O COMEÇO DO AVIVAMENTO - A HISTÓRIA DO AVIVAMENTO AZUSA SEGUNDO FRANK BARTLEMAN
O autor das páginas que se seguem chegou à Los Angeles, na Califórnia, com sua esposa e duas filhas, a mais velha de três anos e meio, no dia 22 de dezembro de 1904. Nossa filha mais velha, Ester, começou a ter convulsões e foi ficar com o Senhor Jesus, às 4 horas da manhã, do dia 7 de janeiro. Nossa pequena "Rainha Ester" perecia ter nascido para "tal tempo como este" (Ester 4:14). Ao lado daquele pequeno caixão, com meu coração sangrando, dediquei minha vida novamente à obra de Deus. Na presença da morte, como se tornam reais os assuntos eternos! Eu prometi que o resto da minha vida seria dedicado exclusivamente à Ele. E Ele fez uma nova aliança comigo. Supliquei-lhe, então, que logo me abrisse uma nova porta de serviço, para que eu não tivesse tempo de sofrer com o que acontecera. Apenas uma semana depois da partida de Ester, comecei a pregar duas vezes por dia na pequena Missão Peniel, em Pasadena (Califórnia). Muitas pessoas foram salvas durante o encontro que durou um mês, mas a maior vitória foi a descoberta de um grupo de jovens que assistiam ao encontro. Alguns foram chamados pelo Senhor para futuros trabalhos. No dia 8 de abril ouvi pregar F. B. Mayer, de Londres. Ele descreveu o grande avivamento que se desenrolava no País de Gales, onde acabara de estar e conhecera Evan Roberts. Minha alma se comoveu profundamente, pois pouco antes eu também havia lido a respeito desse avivamento. Prometi ali mesmo a Deus dar-lhe direito total sobre a minha vida, se fosse possível me usar. Distribuí folhetos no prédio do correio, em bancos e edifícios públicos em Los Angeles e visitei muitos bares. Depois visitei mais de trinta bares em Los Angeles. Os prostíbulos estavam abertos naquele tempo e distribuí muitos folhetos ali também. A morte da pequena Ester havia quebrado meu coração e eu sentia que só poderia viver enquanto servisse ao Senhor. Ansiava conhecê-lo de uma forma mais real e ver a obra de Deus avançar com poder. Um grande peso e desejo surgiram no meu coração para que houvesse grande avivamento. Ele estava me preparando para um novo serviço Seu. Este, porém, só poderia acontecer quando houvesse em meu coração um anseio mais profundo por Deus e uma verdadeira dor de parto na minha alma pela Sua obra. Isto Ele me deu. Muitos estavam sendo preparados de forma semelhante nesta época em diferentes lugares do mundo. Deus estava prestes a visitar e libertar seu povo mais uma vez. Eram precisos intercessores. "Maravilhou-se de que não houvesse um intercessor" (Isaías 59:16). "Busquei entre eles um homem que tapasse o muro e se colocasse na brecha perante mim a favor desta terra, para que eu não a destruísse; mas a ninguém achei." (Ezequiel 22:30) Por volta de primeiro de maio, um poderoso avivamento irrompeu no templo da igreja Metodista da Avenida Lake, em Pasadena. Quase todos os jovens que haviam sido tocados por Deus nas reuniões da Missão Peniel freqüentavam esta igreja e estavam orando por um avivamento ali. Aliás estávamos orando por um avivamento que varresse toda a cidade de Pasadena. Deus estava respondendo nossas orações. Vi maravilhas feitas pelo Espírito Santo na Avenida Lake. O altar estava repleto de pessoas buscando a Deus, apesar de não haver ali nenhum grande pregador. Em uma única noite quase todos os presentes que não estavam salvos tiveram um encontro pessoal com Jesus Cristo. Foi uma vitória total para Deus. Havia uma poderosa convicção de pecados sobre todo o povo. Em duas semanas duzentas pessoas ajoelharam-se no altar, buscando ao Senhor. Os rapazes de Peniel estavam por trás de tudo, sendo grandemente usados por Deus. Começamos então a orar por um derramamento do Espírito Santo em Los Angeles e todo o sul da Califórnia. Naquela época escrevi em meu diário: "Algumas igrejas vão se surpreender quando Deus as deixar para trás e usar outros canais que se renderam totalmente à Ele. É preciso humilhar-nos para que Ele venha. Estamos rogando 'Pasadena para Deus!' Na sua grande maioria, os cristãos estão muito satisfeitos consigo mesmos, e têm pouca fé e pouco interesse pela salvação dos outros. Deus os humilhará deixando-os de lado. O Espírito está orando através de nós por um grande derramamento do Espírito em toda parte. Grandes coisas vão acontecer. Estamos pedindo coisas tremendas para que o nosso gozo seja completo. Deus está se movendo. Estamos orando pelas igrejas e seus pastores. O Senhor visitará aqueles que