PREGAÇÃO EXPOSITIVE - MARK DEVER PASTOR DA IGREJA BATISTA EM WASHINGTON – SERIE O QUE É UMA IGREJA SAUDÁVEL
Se uma igreja saudável é uma congregação que manifesta cres- centemente o caráter de Deus, conforme ele é revelado em sua Palavra, aatitudemaisóbviaquedevemosusarparacomeçarmos a edificar uma igreja saudável é exortarmos os cristãos a atentarem à Palavra de Deus. Elaéafonte de toda a vida esaúde da igreja. APalavra de Deus alimenta, desenvolve e preserva o entendimento da igreja quanto ao próprio evangelho. Fundamentalmente, isso significa que tanto os pastores como os membros da igreja têm de se comprometer com a pregação exposi- tiva. A pregação expositiva é o tipo de pregação que, em termos bem simples, expõe a Palavra de Deus. Ela toma determinada passagem da Escritura, explica-a e, em seguida, aplica o significado da passagem à vida da congregação. É o tipo de pregação mais adequado para deter- minar o que Deus diz ao seu povo, bem como àqueles que não fazem parte de seu povo. O compromisso com a pregação expositiva é um compromisso de ouvir a Palavra de Deus. Hámuitos outros tipos de pregação. Apregação tópica, por exem- plo, considera um ou mais textos bíblicos que falam sobre um assunto específico, tais como a oração ou a contribuição. A pregação biográ- fica examina a vida de um personagem bíblico, retratando-o como uma manifestação da graça de Deus e um exemplo de esperança e fidelidade. Essesoutrostiposdepregaçãopodemserusadoscompro- veito em determinadas ocasiões. Contudo, uma dieta regular para a igreja consiste na explanação e aplicação de partes específicas da Palavra de Deus. A prática da pregação expositiva presume a crença de que o que Deus afirma é determinante para o seu povo. Presume que esse povo deve e precisa ouvir as Escrituras, para que as igrejas não fiquem destituídas daquilo que Deus usa para moldar-nos conforme a sua imagem. Pressupõe que Deus tenciona que a igreja aprenda tanto do Antigo como do Novo Testamento, bem como de todo tipo de litera- tura bíblica — lei, história, sabedoria, profecia, evangelhos e epístolas. Um pregadorque utiliza o método expositivo e ensina todos os livros da Bíblia, alternando regularmente entre ambos os Testamentos e os diferentes tipos de literatura bíblica, eu creio, é como uma mãe que serve ao seus filhos alimentos de todo os grupos de alimentos, e não somente aqueles dois ou três que eles preferem. A autoridade de pregador expositivo começa e termina nas Es- crituras. Assim como os profetas do Antigo e os profetas do Novo Testamento receberam uma comissão de ir e falar uma mensagem específica, assim também os pregadores cristãos de nossos dias têm autoridade somente quando falam a Palavra de Deus. Alguém poderia afirmar alegremente que a Palavra de Deus é a autoridade final e inerrante. Contudo, se essa pessoa não prega de modo expositivo (intencionalmente ou não), ela nega a sua própria afirmação. Às vezes, as pessoas confundem pregação expositiva com o es- tilo de um pregador expositivo especifico que elas têm observado. No entanto, a pregação expositiva não é fundamentalmente uma questão de estilo. Conforme alguém observou, a pregação exposi- tiva se refere não àmaneiracomoopregadorfazassuasafirmações, e sim à maneira como ele decide o que dizer. O que determina o nosso conteúdo: as Escriturasouqualqueroutracoisa? Apregaçãoexposi- tiva não se caracteriza por uma forma específica de estilo. Os estilos são variáveis. Em vez disso, a pregação expositiva é caracterizada por um conteúdo bíblico. Às vezes, as pessoas confundem a pregação expositiva com a lei- tura de um versículo e uma pregação sobre um assunto relacionado intimamente àquele versículo. Quando, porém, um pregador exorta a congregação sobre o assunto que ele mesmo escolheu, usando textos bíblicos somente para apoiar seu argumento, ele pregará somente o que já sabe. E a igreja aprenderá somente o que o pregador já sabe. A pregação expositiva requer mais do que isso. Ela exige atenção cuida- dosa ao contexto da passagem, porque o seu alvo é tomar o principal ensino da passagem bíblica e torná-lo o principal ensino do sermão. Se um pregador exorta a igreja pregando uma passagem bíblica em seu contexto — por meio de uma pregação cujo ensino principal da passagem é o ensino primordial do sermão —, tanto ele como a