JORNAIS EUROPEUS VEEM GOVERNO TEMER NA CORDA BAMBA COM GREVE DOS CAMINHONEIROS
A greve dos caminhoneiros entra nesta terça-feira (29) no nono dia e
continua ganhando destaque na imprensa francesa e europeia. A descrição do caos
instalado no Brasil é detalhada: bloqueios nas estradas, redução dos serviços
de transporte público nas grandes cidades, abate de 70 milhões de frangos
devido à falta de alimento no maior exportador de aves do mundo, prateleiras
ficando vazias em farmácias e supermercados. O Financial Times explica o
movimento por meio do motorista Francisco Antônio Rodrigues. Ele afirma que a
intenção dos caminhoneiros é "acabar com o Congresso Nacional” e provocar
uma intervenção militar "para eliminar o bando de ladrões que estão lá".
Para o Financial Times, a paralisação está sendo um teste para a maior economia
da América Latina, que ainda luta para sair da pior recessão de sua história. O
crescimento econômico no segundo trimestre do ano já foi comprometido, e as
eleições de outubro estão se tornando as mais imprevisíveis dos últimos anos,
conclui o diário. Ainda na Inglaterra, o The Guardian diz que os caminhoneiros
rejeitaram as concessões de Temer por estarem conscientes de que, dentro de 60
dias, quando acabar o congelamento do diesel, os preços vão aumentar ainda
mais. O Guardian minimiza o risco de retorno dos militares ao poder,
"assunto espinhoso no país que enfrentou 21 anos de ditadura de
direita", considerando que esta posição é minoritária no movimento. Em
meio às consequências políticas da greve, a popularidade de Temer despencou
ainda mais, destaca The Guardian. Cresce aposta na queda do governo: O francês
Le Monde traz depoimentos de alguns grevistas que consideram a paralisação
"não como uma guerra dos caminhoneiros, e sim de todo o povo brasileiro
contra a corrupção e por melhorias nos serviços de saúde, educação e segurança
pública". O jornal cita o apoio do vendedor de eletrodomésticos Tango
Roxa, de 45 anos, que acredita na queda do governo se houver adesão de outras
categorias. A vulnerabilidade de Temer, um presidente desgastado, hesitante e
alvo de denúncias de corrupção, reforça o discurso de uma ala de grevistas que
aposta na queda do governo, explica o jornal Le Monde. O espanhol El País
considera que Temer "bem que tentou aplacar a revolta dos caminhoneiros
com importantes concessões, mas eles dobraram a aposta, ganham adeptos e
amplificam os pedidos por intervenção militar”. "Grevistas estacionados na
rodovia Régis Bittencourt, um dos mais de 500 pontos pelo país ainda mobilizados,
não aceitaram a proposta do governo e pedem que o litro do diesel valha 2,50
reais e que esse valor fique congelado por um ano", explica El País. Na
Bélgica, o jornal Le Soir evoca as consequências da greve para as ações da
Petrobras. Os papéis da companhia perderam mais de 14% no fechamento dos
mercados na segunda-feira (28).
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