quiserem se render totalmente à Ele." O mesmo é verdade ainda hoje. É preciso que sejamos humildes aos nossos próprios olhos, pois, o fracasso ou o sucesso, em última análise, dependerá disto. Caso nos consideremos importantes, já estamos derrotados. A história sempre se repete neste particular. Deus sempre procurou um povo humilde. Ele não pode usar outro tipo de pessoa. Martinho Lutero, o grande reformador, escreveu: "Quando o Senhor Jesus diz 'ARREPENDA-SE', Ele quer dizer que toda a vida do crente na terra deve ser um constante e permanente arrependimento. Arrependimento e dor, isto é, verdadeiro arrependimento, são constantes enquanto o homem não está satisfeito consigo mesmo - ou seja, até que vá para a eternidade. O desejo de se auto-justificar é a causa de todo o sofrimento do coração". Nosso coração sempre precisa de muita preparação, em humildade e separação, antes que Deus possa vir de forma persistente. "A profundidade de qualquer avivamento será determinada precisamente pela profundidade do espírito de arrependimento que o produziu." Aliás, esta é a chave de todo verdadeiro avivamento nascido de Deus. No dia 12 de maio, Deus me disse que de uma vez por todas eu deixasse meu emprego secular e me dedicasse exclusivamente à Ele. O Senhor queria que eu confiasse a mim e a minha família exclusivamente à Ele. Eu acabara de receber o pequeno livro intitulado: "O grande avivamento em Gales", escrito por S. B. Shaw e o estava lendo durante um pequeno passeio, antes do café da manhã. Há anos que o Senhor insistia comigo para tomar esta decisão. Agora fizemos um novo pacto, segundo o qual o resto de minha vida, em sua totalidade, lhe pertenceria. E, desde então, jamais ousei quebrar este pacto. Minha esposa me aguardava com meu café, mas eu perdera a vontade de alimentar-me. O Espírito Santo através daquele pequeno livro incendiara meu coração. Visitei e orei com três pregadores e outros numerosos obreiros antes de voltar para casa, ao meio-dia. Eu recebera um novo comissionamento e unção. E ansiava profundamente por um avivamento espiritual. Depois disto passei muitos dias visitando e orando com outros irmãos e distribuí o folheto da G. Campbell Morgan "O Avivamento em Gales", que tocava as pessoas profundamente. Cada vez sentia mais necessidade de orar e resolvi ser fiel à visão celestial que tivera. A "questão do pão de cada dia" há muitos anos me preocupava, mas agora orei a Deus para poder confiar nEle totalmente: "Nem só de pão viverá o homem!" (Mateus 4:4) Deus me abençoou além disso, com o poder de exortar as igrejas quanto ao avivamento e também com artigos que escrevi para a Editora Holiness sobre o mesmo tema. Uma noite acordei gritando louvores a Deus. O Senhor cada vez mais se apossava de mim. Agora de dia, e mesmo durante a noite, eu os exortava para terem fé em Deus por coisas grandiosas. O peso pelo avivamento me consumia. O dom de profecia também veio sobre mim com poder. Parecia haver recebido um especial "dom de fé" em favor do avivamento. Era óbvio que estávamos no início de dias maravilhosos e eu profetizava continuamente sobre o grande derramamento que haveria de acontecer. Eu tinha um ministério muito real junto com a imprensa religiosa e comecei a freqüentar reuniões de oração em diversas igrejas a fim de exortá-las. O pequeno folheto de G. Campbell Morgan inflamava a todas as igrejas maravilhosamente. Também visitei muitos irmãos e comecei a vender nas igrejas o livro de S. B. Shaw: "O Grande Avivamento em Gales" Deus utilizou-o grandemente para incentivar a fé pelo avivamento. Meu trabalho de distribuir folhetos continuou em bares e em casas de negócios. Em maio de 1905, escrevi num artigo: "Minha alma fica incendiada quando leio sobre o trabalho glorioso da graça do Senhor no País de Gales. Os "sete mil" que juntamente com os "que foram poupados" (Ezequiel 9), e estão "suspirando e gemendo" por causa das abominações e desolações que há na terra, e pela decadência da verdadeira piedade no corpo de Cristo, podem se regozijar numa hora como esta, em que se vê a perspectiva de Deus mais uma vez se mover na terra. O nosso lema neste momento deve ser 'Califórnia para Cristo!' Deus está buscando obreiros, canais, vermes do pó. Lembre-se, Ele precisa desses simples vermes. Havia tanto peso na vida de Jesus que FLUIA ORAÇÃO de todos Seus poros. Isto é alto demais para a maioria das pessoas. Contudo, não seria esta a 'última chamada' do Senhor?"
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