A OBRA SALVÍFICA DE CRISTO SUBSÍDIO PARA A ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL DA LIÇÃO 5 DO TRIMESTRE SOBRE “A OBRA DA SALVAÇÃO” POR TIAGO ROSAS
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A Lição desta semana trabalhará alguns conceitos bíblicos e teológicos que permeiam a doutrina da salvação, conceitos que são vitais para um cristianismo ortodoxo: expiação, propiciação, reconciliação e redenção. Não poucas igrejas evangélicas dos nossos dias desconhecem estes termos ou não têm por eles nenhuma afinidade, em virtude de já terem se distanciado dos rudimentos da fé cristã e se apartado do cristianismo histórico.
A Lição de hoje é da mais elevada importância, especialmente por nos fazer refletir sobre a grandeza da obra salvífica de nosso Senhor. A mensagem que era tema central da pregação apostólica é hoje nossa matéria de estudo. Os três objetivos a serem alcançados com esta lição são estes: I. Apresentar o significado do sacrifício de Cristo; II. Explicar como se deu a nossa reconciliação com Deus e III. Discutir a respeito da redenção eterna. Bom estudo!
O sacrifício de Jesus
A prática de sacrifícios e derramamento de sangue com fins religiosos é antiga na história da humanidade. Não foi Moisés e a Lei que instituiu o sacrifício, mas apenas o regulamentou. Tal prática remonta aos primeiros habitantes do planeta. Não temos registros de Adão e Eva oferecendo sacrifícios, mas provavelmente o fizeram; todavia, em seu filho Abel já encontramos esta prática: “E Abel também trouxe [ao Senhor] dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura…” (Gn 4.4). Teria sido esta apenas uma oferta de gratidão e adoração, como muitas outras que seriam regulamentadas na Lei mosaica? Ou seria já um sacrifício de expiação de pecados e propiciação do pecador diante de Deus, constituindo-se uma prefiguração do sacrifício de nosso Senhor Jesus? Os expoentes da Bíblia sagrada estão divididos quanto a isso, mas seja como for, ali está registrado o primeiro sacrifício realizado por homens e oferecido a Deus.
Agora, antes mesmo do sacrifício animal oferecido por Abel, o próprio Deus já havia sacrificado um animal, ainda no Éden, para com a pele do animal morto vestir o casal que havia confeccionado roupas impróprias para si, com folhas de figueira. É em Gêneses 3.21 que está registrado o sacrifício de um animal inocente – claro, ali não houve uma liturgia, como no caso de Abel, até porque é o próprio Deus quem sacrifica – onde está dito que “Fez o Senhor Deus a Adão e à sua mulher túnicas de peles, e os vestiu”. Como bem interpreta William McDonald, “Esse ato representa o manto de justiça entregue aos pecadores por meio do sangue do Cordeiro, disponível ao ser humano por meio da fé” (1). Na cruz, Cristo vestiu os nossos trapos de imundícia (Is 64.6), para vestir-nos com suas vestes de justiça (Ef 6.14); vestiu a nossa ofensa (Is 53.5; 2Co 5.21), para revestir-nos de sua glória (Ap 3.21); suas vestes estão manchadas de sangue (Ap 19.13), para que nossas vestes estejam sempre brancas (Ap 3.5; 7.9).
A partir de Moisés, muitos tipos de sacrifícios, com propósitos distintos, foram estabelecidos e regulamentados pela Lei (cerimonial). Como bem pontua o comentarista da Lição, em seu livro de apoio, “Alguns sacrifícios eram oferecidos diariamente, outros aos sábados, nas luas novas, no dia da expiação e ainda nas festas judaicas das Semanas, dos Tabernáculos (ou Cabanas) e também na festa da Páscoa. O principal propósito dos sacrifícios era fazer a expiação dos pecados, mas havia os de gratidão, de ação de graças, de paz e de alguns outros rituais judaicos…” (2). Para fins didáticos resumo aqui quatro dos mais destacados sacrifícios, a fim de percebermos a evolução deles até alcançar o clímax, o sacrifício perfeito do Filho de Deus:
1 – O sacrifício por um casal – já foi dito acima que o próprio Deus realizou o primeiro sacrifício de um animal inocente, para com sua pele vestir decentemente os primeiros transgressores da terra, o casal Adão e Eva (Gn 3.21). Aquele sacrifício serviu não apenas para dar melhor proteção aos corpos do casal, que enfrentaria calor e frio constantes foram do Éden, mas para demonstrar o fracasso humano e a inutilidade de seus esforços em tentar vestir a si mesmo, bem como demonstrar que somente Deus pode vestir o homem apropriadamente. As vestes da religiosidade, da moralidade e ética circunstanciais são inúteis ao propósito de cobrir o homem pecador. Somente Deus pode, mediante um sacrifício, cobrir nosso pecado e vestir-nos com dignidade. Por isso, Jesus diz: “Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e roupas brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas” (Ap 3.18).
