NEGOCIANDO O ALUGUEL DA IGREJA EM TEMPOS DE CRISE O MOMENTO É DE NEGOCIAR OS COMPROMISSOS, INCLUSIVE O PAGAMENTO DO ALUGUEL E ENCARGOS DA LOCAÇÃO. FONTE: GUIAME, GENYS ALVES JR
Além do Coronavírus provocar a obrigatoriedade do fechamento de lojas, um distanciamento e até isolamento social das pessoas que amamos, como os pais, avós, os netos, fomos impedidos também de termos a comunhão e confraternização pessoal e física entre amigos, sendo a mais comum delas, aquela que fazemos todos os fins de semana (e alguns dias da semana também) nas nossas igrejas.
A questão é que, na maioria das igrejas, são nestas celebrações de louvor e comunhão com os irmãos da fé, que os pastores e líderes expõem à comunidade cristã local as necessidades financeiras, fazendo a coleta de doações em dinheiro, conhecidas comumente como ofertas e dízimos.
Uma das mais pesadas despesas de uma igreja é, sem dúvida, o aluguel do salão, escolas e estacionamentos para uso dos irmãos de fé. Em sua maioria, alugados com contratos escritos, por prazo determinado e com valor de vencimento de aluguel que não pega vírus e todos mês deve ser pago, sob pena de a igreja ficar inadimplente e, no pior dos casos, ser despejada.
Você que é pastor ou líder e que está lendo esse artigo, quero te dar uma palavra de conforto: Essa crise não recaiu somente sobre você! A culpa não é sua!
Por isso quero passar algumas dicas para você que está meio “perdido” buscando uma alternativa para pagar o aluguel e as demais despesas da igreja:
1. Compartilhe a realidade: É importante que os irmãos de sua comunidade cristã saibam exatamente o que está acontecendo, os compromissos que a igreja possui dentre eles o valor de aluguel e encargos da locação, o dia do vencimento, os riscos de expor algum fiador a uma execução judicial, ter o nome da igreja negativado ou, ser despejado. Não carregue sozinho esse fardo.
Importante lembrar que, quanto mais cristalina e exata forem as contas de sua comunidade religiosa, mais haverão pessoas se prontificando a doar e a colaborar para que a igreja honre os compromissos financeiros que possui, incluindo aqui o aluguel do templo.
1) Negocie: O momento é de negociar os compromissos, inclusive o pagamento do aluguel e encargos da locação, mas é importante que você vá para a negociação preparado, treinado, sabendo expor a sua situação com rosto erguido.
Jamais se subestime ou tenha um sentimento de quem está implorando algo. O negociador nunca deve ser arrogante, mas também não pode ser um pedinte.
Uma negociação de aluguel de imóvel, qualquer que seja, envolve:
a) Estudar o mercado de locações: Ter conhecimento do que precisa e comparativos para embasar o que busca. Ou seja, não adianta você sair pedindo para abaixar o valor do aluguel, provisória ou definitivamente, se você não levantou o valor dos aluguéis de imóveis próximos ao que você está ocupando e nem ligou para imobiliárias e corretores de imóveis, levantando o valor dos imóveis vazios e também ocupados por vizinhos.
Veja quem está de mudança, vizinhos que demonstram que não estão conseguindo pagar os aluguéis deles e cujo imóvel talvez seja até melhor do que você usa.
b) Estude a situação do proprietário. Ele vive e depende daquele aluguel ou tem vários outros? Geralmente aquele que tem vários imóveis está mais sintonizado com o mercado e sabe que vale a pena negociar para manter um bom inquilino, do que assumir as despesas com IPTU do imóvel vazio.
Já para aquele que tem somente um imóvel, geralmente ele não tem como abaixar o valor pois seus compromissos financeiros estão atrelados ao recebimento do aluguel.
c) Vá a negociação com um advogado: As alterações de aluguel precisam ser formalizadas para que não haja surpresas futuras. Um proprietário pode falar que está dando um desconto no aluguel, quando na verdade está aceitando diferir parte do pagamento. Além disso, a presença de um advogado mostra que você está amparado por um “jurídico” que defenderá os interesses de sua comunidade perante o locador, a administradora e mesmo perante a sua comunidade religiosa.
d) Ofereça benefícios no imóvel: Uma das alternativas da negociação é oferecer benefícios no imóvel. Não adianta falar ao proprietário que revestirá o púlpito de granito, que fará um novo forro de gesso ou um piso em porcelanato, pois isso servirá para que a igreja fique mais bonita, mas para o locador, que é dono de um salão ou galpão, não é benefício algum. O imóvel dele não será valorizado por aquilo!
Por outro lado, o conserto do telhado, o pagamento do IPTU integral no ano seguinte, o acréscimo de uma construção regularizada e pedida pelo locador, podem ser colocadas à mesa por uma carência no aluguel neste momento mais difícil.
Saiba que imóvel é dinheiro em forma de tijolo e concreto, portanto, aquele que o aluga espera valorização e remuneração com aluguéis.
2. Se preciso, mude.
Claro que cada caso é um caso e pode ser que o seu locador seja casca de ferida, ou que as negociações sejam pouco produtivas para enfrentar a queda de arrecadação de sua igreja , mesmo com a boa vontade do proprietário do imóvel.
A melhor forma de sair do buraco, as vezes, é parar de cavar. Por isso, a possibilidade de ir para um imóvel menor, com aluguéis e encargos menores deve ser considerada.
Geralmente durante a tratativa para uma nova locação, ainda que por um imóvel menor, é o momento propício para se buscar uma carência de aluguel mais prolongada ou um desconto nos primeiros meses. Se o imóvel estava para alugar, significa que o proprietário já estava amargando despesas de água, luz, IPTU e está doido para achar alguém que assuma essas despesas.
O proprietário que está com o imóvel alugado geralmente espera que seu inquilino se vire nos 30” e consiga pagar o aluguel, afinal os custos de mudança, adaptação, reforma são imensos e todo mundo foge disso, mas se preciso for, não tenha medo, deixando tudo claro com a sua comunidade, os membros entenderão e estarão com você.
Fique em paz!
Por Genys Alves Jr, empresário, advogado, pastor e corretor de imóveis há 18 anos com MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas. É membro integrante da Rede Imobiliária Secovi (Sindicato da Habitação) e um dos participantes na elaboração do Manual de Boas Práticas para o mercado de terceiros publicado pelo SECOVI/SP.
* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
Leia o artigo anterior: Por que preciso de um advogado nas compras, vendas e locações de imóveis?
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