RECADO PRA QUEM SE ACHA JUSTO PESSOAS QUE DESCUIDAM E DEIXAM SUAS VIRTUDES BOAS SUBIREM À CABEÇA NORMALMENTE COMEÇAM A SE ACHAR MAIS SANTAS QUE AS DEMAIS. FONTE: GUIAME, EDMILSON FERREIRA MENDES
“Ser bom é fácil, o difícil é ser justo”, afirmou Vitor Hugo. Concordo. Se olharmos para as narrativas que guerreiam no Brasil, veremos que definir o que é justiça passa por um grosso caldo de complexidades. A afirmação de que “ser bom é fácil” é quase que uma ironia, uma vez que praticar e viver moldado por bondade genuína é desafio para toda uma vida. Portanto, a comparação que fez Vitor Hugo, quer apenas argumentar que trilhar o caminho de atitudes, pensamentos e atos justos é ainda mais difícil do que os desafios para se viver pautado pela bondade.
Outro exemplo clássico para se perceber e admitir rapidamente como são difíceis os caminhos da justiça, é o da empatia. Eleanor Roosevelt foi direto ao ponto quando disparou que “Não é justo pedir aos outros o que você mesmo não está disposto a fazer.”! Reflita um pouquinho, pense e lembre com honestidade, quantas vezes pedimos para os outros coisas que não temos a menor vontade de nos dispormos a fazer? E normalmente trata-se de coisas banais, coisas que simplesmente não estamos a fim de fazer.
Thomas Jefferson dizia temer pela espécie humana sempre que pensava que Deus é plenamente justo. É pra temer mesmo, pois a nossa justiça é extremamente pálida, falha e cheia de vícios, paradoxalmente, a justiça que por vezes praticamos é bem injusta. É nesse conflito de erro ou acerto, de equilíbrio ou excesso, de emoção ou razão, que vamos transitando tentando um mínimo de justiça na família, nos negócios, nos estudos, na igreja.
Assim, mesmo com as evidentes dificuldades e desafios que o tema carrega, ainda encontramos muitas pessoas justas. Conheço várias. Gente com testemunho inspirador. Vidas que valem a pena. Penso que você também conhece, afinal, pessoas justas existem em todas as famílias e grupos. Elas existem, são reais, dignas de admiração e, por que não, de imitação.
É real, no entanto, um risco, perigosíssimo. O risco de desprezar a humildade e começar a achar a própria justiça algo santíssimo, irreparável, inabalável. Pessoas que descuidam e deixam suas virtudes boas subirem à cabeça normalmente começam a se achar mais santas que as demais e, de boas pessoas justas que eram, passam a se colocar como juízas de tudo e todos. Neste momento se colocam em posição arriscadíssima.
Provérbios 24:17, na tradução da bíblia viva, deixa bem claro o alerta para tal comportamento: “Você, homem justo, não fique alegre quando o perverso for castigado por Deus. O Senhor pode castigar você por causa disso!”. Entendeu? Quem castigará com justiça o perverso? Deus. E quem castigará a zombaria dirigida ao perverso que foi merecidamente castigado? Deus.
Deus é o justo juiz? Sim. Mas não se esqueça de um de seus títulos mais profundos em nosso relacionamento com ele: Pai. Ele é o nosso Aba. Sendo assim, qual pai, quando castiga merecidamente um filho, gosta de ver os demais filhos zombando do irmão castigado? Nenhum pai terreno aprova tal comportamento, que dirá o nosso Pai celeste que é todo amor!
Fiquemos espertos! Que a gente saiba trilhar caminhos de justiça, que a gente lute diariamente para sermos justos em nossas atitudes e palavras. E só. Que a justiça em nós seja apenas fonte de bênção, jamais fonte de maldição pra quem quer que seja. Nossa gente, nosso bairro, nossa pátria estão clamando por justiça e por pessoas justas. E só. A última coisa que alguém precisa em qualquer época de sua vida é de zombadores. Sigamos e prossigamos em conhecer ao Senhor, as demais coisas, inclusive aquelas que entendemos injustas, no máximo devemos denunciar com o devido temor, o demais deixemos nas mãos dAquele que julga com perfeição, dAquele que nunca erra e sempre faz o melhor para cada um dos seus. Paz!
Edmilson Ferreira Mendes é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, autor de quatro livros: '"Adolescência Virtual", "Por que esta geração não acorda?", "Caminhos" e "Aliança".
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