PÚLPITO NÃO É LUGAR DE POLÍTICA, MAS DE PALAVRA DE DEUS, DIZEM PASTORES SOBRE CAMPANHAS ELEITORAIS TIAGO CHAGAS
A prática de ceder espaço a políticos em época de eleições e transformar o púlpito em palanque ainda é muito comum nas igrejas evangélicas, fato que não é aprovado por grande parte dos fiéis. Por outro lado, a visão crítica sobre o assunto não significa que se busque uma alienação política dos membros das diversas denominações.
Nesse contexto, os pastores Giuliano Farias e Robson Gomes criticaram a forma como muitos políticos procuram as igrejas em busca de apoio. O assunto foi tema de debate no programa Bate Papo, da Rede Super de Televisão.
“Infelizmente, alguns candidatos – nem digo que são todos – nos procuram justamente nessa época e fica até mal. Se o sujeito está lá com você durante o ano e te visita, vai ao culto e tem esse contato… Mas se ele chega lá para pedir esse tempo justamente só na hora da eleição? Aí fica ruim”, afirmou o pastor Farias.
“Esse é um aspecto. O outro é que às vezes nós conhecemos o caráter da pessoa e abrir esse espaço para que ele possa se expor e se fazer conhecido pode ser justo para que a nossa comunidade tenha condições de fazer opção de voto”, ponderou.
Para o pastor Robson Gomes é importante salientar que “a política não é pecado”, mas é preciso cuidado: “A política é uma oportunidade para que um líder cristão se posicione e lute pelas leis que proíbam coisas que vão contra a Palavra de Deus. O que é errado é, mesmo sendo pastor, ocupar o púlpito tendo falha de caráter. Então acho que o problema não é nem a pessoa ser candidata”, opinou.
Na sequência da conversa, Farias destacou a necessidade de sensatez em relação ao púlpito e ao culto, dizendo que a prioridade deve ser, sempre, o Evangelho e as coisas relacionadas a ele. O pastor Gomes, no entanto, fez uma ponderação: “Normalmente é isso que é feito. O candidato assume o púlpito e prega. Ele não vai pedir voto, mas está está nas entrelinhas, fica subentendido que ele está ali na época da eleição”.
“Todo mundo sabe que ele é candidato e vai se passar por um candidato cristão, mas só nessa data. O problema é a questão do caráter. Se é um líder cristão que a gente conhece, que está pregando, que está levando o nome do Senhor o ano inteiro, faz um evento, faz uma festa e chama e o pessoal da igreja”, sugeriu, reiterando sua postura contrária ao uso do púlpito como palanque.
“Imagina se na nossa igreja chega um visitante para ouvir a Palavra de Deus e vê um candidato que vai falar das suas propostas? O púlpito não é lugar de propostas, é um lugar de falar da Palavra de Deus”, insistiu.
Com uma postura mais flexível, Farias sugeriu que as igrejas se abram para os candidatos em reuniões fora dos cultos: “Normalmente nesses períodos mais tensos nós marcamos com as lideranças uma reunião e aqueles candidatos que me procuram eu dou a oportunidade lá. Por exemplo, nós temos duas horas com as lideranças no sábado, fora do horário de culto, e se tiver 500 candidatos eles vão dividir aquele tempo. Eu acho que isso é mais justo e fica como sugestão para as outras pessoas”.
Confira o debate:
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