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MINISTÉRIO EM DEFESA DA FÉ APOSTÓLICA


PASTOR SERGIO LOURENÇO JUNIOR - REGISTRO CONSELHO DE PASTORES - CPESP - 2419

A VIDA DE BANDIDO QUE EU PODERIA TER TIDO A MELHOR HISTÓRIA DE ARREPENDIMENTO NÃO É AQUELA QUE CONTÉM UMA TRAGÉDIA, MAS SIM UMA DECISÃO INTELIGENTE POR FERNANDO PEREIRA

Sempre que é celebrado o Dia das Crianças, me lembro do dia em que meu pai tomou a decisão que mudou para sempre a minha. Se esse fato não tivesse acontecido, hoje eu seria um ladrão, ou então poderia estar morto ou preso. Meu pai, desde que me entendo por gente, sempre esteve bastante engajado na obra de Deus. Dos doze meses do ano, eu o via por nada mais que uns 15 dias, dado as suas muitas viagens, sempre acompanhado de minha mãe. Sempre que iam viajar, eles me deixavam na casa de parentes ou de amigos. Lembro-me de que nesse dia, quando eu estava com 10 anos de díade, meu pai se preparava para viajar e me mandou ir para a casa de uns amigos onde eu ficaria por cerca de dez dias até que ele voltasse. Eu, todo contente, pois me sentia livre ao saber que ele não estaria por perto, sai em desabalada carreira. Ao chegar a casa de dona Maria, onde eu passaria os dias, notei que ela estava contando o dinheiro das vendas de uns perfumes que ela havia feito nos últimos dias. Lembro-me de tê-la visto guardar a “grana” dentro do guarda-roupa. Aquela era uma sexta-feira à tarde, tipo uma 17h para 18h. Naqueles dias estava acontecendo a tradicional “Festa do Peão” de nossa cidade (Ji-Paraná, no interior de Rondônia). Eu vi que várias pessoas começavam a subir rumo ao evento. Vi alguns colegas passarem sorrindo, eles regozijavam pelo fato de que iriam se divertir (ir ao parque era uma das ações programadas de todos). Eu senti muita vontade de também ir a festa, pois a alegria que meus amigos pareciam sentir, encheu-me de boas expectativas. Não pensando duas vezes, fui ao guarda-roupa de dona Maria e peguei uma cédula de R$ 50 e, mais de que depressa, comecei a seguir a rua em direção ao local da festa. Eu estava tão animado, pois, agora, com aquela grana toda, iria me divertir a beça. Enquanto caminhava, comecei, por azar ou sorte, a brincar com a cédula expondo-a para que todos a vissem. Naquele momento, para mim, os R$ 50 não eram dinheiro, era apenas um meio pelo qual eu me daria bem. Percebei parar ao meu lado um fusca branco e notei que meu pai saiu de dentro do carro e veio ao meu encontro. Como eu nunca consegui mentir para ele, ao ser perguntado sobre o dinheiro, disse, com a voz embargada e em tom sustenido que a havia pegado no guarda-roupa de dona Maria, e que estava a caminho da “Festa de Peão”. Meu pai, como estava sem tempo para resolver a situação, tomou o dinheiro de minhas mãos e me deu a ordem de contar tudo a dona Maria e que dissesse também que ele entregaria o dinheiro quando voltasse da viagem. No momento em que meu pai entrou no carro e se foi, eu senti que “o mundo caiu sobre mim”. O arrependimento começou a perpassar minha alma. E, o pior de tudo, foi ter de encarar o fato de que o pior estava por vir, afinal, eu teria de contar para a pessoa que tão bem cuidava de mim quando meus pais viajavam que eu a havia roubado. Aquela minha caminhada de volta para a casa de dona Maria foi o meu calvário. Eu fiz, apesar de ser muito nova, a melhor reflexão da minha vida. Eu encarei os fatos. Não fui “cara de pau” – pois decidi assumir meu erro com arrependimento, e não por obrigação. Decidi encarar o fato de que eu havia errado, rompido com o vínculo de confiança que havia entre dona Maria e eu. Contei o que havia acontecido, em seguida, sai para o fundo do quintal, onde havia algumas árvores, me sentei no chão mesmo e chorei bastante. A parte de me arrepender havia passado. Eu já estava agindo de maneira submissa e humilde no afinco de recuperar a minha motivação interna e também recuperar o olhar puro que outrora eu recebia de dona Maria, pois agora, quando ela me olhava, mesmo que não tivesse a intenção, parecia sair uma imensa chama de fogo que me “queimava” por inteiro. Os dias se passaram. Cada vez que eu ia comer, seja na janta ou no almoço, ficava humilhado perante a tanta bondade desprendida a mim. Minha alma “chorava” as lagrimas do arrependimento ao ver dona Maria chegando, nos finais de tarde, toda suada e cansada, depois de ter andado bastante tentando vender os perfumes. A minha alma estava sendo tratada, ao vivenciar essa situação. Além de enfrentar tudo isso, era obrigado a encarar o fato de que a coisa não ia ficar muito boa para o meu lado quando meu pai retornasse. Olhando por esse ângulo, parece que os dias voaram. Meu pai chegou e foi direto a casa de dona Maria, desculpou-se com ela, entregou o dinheiro e me chamou para ir para casa. A caminho de casa, toda vez que eu olhava para o meu pai, sentia um misto de medo com vergonha. Pensava comigo: “vou tomar uma coça daquelas, hoje”. Mas meu pai, sabidamente, me levou dentro do quarto e se pôs a conversar comigo. Lembro-me que ele dizia, com os olhos marejados, que estava desapontado comigo, pois eu fiz algo que não foi inspirado em quem ele era. Chorei bastante, lhe pedi perdão e, desde então, nunca mais tive coragem de pegar uma agulha de ninguém. Penso que seu tivesse vivido toda a experiência que eu pretendia viver ao gastar aquela “grana” para satisfazer minha necessidade de emoção e pertencimento, eu poderia ter me tornado alguém que busca subterfúgios nefastos para poder conseguir alcançar o eu desejasse. Mas o fato de eu ter sido “obrigado” a encarar a verdade vergonha da minha ação impensada, desrespeitosa e maligna me fez enxergar que existe um mundo além de mim. Para ver isso, precisei ter a camada do meu ego perfurada pela dor do arrependimento. Como eu queria que os bandidos não tivessem uma historia de arrependimento para contar somente depois de ficarem paraliticas por ter levado um tiro na coluna enquanto realizava um assalto. A melhor historia de arrependimento não é aquela que contém uma tragédia, mas sim uma decisão inteligente.

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