A POLÍTICA NA SEMANA > CÂMARA APROVA PEC DA PREVIDÊNCIA EM PRIMEIRO TURNO SOB A BATUTA DE RODRIGO MAIA, QUE FALA EM RECUPERAR A FORÇA DO CONGRESSO NACIONAL POR XP INVESTIMENTOS
Depois de cinco meses de tramitação, a
Câmara dos Deputados encerrou nesta semana o primeiro turno da votação da reforma da Previdência com destaque para
o expressivo apoio ao texto base, aprovado
com 379 votos a favor e 131 contra. De acordo com o governo, a economia gerada em
10 anos pelas mudanças deve ficar em torno de R$ 900 bilhões, abaixo da previsão de
mais de um trilhão do ministro da Economia, Paulo Guedes, mas acima da expectativa do mercado. Para transformar a PEC em
realidade, no entanto, ainda é preciso ainda
que os deputados votem a matéria em segundo turno e que seja aprovada pelo Senado. Apesar disso, o clima no final da semana
em Brasília era de dever cumprido e as forças políticas começam a se organizam para
novos desafios, como a reforma tributária.
Antes de anunciar o resultado da votação,
o presidente da Câmara, Rodrigo Maia fez
questão de deixar a cadeira de presidente
para falar aos colegas da tribuna. Destacou
o momento histórico, reivindicou para si e
para o Centrão o protagonismo da vitória e
chorou ao ser reconhecido como maestro
da reforma da Previdência pelo partido do
presidente. “Muitas vezes os nossos Líderes
são desrespeitados, às vezes na imprensa são criticados de forma equivocada, mas
são esses Líderes que estão fazendo as mudanças do Brasil, junto com cada um dos
Deputados e cada uma das Deputadas”.
Maia não citou o ministro da Economia,
Paulo Guedes, nem Bolsonaro. Ao agradecer o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, ele afirmou que é preciso construir
com o governo uma interação em que o diálogo prevaleça sobre os ataques e deu o tom
da relação Congresso/Planalto daqui para
frente: “Sem nenhum interesse em entrar
em nenhuma prerrogativa do Presidente da
República — mas durante 30 anos tiraram
as prerrogativas desta Casa, diminuíram a
importância desta Casa. E o nosso papel é
recuperar a força da Câmara, e do Congresso Nacional, porque, recuperando a força da
Câmara, estamos fortalecendo a nossa democracia”.
Além do interesse político de Rodrigo Maia
e de lideranças parlamentares na aprovação da reforma, outro fator preponderante
para o resultado foi o gesto do governo de
tocar a liberação das emendas parlamentares já previstas no orçamento e das extraordinárias. Em cinco dias do mês de julho
foram liberados R$ 2,5 bilhões, dinheiro que
Luis Macedo/Câmara dos Deputados
A política na semana
> Câmara aprova PEC da Previdência em primeiro turno sob a batuta de Rodrigo Maia, que fala em recuperar a força do Congresso Nacional
14 de julho de 2019
XP POLÍTICA
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A política na semana
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será investido em estados e municípios indicados pelos parlamentares. Lorenzoni se
licenciou do cargo de ministro, reassumiu o
mandato na Câmara para votar a reforma e
acompanhou os trabalhos no Congresso ao
lado do General Luiz Eduardo Ramos, novo
ministro da Secretaria de Governo e que, depois da reforma da Previdência, vai assumir
a tarefa de articulação política do governo.
Nos bastidores, os relatos são positivos e
houve boa recepção ao general que recebeu
os créditos pela celeridade na liberação das
emendas fora do orçamento.
Depois de aprovado o texto base, na quarta-feira (10), o esforço de Maia foi para concluir a votação de mais de 25 destaques à
proposta vinda da Comissão Especial. Entre as principais mudanças vale destacar
as reduções no tempo de contribuição das
mulheres, no cálculo do benefício e na pensão por morte, também na idade mínima de
professores já em atividade e de policiais
federais e rodoviários federais. Este último
tema teve empenho especial do presidente Jair Bolsonaro em defesa de regras mais
brandas para as categorias da segurança
pública, que terão impacto de R$ 5 bilhões
em 10 anos. O destaque mais perigoso, no
entanto, era o do PSOL que excluía as alterações no pagamento do abono salarial,
com impacto previsto em R$ 74 bilhões em
10 anos. O texto do governo foi mantido por
326 votos a 164.
Votação de destaques concluída na sexta-
-feira (12), o substitutivo ao relatório do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) foi lido
na Comissão Especial e enviado ao plenário
para análise em segundo turno. Conforme
esperado, não se concretizou o calendário
previsto por Maia de conclusão da tramitação na Câmara antes do recesso, que começa no dia 18 de julho. Ele voltou a reclamar das dificuldades de votar um tema tão
importante sem ter uma base organizada e
atribuiu o atraso a problemas de agenda. Segundo o presidente da Câmara, se insistisse
na votação do segundo turno ainda nesta
semana haveria obstrução, o que poderia
comprometer até a conclusão da análise
dos destaques.
A votação no início da próxima semana
ficou inviabilizada também porque 25 deputados estarão fora do país para reuniões
do ParlaSul, o parlamento do Mercosul. A
previsão é que a análise da reforma seja retomada no dia 6 de agosto e o envio para o
Senado seja feito até o dia 9.
Senado
Uma vez no Senado, a PEC precisará passar
pela Comissão de Constituição e Justiça e
ser votada em plenário, também em dois
turnos. A previsão do governo é que todo
esse processo seja concluído entre os dias
9 e 15 de setembro, mesmo com a mudança
no calendário da Câmara. O presidente do
Senado, Davi Alcolumbre, prevê que toda a
tramitação na Casa se estenda por cerca de
45 dias.
Um tema que deve dominar o debate no Senado é a investida para tentar incluir servidores públicos estaduais e municipais na
reforma previdenciária. Não houve acordo
sobre na Câmara e o assunto foi retirado do
texto para evitar a perda de votos favoráveis
no plenário. A estratégia no Senado é propor uma nova PEC, paralela a que chegará
da Câmara, tratando especificamente da
situação dos estados e municípios. É preciso ainda que Davi Alcolumbre e Rodrigo
Maia costurem um acordo para que a proposta seja bem recebida pelos deputados,
de modo a viabilizar a aprovação ainda no
segundo semestre deste ano. O mais importante desse plano é que o restante da PEC da
Previdência, depois de aprovado no Senado,
poderia entrar em vigor.
“O Centrão é essa coisa que
ninguém sabe o que é, ‘mas
é do mal’ — mas é o Centrão
que está fazendo a reforma
da Previdência, esses partidos que se dizem do Centrão.
E tenho muito orgulho de
presidir a Câmara e de ter a
confiança de cada um dos
Líderes”
Rodrigo Maia, presidente da
Câmara dos Deputados
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