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MINISTÉRIO EM DEFESA DA FÉ APOSTÓLICA


PASTOR SERGIO LOURENÇO JUNIOR - REGISTRO CONSELHO DE PASTORES - CPESP - 2419

TEOLOGIA DA ORAÇÃO SE NÃO ORAMOS, OU ORAMOS DE FORMA ERRADA, NOSSA PERSPECTIVA SOBRE DEUS ESTÁ ERRADA. POR PAULO ULISSES

A oração é um item da prática cristã muito usado, densamente discutido, mas geralmente, pouco compreendido. Quando perguntamos às pessoas o que elas acham que significa oração ou sua aplicabilidade, escutamos as mais variadas respostas, porém, a maioria massiva aponta a oração como o ato de falar com Deus, ou uma forma de se comunicar com o Pai. É bem verdade que essa definição não está de todo errada, mas quando paramos para analisar alguns textos bíblicos, como por exemplo Tiago 4.1-3, percebemos que há um modo de “pedir” que é errado, e ao continuarmos o texto, vemos que isso acontece quando um coração se mantém recalcitrante na prática do pecado. Tiago demonstra que, tanto um desejo egoísta, quanto um coração impuro, podem tornar o ato da oração ou de petição nulo ou vazio em si. Por outro lado, observando a oração dominical (como é geralmente conhecida), podemos perceber que há pontos que direcionam a mente e o coração para um sentido mais amplo e mais profundo no contato com Deus por meio da oração. Há uma “teologia” que norteia as palavras. Em primeiro lugar, há uma distinção clara entre o modo como os discípulos deveriam orar, e o modo como os hipócritas oravam (Mateus 6.5,6) . A palavra hipócrita era usada para referir-se aos atores gregos, aqueles que encenavam um papel ou personagem. Cristo demonstra que os discípulos não devem buscar transparecer algo que não são, e um dos motivos é a vanglória. Devido ao local apontado por Jesus como sendo o ambiente em que estes hipócritas faziam suas orações (a sinagoga), é bastante possível que Cristo esteja se referindo aos fariseus ou mestres da lei, que usavam a oração apenas como um meio para demonstrar uma falsa piedade, com vistas à serem enaltecidos pelos homens. Não é necessário analisar muito profundamente o texto para extrairmos uma advertência disso: A oração não é um meio para ser visto, notado, reconhecido, aplaudido e etc. Isso é assim por uma razão: a oração não se concentra em nós, não está voltada para nós, mas para Deus. Apesar de entregarmos a Ele nossas petições, desejos, anseios, e vontades, é o Senhor que está no centro das nossas orações. Qualquer tentativa de voltar-se para si mesmo como aquele que merece estar em evidência na oração, culminará em um desprezo da parte de Deus, e isso pode ser visualizado no texto anteriormente citado de Tiago 4. O Escritor enfatiza que a causa de as orações de alguns não serem atendidas, é que essas orações estão sendo feitas com base em desejos vãos e egoístas: “Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites” (v. 3). Parece não haver nenhuma nova informação em perceber isso, e de fato não há, e isso é o mais triste. Quando paramos para observar as orações feitas em nossas igrejas, logo vemos a ausência desse princípio, quando orações eivadas de um desejo de auto realização e satisfação pessoal, governam a forma como as pessoas se dirigem a Deus por meio da oração. Embora não seja nossa intenção tratar da organização do culto, poderíamos apontar para a causa disso; a própria forma como os cultos são realizados. Tudo no momento devocional proporciona que os crentes sintam-se como sendo aqueles que devem ser servidos ao invés de servir. As orações, os cânticos e a própria pregação das Escrituras, ajudam a construir nos crentes a ideia de que Deus é um “garçom” e a igreja é um “restaurante” onde você poderá solicitar o tipo de benção que deseja e o Senhor com o um sorriso solícito em atendê-lo, o servirá. Ao contrário de tudo isso, a exortação de Cristo é que seus discípulos sejam