BRASILEIROS RECEBEM BOLSONARO COM AURA DE 'SALVADOR DA PÁTRIA' EM BOSTON SILAS MARTÍ/FOLHAPRESS
Trump, e agora Bolsonaro, parecem ser os malvados
favoritos de Boston. Nessa cidade a meia hora de
avião de Nova York, está uma das maiores
comunidades brasileiras dos Estados Unidos. São
mais de 300 mii por aqui, e nas ruas o português é
língua franca, igual ao inglês.
Outro ponto comum é o fato de muitos deles serem
filiados a uma das mais de 400 igrejas evangélicas da
região metropolitana da cidade. Dois dias em Boston, transitando entre os bairros onde pizzarias, bares,
restaurantes, mercados e templos são negócios de brasileiros —e motoristas de
Uber serpenteando entre eles, também são paulistas, mineiros e afins— deixa
claro por que o deputado Jair Bolsonaro, pré-candidato à Presidência pelo
PSC, fez questão de vir até a cidade em sua turnê americana.
No lugar onde pastores naturalizados comandam rebanhos de ilegais, mas
nem por isso se incomodam em votar em Trump, Bolsonaro chega com uma
aura de salvador da pátria, um homem, tal qual o presidente americano, capaz
de impor respeito, ou pelo menos ordem na visão deles.
“O Trump é loucão, malucão. mas ele é temente a Deus. Ele não tern medo de
falar as coisas na cara”, diz Luiz Silva, urn motorista de Uber, paulista
naturalizado americano, eleitor do republicano e há mais de duas décadas em
Boston. “Prefiro que não me engane com palavras. O Trump tem arrogância,
agressividade. Ele parece um monstro, mas não é.”Bolsonaro, mesmo entrando em detalhes sobre suas armas preferidas,
calibres que derrubam o inimigo num único disparo e todo elogios à ditadura
militar, também poderia parecer meio ameaçador, mas foi recebido como
herói, até tietado por mulheres com “M” maiúsculo, dizia uma.
Minutos antes da chegada do deputado a um encontro com pastores
evangélicos da cidade, o assunto na sala era como o pré-candidato é “muito
militar, grosso, mas é o que o Brasil está precisando”, nas palavras de Hugo
Correia, há décadas nos EUA. Com um anel dourado escrito “Jesus” num
dedo, o pastor da igreja Manancial para as Nações, como Bolsonaro, é ex-
militar.
Seu amigo Rogério —Roger, depois da naturalização— Garcia, da Convenção
Batista do Sul, concordava, fazendo um paralelo com os EUA.
“Em quatro anos de Hilary Clinton, os gays iam dominar e os cristãos seriam
fuzilados. O Trump está moralizando tudo isso aqui”, disse Garcia, no país há
29 anos.
Compare pretos
Outro pastor, João Costa, líder da Comunidade Batista Shalom em Boston há
quase dez anos, diz apoiar Bolsonaro por ele simbolizar a “construção de um
novo país”. “Sou a favor do porte de armas, é um direito do cidadão se
defender. Dá o direito de o ladrão pensar que você está armado, mesmo que
não esteja. Vejo o Bolsonaro até com mais sensatez que o Trump.”
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