RESPOSTAS DO CANDIDATO: MARINA SILVA (REDE)
Emprego - "Nosso país tem problemas muito grandes a ser enfrentados. Um deles, sem dúvida, é o problema do desemprego. Há 4 anos, estávamos aqui e foi anunciado que a questão da criminalidade estava, em mortes violentas, em torno de 59 mil pessoas por ano. E nós chegamos ao dia de hoje e temos 63 mil pessoas assassinadas por ano, com 13 milhões de desempregados. Para ter emprego é preciso ter investimentos e, para ter investimento, é preciso recuperar a credibilidade. Para ter credibilidade é preciso ter uma mudança profunda neste país porque aqueles que criaram o problema não vão resolver o problema. Eu sei o que é não ter emprego porque tive que passar pela fresta do desemprego como mulher, jovem, como alguém que viu diante de si a dificuldade para alimentar a família. Tenho o compromisso em fazer o país voltar a crescer para que possa voltar a gerar emprego, renda e vida digna."
Sistema Único de Saúde (SUS) - “Primeiro, de fato, nós temos um Sistema Único de Saúde que é muito importante, uma grande contribuição da Constituição de 88. Mas hoje ele está completamente sucateado, porque não foi adequadamente implementado. E é um preço muito alto que a população brasileira paga em função de não ter atendimento básico, de não ter funcionamento de postos de saúde, falta de remédio, e, sobretudo, em função de que a população mais pobre, sobretudo as mulheres, é as que ficam mais prejudicada pela falta do atendimento digno de saúde. O que nós vamos fazer é implementar adequadamente o SUS, fazendo com que o SUS possa fazer os atendimentos nas instâncias e nas modalidades a que ele foi concebido. O atendimento básico, com postos de saúde, os médicos da família, o atendimento de média complexidade que, infelizmente, não funciona adequadamente. E o atendimento de alta complexidade. Fazendo com que a saúde privada, que é a saúde complementar, também possa ser reestruturada, mas, sobretudo, com foco na implementação do sistema como ele deve ser com mais recursos, melhor gerenciado, e, sobretudo, valorizando a saúde da família que é onde a gente evita a maioria das doenças.”
Déficit público - “A nossa proposta é de que o país volte a crescer, que a gente enfrente situações que são estruturantes, como o problema da Previdência. [Enfrentar] não com as propostas draconianas que foram feitas em prejuízo de alguns, mas é necessário, sim, reforma da Previdência. E que a gente recupere, sobretudo, credibilidade, para o país voltar a crescer, para que a gente possa ter investimentos e com isso nós enfrentarmos, claro, o problema do déficit público, o problema do desemprego e o problema da penúria que o povo brasileiro está vivendo no atual governo.”
Educação - De fato, a educação faz a diferença na vida de uma pessoa. E eu sou um milagre da educação. Eu fui analfabeta até os 16 anos, fiz Mobral, supletivo de primeiro e segundo grau. Sou, com muito orgulho, professora de história pela Universidade Federal do Acre, eu sei o que a educação pode fazer na vida das pessoas. E é por isso que o meu compromisso com a educação é um compromisso inarredável. Educação de qualidade. É por isso que também estamos dialogando com o Todos pela Educação, que está oferecendo a todos os candidatos uma proposta que, se for implementada, nós poderemos iniciar um ciclo de prosperidade na educação. A gente já tem quantidade, mas nós vamos trabalhar a qualidade. Hoje nós ainda temos mais de 500 mil crianças que estão fora da escola, nós temos jovens que terminam o segundo grau e não sabem ler e interpretar um texto, 14% não sabem fazer uma operação simples de matemática. Nosso compromisso é que toda criança até os sete anos esteja alfabetizada, que todo jovem saia do segundo grau com o aprendizado adequado à sua escolaridade e que tenhamos recursos que sejam mais gerenciados. E que os professores sejam bem remunerados, valorizados econômica e simbolicamente. A educação às vezes vira um discurso oco, entra governo e sai governo e é prioridade. Mas nós queremos fazer da educação uma prioridade para que ninguém tenha que entrar por uma fresta como eu tive que entrar."
Competitividade do Brasil - "De fato, nós temos um grave problema na infraestrutura brasileira. E é claro que com essa dificuldade os custos acabam sendo repassados para a nossa produção e isso diminui sim a nossa competitividade. Hoje o Brasil perde em torno de 30% da sua produção agrícola por falta de armazenamento, por falta de estradas, hidrovias e ferrovias."
Produtividade - "No meu governo, nós vamos investir sim para que a gente tenha os custos de produção reduzidos. Nós vamos trabalhar para que se aumente produção por ganho de produtividade e aí é fundamental investir em ciência, tecnologia e inovação para que o Brasil se torne um país cada vez mais competitivo, um país que tenha segurança jurídica mas sem perder a qualidade do licenciamento ambiental, sem perder o cuidado com a saúde pública, agrotóxico não é remédio. E nós temos que melhorar a qualidade da nossa produção para podermos ser cada vez mais competitivos e integrados às cadeias produtivas globais, fazendo o dever de casa, criando um novo ciclo de prosperidade, sobretudo nas energias renováveis. É possível ter energia limpa, renovável e segura, com geração distribuída aproveitando o vento, sol, a biomassa, e não combustível fóssil como temos hoje."
Considerações finais - "Quero cumprimentar a Band pela iniciativa do debate, cumprimentar a você, Boechat. Para quem terá pouquíssimos segundos, foi uma oportunidade de dialogar com os brasileiros e eu não poderia deixar de dizer que eu sou candidata à Presidência da República para que este país não fique apenas admirando as exceções que tem. Nós somos um país que admira as exceções que tem. Nós admiramos uma pessoa que, embora esteja no 11º mandato, como é o caso do deputado Miro Teixeira, que está ali na plateia e que não tem está envolvido em nenhum caso de corrupção. É uma exceção que admiramos. Nós admiramos pessoas que conseguem passar num concurso público apesar do péssimo ensino que tiveram no segundo grau. Eu mesma fui uma exceção. Passei por uma pequena fresta, como muitas mulheres corajosas, trabalhadoras, que vivem cuidando das suas famílias sem apoio, sem creche, sem um transporte justo e uma moradia digna. Nós temos que ser um país que passa a admirar as suas regras. A regra onde o serviço público é de qualidade, aonde o dinheiro público não é roubado, aonde não se substitui a população pelo centrão. A regra onde a democracia é usada para mudar o Brasil e que a gente possa ter de fato uma República de verdade."
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