2 – O sacrifício por uma família – na noite que antecedeu a grande fuga do povo hebreu, depois de longos quatro séculos de escravidão no Egito, Deus ordenou o sacrifício do cordeiro para a Páscoa. Isto foi assunto de nossa Lição 2, onde vimos que o sacrifício deveria ser realizado em cada casa dos hebreus, e cujo sangue serviria para marcar os umbrais e vergas das portas, para que a morte “pulasse além” da casa dos descendentes de Jacó. Era um cordeiro para cada família, conforme Êxodo 12.4,5. Tal sacrifício, que deveria se repetir anualmente, serviria como propiciação de cada família diante de Deus, demonstrando estar ali uma família consagrada a Deus e livre da condenação de morte.
3 – O sacrifício por uma nação – conforme Êxodo 29.38-42, todo dia deveria ser oferecido pelo menos dois sacrifícios de holocausto, em favor da nação de Israel. Um cordeiro seria oferecido pela manhã, e outro no final da tarde. Quanto sangue derramado! Quanta carne queimada! Todavia, como bem ressalta o autor da Carta aos Hebreus, “E assim todo o sacerdote aparece cada dia, ministrando e oferecendo muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca podem tirar os pecados” (Hb 10.11). Todos aqueles sacrifícios seriam ineficazes se não fossem conforme o padrão de qualidade exigido por Deus, e se não fossem sombras do sacrifício perfeito que o próprio Deus tornaria a oferecer pelos transgressores.
4 – O sacrifício pelo mundo inteiro – primeiro, um sacrifício por um casal; depois um sacrifício por uma família; depois o sacrifício por uma nação. Agora, porém, chegamos ao sacrifício perfeito e pleno, e assim como no Éden, é novamente o próprio Deus quem o oferece em favor dos pecadores. Já não seria mais o cordeiro de Abel, de Arão, nem dos judeus. Nas palavras de João Batista: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29). Cristo não é um sacrifício por apenas um casal, por apenas uma família, ou por apenas uma nação, mas pelo mundo (Jo 6.51: “…e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo”). E não é por uma parte do mundo, mas de “todo o mundo” (1Jo 2.2), ou seja, o mundo inteiro, sem distinção nem exceção! Como cantava Ozeias de Paula, “Oh! Foi por mim, Cristo meu mestre, que tu quiseste ao mundo descer; Oh! Foi por mim, mestre querido, que oprimido vieste sofrer”.
Aquele que foi perfeitamente Deus e perfeitamente Homem, ofereceu a Deus um sacrifício perfeito e pleno para remissão dos pecados de todos quantos a ele vierem com fé, respondendo aos apelos da graça que são dirigidos a todos os homens. O texto de Hebreus 7.26-28 é singular ao falar daquele “sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime do que os céus; (…) [que] uma vez, oferecendo-se a si mesmo (…) constitui ao Filho, perfeito para sempre”. O momento é pertinente para remover um grande equívoco que é recorrente entre nossos pregadores: a nossa salvação não foi rifada no céu!
Já ouvi não poucas vezes pregadores montarem um diálogo entre Deus e os anjos no céu que simplesmente não está na Bíblia, nem poderia estar! Dizem eles:
– O Pai, após ver o homem caído no pecado, chegou para o anjo Gabriel e lhe perguntou se ele não poderia vir morrer em nosso lugar. Gabriel temeu, tremeu e recusou. O Pai perguntou a Miguel, o arcanjo, se ele não poderia vir morrer por nós. Miguel também se acovardou. Os demais anjos do céu também recusaram, nenhum deles quis vir morrer em nosso lugar. O Pai então gritou: “A quem enviarei? Quem há de ir por nós?” [um absurdo exegético!] Então, no meio da multidão celestial, uma mão se ergueu e uma voz bradou: eu irei, Pai, eu, teu Filho, irei para morrer em lugar do pecadores!
