de colocar nossas ideias, até para evitar escândalos,
ridicularizações desnecessárias, etc. Concluindo, pego o exemplo da igreja
primitiva e veremos que o primeiro lugar em que os cristãos foram assim
chamados foi na Antioquia, porque suas atitudes diárias tinham plena coerência
com o amor de Deus que eles pregavam, a ponto de serem tidos como os “pequenos
cristos”. Ou seja, por aonde eles andavam, as pessoas iam se convertendo, por
ver Jesus na vida daqueles irmãos. Agindo desta forma, estaremos declarando por
onde quer que estejamos que a mensagem de Jesus está sendo trazida ao local.
Amém.
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