igreja acabarão ouvindo coisas de Deus que o pregador não tencio- nava dizer, quando a princípio se assentou para estudar e preparar o sermão. (“Na próxima semana, consideraremos Lucas 1 e o que Deus nos diz em Lucas 1. Na semana seguinte, examinaremos Lucas 2 e o que Deus nos diz ali. Na outra semana...”) Isso parece bastante lógico, quando pensamos a respeito de cada passo de nossa vida cristã, desde a nossa chamada inicial ao arrepen- dimento até a mais recente obra de convicção realizada pelo Espírito. Cada passo que demos em nosso crescimento espiritual não resultou de ouvirmos a Deus de um modo bem particular, diferente da forma como O ouvimos antes. O ministério de um pregador tem de ser caracterizado por esta forma prática de submissão à Palavra de Deus. Mas não se engane: a igreja tem a responsabilidade de assegurar-se de que seus pre- gadores sejam realmente assim. Em Mateus 18, assim como Paulo o fez em Gálatas 1, Jesus admitiu que as igrejas têm a responsabi- lidade final pelo que acontece nelas. Logo, uma igreja nuca deve entregar a supervisão espiritual do corpo a alguém que não de- monstre um comprometimento prático de ouvir e ensinar a Pala- vra de Deus. Quando ela faz isso, obstrui seu próprio crescimento, garantindo que não amadurecerá além do nível de seu pastor. A igreja se conformará progressivamente à imagem do pastor, e não à imagem de Deus. O povo de Deus sempre foi criado pela Palavra de Deus. Desde a Criação em Gênesis 1, à chamada de Abrão, em Gênesis 12; desde a visão do vale de ossos secos, em Ezequiel 37, à vinda da Palavra viva, Jesus Cristo — Deus sempre formou seu povo por meio de sua Palavra. Conforme Paulo disse aos crentes de Roma: “A fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo” (Rm 10.17). Ou, como ele disse aos crentes de Corinto: “Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura da pregação” (1Co 1.21). A pregação expositiva correta é sempre um manancial de verda- deiro crescimento numa igreja. Martinho Lutero descobriu que aten- tar diligentemente à Palavra de Deus começou uma reforma. Tam- bém devemos comprometer-nos em cuidar para que nossas igrejas estejam sendo reformadas pela Palavra de Deus. Em um seminário sobre puritanismo que ministrei numa igreja em Londres, ressaltei aos alunos que os sermões puritanos duravam, às vezes, duas horas. Um dos alunos, ofegando audivelmente, pergun- tou: “Que tempo eles deixavam para a adoração?” Evidentemente, esse aluno pensava que ouvir a Palavra de Deus não é adoração. Res- pondi que muitos dos protestantes ingleses dos séculos passado acre- ditavam que a parte mais importante do culto era ouvir a Palavra de Deus em sua própria língua (uma liberdade obtida pelo sangue de vários mártires) e corresponder a ela em nosso viver. Ter ou não tempo para cantar, embora não fosse totalmente insignificante, era algo de pouco interesse para eles. Nossas igrejas também precisam resgatar a centralidade da Pa- lavra de Deus na adoração. A música é uma resposta, exigida bibli- camente, à Palavra de Deus. Mas a música que Deus nos deu, Ele não a deu para que sobre ela edifiquemos nossas igrejas. Uma igreja edi- ficada sobre a música — de qualquer estilo — é uma igreja edificada sobre areia movediça. Cristão, ore por seu pastor — para que ele se comprometa em estudarrigorosa, atenta e fervorosamente as Escrituras. Ore para que Deusoguienoentendimentoda Palavra, aplique-aàsuaprópriavida e aplique-a com sabedoria à vida da igreja (ver Lc 24.27; At 6.4; Ef 6.19-20). Também proporcione ao seu pastor tempo, durante a se- mana, para preparar bonssermões. Pregar éo elemento fundamental do pastorado. Então, fale palavras de encorajamento ao seu pastor e diga-lhe como a fidelidade dele para com a Palavra tem feito você crescer na graça de Deus. Pastor, oreporessas coisas em favorde si mesmo. Também orepor outras igrejas em sua vizinhança, cidade, nação e ao redordomundo, a fim de que elas preguem e ensinem a Palavra de Deus. Finalmente, ore para que nossas igrejas se comprometam em ouvir a Palavra de Deus pregada de modo expositivo; assim, a agenda de cada igreja será moldada cada vez mais pela agenda de Deus expressa nas Escrituras. O compromisso com a pregação expositiva é uma marca essencial de uma igreja saudável.
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