Historietas como essa costumam causar impacto e suspiros. Mas não naqueles que conhecem a Bíblia e já entenderam o maravilhoso plano infalível de salvação! Primeiro, Deus não tem plano B. Seu plano de salvação sempre foi um só, e é infalível! Segundo, Deus nunca rifou a cruz entre os anjos, oferecendo a um e a outro, para ver se alguém conseguia se compadecer dos pecadores. Pensar isso é um insulto à Onisciência de Deus! Terceiro, e finalmente, como dizia o contundente pregador britânico George Campbell, “O que vemos na cruz não começou na cruz material. O Cordeiro de Deus foi morto desde a fundação do mundo” (3).
De fato, conforme está escrito (Ap 13.8), mesmo antes do pecado do primeiro casal, Cristo já tinha sido colocado – nos desígnios de Deus, que todas as coisas determinou de antemão com respeito ao plano de salvação – como o Filho Eleito, nosso Mediador, nosso Salvador, nosso Senhor! O teólogo pentecostal Myer Pearlman reitera: “A expiação não foi um pensamento de última hora da parte de Deus. A queda do homem não apanhou Deus de surpresa, a ponto de necessitar tomar rápidas providências para remediá-la. Antes da criação do mundo, Deus, que conhece o fim desde o princípio, proveu um meio para a redenção do mundo” (4). Nas palavras do teólogo holandês Jacó Armínio,
“O primeiro decreto integral de Deus a respeito da salvação do homem pecador é aquele no qual Ele decreta a indicação de seu Filho, Jesus Cristo, para Mediador, Redentor, Salvador, Sacerdote e Rei que deve destruir o pecado pela sua própria morte, e que deve, pela sua obediência, obter a salvação que se perdeu, devendo comunicá-la pela sua própria virtude” (5).
Quando cada animal inocente era sacrificado desde os dias de Adão, eles não representavam uma ideia vaga de salvação, um plano em aberto de Deus, uma incógnita divina. Antes, estavam postos como figuras ou sombras imperfeitas do sacrifício perfeito do Filho eleito, de cujo bel prazer pendia a nossa salvação eterna! Dele sempre foram, e dele para sempre serão os méritos de nossa salvação! Solus Christus.
A nossa reconciliação com Deus pai
Nesta Lição, muitos termos bíblicos ligados a doutrina da salvação são utilizados apropriadamente: expiação, propiciação, reconciliação, remissão e redenção. Um conceito sucinto para cada um:
EXPIAÇÃO. Segundo Myer Pearlman, “A palavra ‘expiação’, no hebraico, significa literalmente ‘cobrir’ (…) A expiação, no original, inclui a ideia de cobrir tanto os pecados (Sl 78.38; 79.9; Lv 5.18) quanto o pecador (Lv 4.20). Expiar o pecado é ocultá-lo da vista de Deus (…) A morte de Cristo foi uma morte foi uma morte expiatória, porque seu propósito era apagar o pecado (…) Expiar o pecado significa leva-lo embora, de modo que ele é afastado do transgressor, o qual é considerado, desse modo, justificado de toda injustiça, purificado de toda contaminação e santificado para pertencer ao povo de Deus” (6). Como disse João Batista, Jesus é o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo!
PROPICIAÇÃO. Novamente nas palavras de Pearlman, “a palavra propiciação tem origem na palavra latina prope, que significa ‘perto de’. Assim, a palavra significa juntar, tornar favorável ou efetuar reconciliação. Um sacrifício de propiciação traz o homem para perto de Deus, reconcilia-o com Deus, fazendo expiação por suas transgressões, ganhando a graça e o favor divinos. (…) O pecado mantém o homem distanciado de Deus, mas Cristo lidou com o pecado, a favor do homem, de tal forma que seu poder separador foi anulado. Portanto, agora o homem pode ‘achegar-se’ a Deus ‘em seu nome’” (7). O pecador somente pode comparecer diante de Deus, mediante a oferta que Cristo oferece em seu favor (Jo 14.6: “…ninguém vem ao Pai a não ser por mim”). É o sangue de Cristo, não nossas boas obras ou boas intenções, que nos fazem propícios, favoráveis diante de Deus!