discretos e tratem a oração como sendo um exercício que os levará à presença de alguém que além de ser íntimo e saber de nossas necessidades, está pronto a nos ouvir, caso estejamos sendo realmente guiados por um coração ansioso por servir a Deus, pois diferente do que muitos poderiam pensar, servimos ao Senhor também por meio da oração. A seguir, após terem sido feitas essas primeiras considerações, Cristo lhes entrega um modelo de oração a ser seguido. Vemos aqui Cristo em seu ofício profético, advertindo seu povo quanto ao modo como devem se portar diante do Pai. Sua vontade em mostrar aos discípulos como orar, revela o caráter didático do ministério de Jesus. Eis um outro grande problema que percebemos no evangelicalismo atual: damos pouca importância ao ato de repetir esse modelo de oração deixada para nós pelo próprio Senhor. Talvez alguns olhem para esta oração com um preconceito ao romanismo, o que exibe um grande erro, pois, se assim nos ensinou nosso Senhor, não se trata de seguir esta ou aquela tradição (romana ou cristã), mas de seguir a Cristo, e uma grande prova disso é que esta oração consta em nossas bíblias, ou seja, é palavra de Deus, e como tal, deve ser lida e observada. Mas o pior de tudo é a ideia de que muitos cristãos simplesmente desconhecem essa oração. Quando falamos em desconhecer, não estamos vendo isso da perspectiva de que jamais tenham lido ou ouvido falar, mas, trazemos à tona o fato de que não estão familiarizados com a importância dos ensinos que são expostos nessa oração, e como muitas vezes (como já exemplificado), pecamos em nossos exercícios devocionais por nos distanciarmos tão excludentemente do padrão que é o próprio Cristo. Nossa intenção não é analisar detalhe por detalhe da oração dominical, para tal, sugerimos que seja lido (a seção sobre a oração dominical) a obra do Johannes Geehard Vos – O catecismo maior comentado (Editora Os Puritanos), mas perceber (como o título do artigo enfatiza) a teologia construída por nosso Senhor Jesus Cristo em sua oração. Apesar de haver uma sequência de petições e solicitações que se seguem do versículo 9 até o 13, é notório que os pedidos são feitos com base em um coração virtuoso e piedoso, que se conforma perfeitamente à lei de Deus e ao caráter que é esperado dos filhos de Deus. Os pedidos são direcionados à Deus Pai, e não a qualquer outro deus, e como se trata de uma oração, tendo já observado que a oração também é um modo de servir ao Senhor, não se está servindo ou adorando a qualquer outro deus, nenhum ídolo é erigido, e o nome do Senhor é honrado, sendo usado numa expressão devocional. Note com isso que todos os mandamentos referentes à nossa relação para com o Criador são intimamente respeitados. Não há um pedido egoísta que cobice o que é do próximo. Não se incorre em desobediência as autoridades ou qualquer outro pecado. A oração de nosso Senhor é perfeitamente bíblica, além de ser uma oração de alguém que voluntariamente se submete ao Pai. Outro ponto que demarca a teocentricidade da oração de Cristo é o desejo por ver efetivado o reino de Deus e sua vontade. Como já abordado, o coração da oração concentra-se no Senhor e não em nós. Ademais de constatarmos isso nas palavras “venha o teu reino e seja feita tua vontade”, na petição quanto ao pão de cada dia, Cristo exibe confiança em Deus. Ele está ciente de que o Pai providenciará o necessário para nossa sobrevivência, portanto, não convém pedirmos qualquer coisa além disso, pois, não é a sobra de mantimentos em nossa dispensa que nos garantirá o amanhã, mas a boa vontade e misericórdia de nosso Deus. Apesar de muitos acharem que as palavras “E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores” referem-se ao tratamento entre irmãos, ou a uma postura de justiça onde, ao desferirmos perdão somos também perdoados, conectando esse texto (Mateus 6.12) aos versículos 14 e 15, percebemos que esse princípio está diretamente ligado a Deus. Estando contentes e alegres por ter Deus nos perdoados os pecados, não devemos nos colocar como aqueles que impedem ou restringem o alcance do perdão. O Senhor nos perdoou gratuitamente, sem que merecêssemos ou pudéssemos retribuir. Como poderíamos privar outros de receberem perdão? Uma parábola que lança luz sobre essa questão é a do servo incompassivo. Tendo sido agraciado com o perdão de um superior, o servo nega o perdão a alguém que lhe devia uma quantia irrisória diante daquela devida ao senhor, então, quando descoberto, o senhor deste o lança nas trevas. O contexto desta parábola também é sobre perdão, e a advertência de Cristo é clara no final do texto: “Assim vos fará, também, meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas”. A demonstração de misericórdia está presente na exortação de Jesus quanto à oração. Um coração misericordioso e compassivo será ouvido pelo Pai. A última frase de Cristo requer um pouco de atenção à gramática. Alguns teólogos (e nós particularmente concordamos) apontam que a melhor tradução da segunda parte desse texto seria: “livra-nos do maligno”, pois a palavra “πονηρου” (ponêrou) aponta para uma personalidade maligna, corrupta, pecadora, e isso ligado a oração anterior (não nos conduzas à tentação) sugere que a ideia é de que se peça por proteção de algum tipo de tentação ou situação calamitosa provocada pelo maligno. Dessa forma, o pensamento de que Deus nos livrará de infortúnios nessa vida é um equívoco, mas o que o texto remete é o que fala também Paulo em 1 Coríntios 10.13: “Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar”. No dia mal, da adversidade, e ainda mais, no dia em que nosso coração quiser fraquejar e cair, o nosso Senhor proverá escape para que possamos resistir ao pecado, glorificando assim o nome de Cristo. É bem verdade que tanto essa última parte da oração quanto o versículo 12, onde Cristo estaria supostamente pedindo perdão, em aplicação ao próprio Jesus, são didáticos, ele nunca pecou ou foi estimulado por uma natureza caída a pecar, como ocorre conosco. Mas Jesus está nos apontando o caminho a seguir durante nossa vida. Devemos reconhecer nossa fragilidade e dependência de Deus para resistirmos o pecado, para servi-lo, para bendizê-lo e adorá-lo. Tendo tudo isso em mente, percebemos que a oração é bem mais do que uma conversa com Deus, é um exercício espiritual, onde nos inclinamos diante do trono da graça, para clamarmos por socorro, para pedirmos sua proteção, para expormos nossas frustrações e mágoas, para receber dele o conforto ao atravessarmos situações difíceis. A oração é um veículo de comunhão nossa com nosso Deus, através de Cristo, nosso sacerdote, por meio do Espírito, nosso consolador. Quando oramos, nos humilhamos reconhecendo que todo o poder está nas mãos do Deus trino e uno, que desde os céus rege todas as coisas. Quando oramos, nos alegramos em Cristo, pois, com intrepidez podemos nos achegar a presença de Deus. A oração é uma demonstração que nos proporciona agora, o que viveremos na eternidade; um momento de íntima comunhão com nosso Deus. Quando oramos somos fortalecidos espiritualmente, para suportarmos a caminhada cristã. A oração é uma prática bíblica, onde expomos nosso pensamento a respeito de Deus. Se não oramos, ou oramos de forma errada, nossa perspectiva sobre Deus está errada. Logo, se nossa visão sobre Deus não está respaldada no que a Escritura diz, que Deus estamos servindo? A quem estamos orando? Ao Deus trino e uno, Criador dos céus e da terra, ou aos ídolos que criamos em nosso coração? Atentemos mais ao que as Escrituras falam sobre Deus, e assim, oremos mais, acheguemo-nos mais a Deus por meio da oração. Cristo triunfa!

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