VOCÊ TEM UM ESPÍRITO DE NEEMIAS? SE IMPORTAR COM OS OUTROS E NÃO TER RESSENTIMENTOS POR LEANDRO BUENO
Este final de semana, estava lendo sobre a vida de Neemias, um dos mais importantes personagens bíblicos e figura importante na história pós-exílio dos judeus. O exílio, lembrando, foi o período de cativeiro babilônico dos judeus por obra de Nabucodonosor II. Somente com o Decreto de Ciro, os judeus exilados puderam regressar à terra de Judá, em particular a Jerusalém, para reconstruir o Templo.
E no texto aqui, gostaria de enfatizar duas características da personalidade de Neemias que me chamaram muita a atenção.
Ele se importava com a situação dos outros
Neemias viveu em uma época em que Judá era uma província do Império Aquemênida e havia sido escolhido como copeiro real no palácio de Susa (no Iraque), pelo rei Artaxerxes I. Ou seja, Neemias estava em uma situação confortável na corte do rei.
Ocorre que o capítulo 1 de Neemias nos conta que chegou seu irmão Hanani e outros de Judá e contaram que Judá estava passando um período de grande miséria e desprezo, tendo o muro de Jerusalém sido derribado e as suas portas queimadas a fogo. E aquilo encheu o coração de Neemias de tristeza.
Assim, Neemias explicou ao rei persa a situação de Judá e este lhe concedeu uma permissão para que aquele fosse a Judá, que ficava a mais de 1000 quilômetros de Susã, e ali agisse como um “tirshatha”, ou governador da Judeia. Neemias, diante disso, permaneceu ali doze anos, empreendendo uma reconstrução forte no local, além de importantes reformas.
Isso me fez, pensar o seguinte: Tenho saído da minha zona de conforto? Tenho me preocupado com mais justiça social em um país, onde cinco pessoas possuem cinquenta porcento da riqueza de todos os demais, a maioria destes em extrema miséria? Tenho sido um NEEMIAS na minha realidade buscando empreender mudanças e trazer esperanças e boas-novas às pessoas necessitadas? Ou tenho eu ficado apenas reclamando ou chorando das desgraças que vêm se avolumando todo dia sobre o nosso país e mundo?
Ele não cativou ressentimentos, apesar do desprezo
Apesar de nem todos os teólogos concordarem 100% a respeito, existem grandes evidências, inclusive textuais, de que Neemias era um eunuco, ou seja, um homem que teve removida a genitália externa masculina (emasculação). Como evidências de ter sido eunuco, temos o fato de que ele servia tanto na presença do rei persa, como da rainha, o que aumenta a possibilidade de ter sido castrado. Ademais, a Septuaginta, que é a tradução grega da Bíblia Hebraica, o descreve como um eunochos (“eunuco”) e não como um oinochoos (“copeiro”).
Ocorre que de acordo com a lei judaica, nenhum homem cujos testículos tivessem sido esmagados ou seu pênis decepado seria admitido à Assembleia do Senhor. Com efeito, Neemias não tinha autorização para entrar em certas partes do Templo. Posteriormente, tais tradições judaicas foram abrandadas.
Porém, certo é que, sob a visão judaica da época, ele era pertencente à uma classe que era objeto de preconceitos e possuía uma condição de inferioridade social e religiosa. Sucede que apesar disso, Neemias não buscou cultivar ressentimentos, mágoas. Pelo contrário, sua oração era: “Para o meu bem se lembre, ó meu Deus, de tudo o que fiz por esse povo”.
E aí, é um momento de pararmos e pensarmos: Quantas vezes pessoas já nos destrataram, agiram até com preconceitos contra nós e acabamos criando no nosso interior ervas daninhas, que tiram nossa paz? Ou cultivamos um detestável espírito parecido com o que no alemão chamamos de “schadenfreude”, uma palavra que não existe uma exatamente igual no Português, designando o sentimento de alegria ou satisfação perante o dano ou infortúnio do outro que não gostamos?
Concluo, pedindo a Deus que estas duas características de Neemias, que abordei aqui no texto, possam estar comigo e com os irmãos sempre. Amém.
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