RECONCILIAÇÃO. Como bem resume o comentarista da Lição, “A expiação é a própria oferta de Cristo a Deus pelo pecado; a reconciliação é o resultado prático humano da expiação efetuada por Cristo; logo, a reconciliação é consequência da expiação” (8). O pecado interpôs um grande abismo entre Deus e o homem, separando-os. O pecado suscitou a ira de Deus, que é santíssimo. O pecado colocou o homem em posição de inimigo de Deus. Mas em Cristo Jesus, de braços abertos e ensanguentados no calvário, “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo” (2Co 5.18; Conf. Rm 5.10). Agora, pela fé, podemos ser feitos “amigos de Deus”!
Na cruz, Cristo oferece o fim da inimizade entre o homem de Deus. Por isso ele diz: “Deixo-vos a minha paz, a minha paz eu vos dou” (Jo 14.27). O sangue vertido na cruz, apaziguou a ira de Deus, e agora, como Paulo, podemos dizer: “Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5.1). Como bem cantava Álvaro Tito, num de seus jovens clássicos (uma de minhas músicas preferidas que eu convido você a ouvir):
“Ah! Esse sangue vertido
Na cruz espargido com poder sem igual
Pode te trazer a calma e paz para tua alma
Afastando as hostes do mal”
A redenção eterna
Segundo Antônio Gilberto, “Nos dias bíblicos, redenção é a libertação de um escravo, mediante um resgate – gr. lytron (este termo aparece em Mateus 20.28) –, além de retirar esse escravo do mercado de escravos, para não mais ficar exposto à venda. Redenção sempre requer o preço a ser pago para garantir a liberdade do escravo” (9). Redenção compreende o resultado final de toda obra salvífica de Cristo.
O mais vil pecador, o mais atroz inimigo de Deus dentre os homens, pode com Deus ser reconciliado mediante o sangue redentor de Cristo vertido na cruz do Calvário. Como eu digo, “Ali, ao pé da cruz de Cristo tudo se nivela. Não há predestinados, nem não predestinados; não há eleitos, nem réprobos. Todos somos pecadores e ‘destituídos da glória de Deus’ (Rm 3.23). É apenas assim que a Bíblia reconhece-nos antes de vir a Cristo. Eleição e predestinação são eventos ‘pós-Cristo’ e ‘pós-Cruz’, não ‘pré-Cristo’ e ‘pré-Cruz’” (10). Paulo disse que na cruz, “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação” (2Co 5.19). Deste modo, todo homem e em todo lugar (At 17.30), é convidado a reatar pela cruz de Cristo sua aliança com Deus, que foi quebrada no Éden. Em Cristo, temos um “novo e vivo caminho” para Deus! (Hb 10.20). Como diz com muito fervor o teólogo e também pregador congregacional Martyn Lloyd-Jones,
“eu tenho autoridade de lhe dizer o seguinte: Mesmo que você possa ser a pessoa mais perversa de todas e, embora possa ter vivido até agora nas sarjetas e bordéis do pecado, de todas as formas e tipos possíveis, digo-lhe isto: que você saiba que por meio deste homem, o Senhor Jesus Cristo, lhe é pregado o perdão do pecado” (11).
Tamanha é a dádiva da salvação que podemos sem receio dirigir-nos ao Pai como “Pai nosso…” (Mt 6.9); ou como “Aba, Pai” (Rm 8.15; Gl 4.6). Segundo Vine, “os escravos eram proibidos de se referir ao chefe da família com esse título” e ainda diz que “‘ABBA’ [termo de origem aramaica] é a palavra pronunciada pelas crianças, e denota confiança cega; ‘pai’ expressa um entendimento inteligente de relacionamento. As duas palavras juntas expressam o amor e a confiança inteligente da criança” (12). O apóstolo João, expressando a grandeza da nossa redenção, assim declara quase em êxtase: “Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai, que fôssemos chamados filhos de Deus” (1Jo 3.1). Oh, dádiva bendita! Nós que pelo pecado nos fizemos filhos da ira, pela cruz fomos feitos filhos do Deus vivo!
Concluo o estudo desta Lição, deixando aos leitores como subsídio complementar um trecho do meu livro A Mensagem da Cruz: o amor que nos redimiu da ira, onde corrijo outro equívoco muito frequente: o de pensar que o preço do nosso resgate foi pago por Cristo ao diabo (teoria que é bastante antiga, remontando a Orígenes, um dos Pais da igreja oriental no século III). Você já deve ter ouvido algum pregador dizer: “Jesus perguntou ao diabo: qual o preço que você quer pela vida deste pecador? E o diabo então respondeu: é preço de sangue! E Jesus então replicou: eu pago, satanás! Te darei meu sangue por esta vida e ela será minha”. Infelizmente, por falta de leitura e estudo da Palavra, e por desinteresse pela Escola Dominical, erros grosseiros como esse são reproduzidos com frequência pelos púlpitos do Brasil afora, especialmente naqueles onde a pregação expositiva é desprezada a troco de achismos, alegorizações e emocionalismos barato. Como reclamaria o pastor Osiel Gomes, mais palavra, menos emocionalismo!
