CONVERTIDA, SUZANE RICHTHOFEN QUER SER MISSIONÁRIA (E NÃO É BOATO) “O PERDÃO VEM DE DEUS”, AFIRMA PASTOR DA QUADRANGULAR QUE A DISCÍPULA POR JARBAS ARAGÃO
O caso de Suzane von Richthofen é um dos mais conhecidos do Brasil. Em
2002, a jovem foi parar atrás das grades por ter planejado o assassinato dos
pais e ajudado na execução. Atualmente com 33 anos, ela está no presídio
feminino de Tremembé, interior de São Paulo. Seu noivo, o empresário Rogério
Olberg, 38, e ela, pertencem à Igreja do Evangelho Quadrangular em
Itapetininga. Os dois desejam casar até o fim do ano e estão sendo discipulados pelo pastor
Euclides Vieira. Também revelarem recentemente o interesse em virarem
missionários. O projeto inclui pregar o Evangelho a pessoas como moradores de
rua e usuários de drogas. “Perguntei a
Suzane se ela está preparada para a possibilidade de as pessoas se levantarem e
irem embora da igreja, para andar na rua e ouvir xingamentos”, relatou Vieira à
reportagem de Veja São Paulo. O líder
religioso disse também: “Ela olhou firme nos meus olhos, afirmou que faria
aquilo por Deus e enfrentaria o que viesse. Senti bastante firmeza.” A primeira
pregação pública de Suzane será em agosto, quando ela terá direito a saída
provisória do Dia dos Pais. Se a Justiça lhe der o aval, ela contará seu
testemunho aos dependentes químicos na Casa de Recuperação Jeová Rafá, mantida
pelo pastor Vieira em São Miguel Arcanjo, também no interior paulista. Naquela
local Olberg fez sua primeira pregação no último dia 2. Aos usuários em
reabilitação, admitiu que sua futura esposa “é a mais odiada do Brasil”. Ele
possui uma pequena empresa de serviços de transporte, mas ficou sem trabalho
desde que o romance com Suzane foi revelado. Condenada a 39 anos de reclusão,
dos quais já cumpriu 15, ela apresenta boa conduta e trabalha, tentando
conseguir a transferência para o regime aberto até 2020, na hipótese mais
otimista. O pastor conta que ela estuda a Bíblia e frequenta os cultos
semanalmente. Para se tornar missionária, Suzane precisa fazer um curso básico
no Instituto Teológico Quadrangular, com a duração de um ano. Vieira sugeriu
que ela fizesse por correspondência. As apostilas seriam encaminhadas à
penitenciária. A aprovação dependeria de uma entrevista com uma liderança da
igreja, onde mostraria sua capacitação. “Nessa etapa, sentimos a
espiritualidade e a verdade do candidato, então nenhum ator consegue nos
enganar”, revela o pastor Davi Rodrigues, membro do Conselho Nacional de
Diretores da Quadrangular. “Toda pessoa tem direito a uma segunda chance, se
estiver mesmo arrependida”, insiste, numa referência a Suzane. O perdão vem de
Deus: O noivo dela, que frequenta a Quadrangular desde jovem, foi quem a
evangelizou. Olberg pregava o Evangelho
por meio de cartas enviadas à Suzane, que conheceu por intermédio da irmã
Luciana, também presidiária de Tremembé.
Vieira pastoreia o rapaz desde 2005. À Veja, o pastor Vieira tem uma
história pessoal de superação. Ele
venceu o vício em cocaína que durou dezesseis anos. Com a abertura da
casa de recuperação, já ajudou dezenas de famílias. No início do namoro do
casal, Vieira disse a Olberg: “Falei: ‘Se é amor verdadeiro, assuma a bronca e
bola pra frente’ ”, lembra. “Alguns conhecidos comentaram ser inadmissível eu
estar ao lado de Suzane, mas tenho exemplos de criminosos recuperados. O perdão
vem de Deus”, finaliza.