MARCO FELICIANO FALA SOBRE A CRISE NO ENSINO E A CULPA DOS PROFESSORES POR FORMAREM ANALFABETOS FUNCIONAIS
São chamados de analfabetos funcionais os indivíduos que, embora saibam
reconhecer letras e números, são incapazes de compreender textos simples, bem
como realizar operações matemáticas mais elaboradas. No Brasil, conforme
pesquisa feita pelo Instituto Pró-Livro, 50% dos entrevistados declararam não
ler livros por não conseguirem compreender seu conteúdo, embora sejam
tecnicamente alfabetizados. Outra pesquisa, realizada pelo Instituto Paulo
Montenegro e pela Ação Educativa, revelou dados da oitava edição do Indicador
de Analfabetismo Funcional, o Inaf, cujos resultados são alarmantes. De acordo
com o Inaf, a alfabetização pode ser classificada em quatro níveis: analfabetos,
alfabetizados em nível rudimentar (ambos considerados analfabetos funcionais),
alfabetizados em nível básico e alfabetizados em nível pleno (esses dois
últimos considerados indivíduos alfabetizados funcionalmente). Conforme a
pesquisa, que aplica um teste avaliando as habilidades de leitura, escrita e
Matemática, o domínio pleno da leitura vem sofrendo queda entre todos os
entrevistados, tendo eles concluído o Ensino Fundamental ou o Ensino Superior.
Os dados mostram que o problema do analfabetismo funcional deve ser levado a
sério, pois a dificuldade de compreensão dos gêneros textuais, mesmos os mais
simples e mais acessados no cotidiano, prejudica o desenvolvimento intelectual,
pessoal e profissional do indivíduo. Embora o número de analfabetos tenha
diminuído no Brasil nos últimos quinze anos, o analfabetismo funcional ainda é
um fantasma que atinge até mesmo estudantes que frequentam o ensino superior,
desfazendo o mito de que ele estaria intrinsecamente relacionado à baixa
escolaridade. As pesquisas desenvolvidas sobre o índice de analfabetismo
funcional no país são de extrema importância, já que promovem o debate entre
diversos grupos sociais responsáveis por desenvolver um novo parâmetro
educacional a partir da discussão das causas e efeitos do Inaf. Desenvolver
métodos que priorizem o letramento é fundamental para que o analfabetismo
funcional seja superado, e para isso é inquestionável a importância do trabalho
conjunto entre pais e professores. Engana-se quem acredita que cabe somente à
escola o papel de alfabetizar e letrar, visto que o letramento é uma prática
presente em diversas situações do cotidiano, envolvendo não apenas a leitura
tecnicista de textos, mas também o desenvolvimento da criticidade e capacidade
de elaborar opiniões próprias diante dos conteúdos acessados. A aprendizagem
deve ser universalizada, propiciando assim que todos os leitores atinjam o
nível pleno da alfabetização funcional.