Jesus pagou ao diabo o preço de sangue?
“A cruz não é um tratado diplomático entre Deus e o diabo, mas o anúncio da derrota do império das trevas, o julgamento do príncipe deste mundo, a sentença contra toda tirania infernal! No Calvário satanás não obteve nenhum ganho, nenhuma vantagem, nenhum benefício. O brado de Cristo ‘Está consumando’ (Jo 19.30) foi a ferida mortal aberta na cabeça da antiga serpente (Gn 3.15), que agora, já sob julgamento condenatório, apenas sacode a cauda, até que venha o glorioso dia de nosso Senhor Jesus em que cumprirá finalmente a sentença: ‘Em breve o Deus de paz esmagará Satanás debaixo dos pés de vocês’ (Rm 16.20).
Erram nossos amigos pregadores quando dizem que Jesus perguntou ao diabo qual era a nossa dívida, e que Jesus lhe pagaria com preço de sangue, como se o diabo fosse ficar com um balde debaixo da cruz coletando cada gota de sangue do Salvador para guarda-las sabe-se lá onde! Sei que esta ideia de que Jesus pagou a satanás pela nossa redenção é uma ideia antiga na Igreja, mas ela não tem qualquer respaldo nas Escrituras! Jesus nunca fez nenhum acordo com o demônio pelas nossas almas. Tal historieta poderia ficar bem para as produções cinematográficas hollywoodianas, mas não para o púlpito, não para os ministros do santo Evangelho, de quem se espera fidelidade à Palavra de Deus.
O preço da nossa redenção foi pago ao Pai não ao diabo. Foi ao Pai que Jesus disse ‘nas tuas mãos entrego o meu espírito’ (Lc 23.46). E o diabo? Jesus declarou enfaticamente: ‘Ele não tem nenhum direito sobre mim’ (Jo 14.30). Paulo já inquiria os corintos: ‘Que concórdia há entre Cristo e Belial?’ (2Co 6.15, ARC). Um acordo entre Cristo e satanás não é algo para se conjecturar!
O Cordeiro que tira o pecado do mundo foi providenciado para Deus. A obra da redenção é uma obra da Trindade, na qual o diabo não tem parte alguma a não ser a de atrevidamente privar os incrédulos de se beneficiarem dela. O diabo não tem direito de nada, sendo ele um mero e atrevido usurpador! Ele é o ‘deus deste século’ que ‘cegou o entendimento dos descrentes, para que não vejam a luz do evangelho da glória de Cristo’ (2Co 4.4). E quando Deus providencia o Cordeiro para si não o faz para se aliançar com o reino das trevas, mas para aniquilar a sua força. ‘Para isso o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do diabo’ (1Jo 3.8)” (13)
Deus te abençoe e bom estudo dominical!
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REFERÊNCIAS:
William McDonald. Comentário Bíblico Popular – Antigo Testamento, Mundo Cristão, p. 16
Claiton Pommerening. A obra da salvação: Jesus Cristo é o caminho, a verdade e a vida, CPAD, p.53
George C. Morgan. A Bíblia e a cruz, IDE, p. 43
Myer Pearlman. Conhecendo as doutrinas da Bíblia, 3 ed., Vida, p. 188
Jacó Armínio. As Obras de Armínio, vol. 1, CPAD, p. 226. Grifo meu
Myer Pearlman. Op. cit., pp. 204-6
Myer Pearlman. Op. cit.,, p. 206
Claiton Pommerening. cit., p.57
Antônio Gilberto (org.). Teologia Sistemática Pentecostal, CPAD, p. 354
Tiago Rosas. A Mensagem da Cruz: o amor que nos redimiu da ira, Leve, p. 52
Martyn Lloyd-Jones. A Mensagem da cruz: o caminho de salvação de Deus, Palavra, p. 36
Dicionário Vine, 7 ed., CPAD, p. 360
Tiago Rosas. Op. cit., p. 85
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