DIZER QUE RELIGIÕES CAUSAM MAIORIA DAS GUERRAS É MITO ESTUDO INGLÊS MOSTRA QUE HÁ UMA PERCEPÇÃO BASTANTE DISTORCIDA SOBRE O TEMA POR JARBAS ARAGÃO
Uma pesquisa divulgada no Reino Unido esta semana indica que quase metade dos adultos britânicos (47%) concorda que “o mundo seria um lugar mais pacífico se ninguém fosse religioso”. Ao mesmo tempo, 70% dos entrevistados concorda que “a maioria das guerras na história mundial foi causada por religiões”.
Produzido pelo Instituto ComRes e pela ONG Theos, que analisa o impacto da religião na sociedade, o estudo revela alguns paradoxos, pois 61% disseram que “os ensinamentos das religiões são essencialmente pacíficos”.A Theos publicou o relatório na íntegra, com o nome de “Matando em Nome de Deus: Abordando a Violência motivada pela religião”, com análises do especialista em ética Christian Robin Gill.
Além de falar sobre o aspecto histórico, o documento explora o aparente aumento da violência religiosa na última geração, bem como a cobertura da mídia sobre a violência. Gill aponta que gerou muita confusão o modo como os pensadores do neoateísmo, como Richard Dawkins e o falecido Christopher Hitchens, tratavam a ligação de religião e violência.
Conforme a avaliação de Ian Linden, professor de Estudos da Religião do Centro de Estudos Orientais e Africanos da Universidade de Londres, embora o extremismo religioso ganhe as manchetes, a violência resultante de ideologias autoritárias, como o comunismo, é muito mais perigosa.
Refutando o mito
A “Encyclopedia of Wars” [Enciclopédia das Guerras], de Charles Phillips e Alan Axelrod avalia toda história dos conflitos armados conhecidas. Eles listam 1763 guerras, mas identificam apenas 123 por motivação religiosa, representando menos de 7% de todas as guerras e menos de 2% de todas as vítimas desse tipo de embate.
Trata-se, portanto, de um mito alegar que a religião é principal causa das guerras. Ainda segundo Phillips e Axelrod, menos de três milhões de pessoas foram mortas nas Cruzadas, cerca de 3.000 na Inquisição, enquanto quase 35 milhões de soldados e civis morreram durante a Primeira Guerra Mundial, que nada tinha de religiosa.
A verdade é que motivações não-religiosas e filosofias humanistas foram responsáveis por quase todas as guerras da humanidade.
Um detalhado estudo de R. J. Rummel em sua obra “Lethal Politics”, indica que cinco os maiores promotores de mortes defendiam sistemas ateístas:
Joseph Stalin (URSS) – 42.672.000
Mao Tsé Tung (China) – 37.828.000
Adolf Hitler (Alemanha) – 20.946.000
Chiang Kai-shek (China) – 10.214.000
Vladimir Lenin (URSS) – 4.017.000
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