MOMO APARECE EM VÍDEO INFANTIL, INSTRUINDO CRIANÇAS AO SUICÍDIO O RELATO DE UM CASAL QUE VIU SUA FILHA AMEDRONTADA PELA PERSONAGEM REFORÇA O ALERTA SOBRE ESTE PERIGO VIRTUAL. FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DA REVISTA CRESCER
Quando pais de crianças acreditavam ter conseguido se prevenir contra o desafio da Momo, a personagem — no mínimo macabra, que estabelece um desafio do suicídio — reapareceu interrompendo um inocente vídeo infantil, no qual uma garotinha brincava com seu slime.
A informação foi confirmada pela mãe de uma garota, que relatou à revista Crescer, que sua filha estava assistindo ao vídeo sobre a brincadeira inocente no Youtube Kids, quando de repente, as imagens cortaram logo para a Momo, ensinando um "passo a passo" para crianças cortarem os pulsos. O vídeo, que burla até mesmo os algoritmos de segurança do próprio YouTube Kids, acabou chegando ao conhecimento da professora e produtora de conteúdo Juliana Tedeschi Hodar, 41, de Campinas (SP), por meio de um grupo de WhatsApp da família do marido, o administrador de empresas Juan Hodar, 45. Preocupado, ele propôs que ambos conversassem com sua filha, Bianca, 8, sobre o conteúdo desses vídeos.
A conversa com a filha acabou confirmando a informação assustadora. Bianca revelou que já havia assistido o vídeo cerca de três vezes e estava aterrorizada.
"Assim que começamos a conversa, ela teve uma crise de choro e não conseguia nem falar. Fomos acalmando-a e então ela contou que já tinha acontecido de ver a Momo. Disse também que estava com muito medo de dormir sozinha, de sonhar com a personagem ou de vê-la saindo de dentro do armário. Foram minutos bem complicados para nós", contou a mãe.
Logo mais à noite, vendo o medo de sua filha, Juliana explicou que a Momo nunca iria aparecer de fato na vida da garota.
“Pedimos que, se acontecesse novamente, era para ela pausar o vídeo e nos chamar. Como essas imagens aparecem de maneira aleatória, essa seria a forma de denunciarmos o vídeo”, acrescentou.
A mãe contou que Bianca sempre foi muito doce, apegada aos pais e carinhosa, por isso, o casal não notou que a partir de um momento, a criança tinha uma necessidade real de não sair de perto deles. Posterioremente, Juliana e seu marido ligaram esse fato ao medo que a garota sentia da Momo.
Seguro para crianças?
A conversa com a filha deu um "susto" no casal, também porque eles não esperavam que algo daquele tipo acontecesse, pois haviam habilitado filtros nos vídeos no aplicativo do YouTube Kids, deixando-os no modo restrito.
“Achamos que assim eles estariam mais seguros. Mas agora vamos redobrar ainda mais os cuidados e supervisionar ainda mais de perto o que assistem”, afirmou a professora.
A Momo não tem preocupado pais de crianças somente no Brasil, mas também em outros países, como os Estados Unidos. Até mesmo a socialite Kim Kardashian resolveu fazer um alerta sobre as imagens e o "desafio" que a personagem traz, instruindo ao suicídio. Kim também cobrou um posicionamento do YouTube Kids.
"Cuidado! Isso acabou de ser enviado para mim sobre o que tem sido inserido no YouTube Kids", escreveu Kim.
Segundo uma nota oficial divulgada pelo YouTube sobre o caso, a administração não recebeu links recentes com a aparição da personagem, relacionados à plataforma
"Muitos de vocês compartilharam suas preocupações conosco nos últimos dias sobre o Desafio Momo - prestamos muita atenção nisso. Depois de muita análise, não vimos nenhuma evidência recente de vídeos promovendo o Desafio Momo no YouTube. Vídeos incentivando desafios prejudiciais e perigosos são claramente contra nossas políticas, incluindo o desafio Momo. Apesar dos relatos da imprensa sobre esse desafio, não tivemos links recentes sinalizados ou compartilhados conosco do YouTube que violem nossas Diretrizes da comunidade", explicou.
"É importante notar que permitimos que os criadores discutam, denunciem ou instruam as pessoas sobre o desafio / personagem Momo no YouTube. Vimos capturas de tela de vídeos e / ou miniaturas com eles [...] Essa imagem não é permitida na aplicação YouTube Kids e disponibilizamos garantias para a excluir do conteúdo no YouTube Kids", acrescentou.
Regina Assis, que é doutora em Educação pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e membro do conselho de especialistas do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), destacou que o Youtube Kids é um caminho, mas ainda falta uma legislação específica para definir o que é ou não aceitável veicular para crianças na internet.
Enquanto a tecnologia avança com mais velocidade que as leis, é importante que pais moderem o tempo que seus filhos passam em frente às telas de computadores e outros dispositivos com acesso à internet.
“Por causa da superestimulação causada pelas telas, estamos encontrando nos consultórios e salas de aula crianças agitadas, intensas e com uma dificuldade imensa de atenção o que prejudica não só o processo de aprendizado, mas o desenvolvimento saudável de relacionamentos”, alertou.
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