"PERDOE ATÉ MESMO SEUS PIORES INIMIGOS", DIZ IDOSA QUE SOBREVIVEU AO HOLOCAUSTO EVA MOZES FOI USADA COMO COBAIA DE EXPERIMENTOS MÉDICOS DURANTE O MASSACRE NAZISTA CONTRA JUDEUS, E MESMO ASSIM ESCOLHEU PERDOAR. FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DA CBN NEWS
Eva Mozes Kor e sua irmã gêmea, Miriam, cresceram em uma pequena aldeia
na Romênia na década de 1940. Elas faziam parte da única família judaica na
região. "Meu pai sempre dizia que deveríamos ter uma vida de oração e de
boas ações, pois era o que Deus queria. Ele também nos dizia para ficar longe
da cidade grande", disse Eva. "Mas, eu acreditava que os nazistas não
iriam para nossa região por causa de apenas seis judeus", lembrou. Mas
eles foram mesmo assim e com apenas 10 anos, Eva foi carregada em um carro
lotado de gado com sua família e se mudou para Auschwitz. "A porta do
carro de gado abriu. Ouvimos muitos alemães gritando. Minha mãe está segurando
Miriam e eu. Meu pai estava de pé junto a nós, com minhas duas irmãs mais
velhas", comentou Eva. "Nossa visão era muito hostil. Tudo parecia
cinza escuro. Víamos arame farpado e tudo aquilo era muito, ameaçador. Eu disse
a mim mesmo: ‘Se há inferno na terra, estamos vivendo isso agora’. Meu pai e
minhas duas irmãs mais velhas desapareceram na multidão. Depois de 30 minutos
de caminhada, Miriam e eu já não tínhamos uma família. Estávamos todos sozinhos
naquele lugar onde não havia onde buscar ajuda", ressaltou. A experiência
de Eva em sua primeira noite em Auschwitz a preparou para o que ela enfrentaria
ao longo de sua prisão. "Havia cadáveres e seus corpos foram encurralados.
“Foi quando eu percebi, aos dez anos, que isso poderia acontecer com Miriam e
comigo também. A menos que eu fizesse algo para evitar isso”, disse. A luta
pela sobrevivência: "Por que eles não fizeram algo para ficarem vivos? Não
vou deixar isso acontecer com Miriam e nem comigo. A única coisa que eu poderia
pensar era: ‘vou fazer uma promessa silenciosa e fazer tudo o que estiver ao
meu alcance para não acabar como eles, no chão’". A promessa de Eva seria
testada, não somente uma vez ao longo de seu cativeiro, pelo Dr. Josef Mengele,
mais conhecido como o “Anjo da Morte” de Auschwitz. "Sabíamos que ele
assassinou nossas famílias logo na primeira semana", disse Eva.
"Também sabíamos que estávamos vivos apenas porque ele nos queria
vivos". Josef Mengele realizou experimentos horríveis em suas vítimas,
estudando os efeitos de drogas e venenos em gêmeos, usando um como cobaia
humana e o outro como referência. "O médico injetava um líquido três vezes
por semana com todos os tipos de germes, drogas e produtos químicos",
disse Eva. "Depois de uma dessas injeções, fiquei muito doente. Então, na
manhã seguinte, o Dr. Mengele entrou com outros quatro médicos, e ele disse:
‘Ela só tem duas semanas para viver’. Eu me recusei a aceitar esse
veredicto", compartilhou. Durante as próximas duas semanas, Eva estava
começando a perder a consciência e muitas vezes acordava no chão, rastejando e
tentando sobreviver. "Na verdade, fiz uma promessa e me recusei a morrer,
e faria qualquer coisa em meu poder para provar ao Dr. Mengele que ele estava
errado", disse ela. "E foi isso o que aconteceu. Eu sobrevivi". Uma
nova prisão: Após nove meses de experimentos em cativeiro, Eva e sua irmã foram
libertadas dos horrores de Auschwitz pelas tropas russas. Embora livre, Eva foi
mantida em cativeiro por um tipo diferente de prisão, a de amargura e falta de
perdão. "Se alguém me pergunta se eu estava com raiva de Deus, estava com
raiva de tudo, de Deus, do mundo e de todos", disse ela. Ela permaneceu
nessa prisão emocional até o 50º aniversário da libertação de Auschwitz. Ao
visitar o acampamento onde tantos eventos horríveis moldaram sua vida, Eva fez
outro tipo de promessa. Ela perdoou. "Enquanto eu estava de pé junto às
ruínas da câmara de gás, eu estava lembrando todas as pessoas que eu estava
perdendo. Eu estava perdoando os nazistas. Eu estava perdoando o Dr. Mengele.
Eu estava perdoando as pessoas que faziam as experiências ", disse ela. "Eu
estava perdoando todos e isso me deu uma liberdade emocional tão forte, tão
benéfica para mim, que eu não precisava lidar com quem fez algo comigo.
Imediatamente, senti que todas as dores que eu levava em meus ombros foram
tiradas de mim. Que eu estava livre. Eu não era mais uma prisioneiro do meu
passado trágico". Hoje, Eva dirige seu próprio museu do Holocausto em
Indiana, na memória de sua irmã Miriam, que morreu de câncer na década de 90. Ela
também compartilha suas experiências de seu tempo em Auschwitz, e as lições que
ela aprendeu no caminho do perdão. "Deus tem o poder de perdoar, de nos
perdoar e de perdoar outras pessoas", disse Eva. “Perdoe até mesmo seus
piores inimigos”, recomendou. "Experimentei
pessoalmente o ato de perdão e isso me deu liberdade emocional. Nenhum ser
humano pode ser livre, emocionalmente e mentalmente, sem perdoar as pessoas que
os prejudicaram", concluiu Eva.
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