GLOBO PEDE A LULA QUE SEGURE MANIFESTANTES E A AJUDE A COMBATER O GOOGLE
A pauta do recente encontro
entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente
dasOrganizações Globo João Roberto Marinho, confirmado pela assessoria do
Instituto Lula, vazou nesta sexta-feira em um blog na internet e revela o
desespero da maior organização midiática de ultradireita na América Latina com
a força das manifestações de rua, que cobram o fim do monopólio nas
comunicações e o pagamento de impostos devidos pela emissora à Receita Federal.
Pressionada por mais um protesto, convocado para esta sexta-feira, em frente às
suas instalações, na capital paulista, e pela queda no faturamento devido ao
aumento significativo da audiência na internet, a empresa visava o abrigo de um
dos maiores ícones das esquerdas no país. Segundo o titular do blog Conversa
Afiada, o jornalista Paulo Henrique Amorim (PHA), Marinho “foi ao Presidente
Lula pedir ajuda contra o Google”. Citando fonte, o também apresentador de um
jornal noturno na Rede Record, principal adversária da Rede Globo na TV aberta,
afirmou que “a publicidade está numa situação tal que pode provocar uma crise”
no setor, que reúne a mídia conservadora no país e é conhecido, por sua atuação
política, como Partido da Imprensa Golpista (PIG). Seu interlocutor não disse, mas
“imagina-se que o Lula deva ter achado ótimo”, comentou o colunista. Depois de
culpar o Google, maior mecanismo de buscas e difusor de publicidade na web, no
mundo, pela queda na arrecadação dos veículos de comunicação que controla no
país, segundo PHA, “filho do Roberto Marinho – segundo esse passarinho
inconfidente – passou a ‘espinafrar’ a Dilma. Que a Dilma isso, que a Dilma
aquilo, e, além do mais, a Dilma não o recebe – não recebe o filho do Roberto
Marinho”.“E, aí, amigo navegante, a
bomba! O filho do Roberto Marinho pediu ao Lula para voltar. ‘Volta, Lula,
volta, pelo amor de Deus! Mas, como? indagou o Lula”, segundo a fonte. – Vocês
me espinafraram todo dia e você vem aqui me pedir para voltar? – teria
questionado o ex-presidente – Mas, você é diferente, Lula, respondeu o filho do
Roberto Marinho. Você é um estadista – disse João Roberto Marinho, segundo o
jornalista. “O filho do Roberto Marinho foi embora sem uma gota de esperança”,
acrescenta PHA. Após a saída do visitante, Lula teria comentado com a fonte: –
Esses caras me esculhambam o tempo todo e agora querem que eu volte. Ora, vai …
Temor justificado: Ainda segundo PHA, Marinho tem razões de sobra para estar
assustado com o crescimento do Google no país. Recentemente, a agência
norte-americana de publicidade Omnicom, a segunda do mundo, associou-se à
francesa Publicis para se tornar a primeira do mundo, em uma tentativa de
enfrentar o Google, que se tornou, de fato, a maior agência mundial de
publicidade. “O Google é o maior destinatário de publicidade do Brasil, depois
da Globo”, constata PHA. Atualmente, segundo projeções de analistas do setor, a
internet detém 15% da verba de publicidade do Brasil mas, na próxima década,
chegará aos 50%. O Google paga em dólares aos proprietários dos sites na
internet e, na soma de publicidade no Google, no Youtube e Twitter, a conta já
se aproxima do faturamento da Globo. Sem os 75% a 80% do mercado publicitário
na tevê aberta, como ocorre hoje no Brasil, o modelo de negócios da Globo
naufraga, segundo PHA. “Não tem como pagar US$ 300 mil de capítulo de novela,
três novelas no ar, novas, por dia, 365 dias por ano. Nem R$ 15 milhões por mês
de salário a atores que não estão no ar. Um dia, o SBT e a Bandeirantes
procuraram o presidente Fernando Henrique (…) para que o capital estrangeiro
entrasse na indústria da tevê brasileira”, lembra o jornalista. FHC, diante do
pedido, teria dito a um diretor da Band que ele próprio não tinha como
enfrentar a Globo, que eles fossem ao Congresso lutar por isso. “Quando a Globo
quebrou, ela precisou de capital estrangeiro no cabo e o FHC deu. Quando o
presidente Lula assumiu, a Globo estava quebrada. O PT poderia, ali, quebrar a
espinha da Globo. O Ministro Palocci, de inúmeros serviços prestados ao
neolibelismo pátrio e à indústria de supermercados salvou a Globo. Foi ali que
a Globo começou a sonegar Imposto de Renda. E até hoje não mostrou o DARF
(recibo do pagamento dos impostos devidos em um rumoroso processo judicial que
monta cerca de R$ 1 bilhão)”, escreveu o jornalista. Concentração absurda: A
própria Secretaria da Comunicação (Secom) da presidência da República,
responsável pelo investimento publicitário das verbas do governo federal,
autarquias e empresas estatais, publicou recentemente um texto no qual
questionava as críticas realizadas por pequenas empresas de comunicação e
empreendedores individuais, entre eles blogueiros, acerca dos seus critérios na
aplicação dos recursos públicos em publicidade. Não ficou sem resposta. A
associação dessas pequenas empresas de comunicação, com representatividade em
todo o país (Altercom) tem defendido os interesses da sua base e proposto entre
outros pontos que se estabeleça como política a destinação de 30% das verbas
publicitárias às pequenas empresas de comunicação. Pratica adotada em outros
setores da economia, como na compra de alimentos para a merenda escolar. E
também em outros países onde a pluralidade informativa é obrigação do Estado,
inclusive do ponto de vista do financiamento. Leia, adiante, a nota da
Altercom: “Em nome da qualidade do debate democrático, a Altercom utilizará os
números do estudo divulgado pela Secom para defender sua tese de que a política
atual do governo federal está fortalecendo os conglomerados midiáticos, não
garante a pluralidade informativa e mais do que isso não reflete os hábitos de
consumo de comunicação e informação do brasileiro. Tem como única referência os
parâmetros das grandes agências de publicidade e seu sistema de remuneração
onde o principal elemento é a Bonificação por Volume (BV). A partir disso,
seguem algumas observações que têm por base os números do estudo publicado e
assinado pelo secretário executivo da Secom. - Em 2000, ainda no governo FHC, o
meio televisão representava 54,5% da verba total de publicidade que era de
1,239 bilhão. Em 2012, esse percentual cresceu para 62,63% de uma verba de
1,797 bilhão. Ou seja, houve concentração de verba em TV mesmo com a queda de
audiência do meio e o fortalecimento da internet. - Em 2011, os grandes portais
receberam 38,93% das verbas totais de internet. Em 2012, os grandes portais
passaram a receber 48,57% deste volume. Mesmo com a ampliação da diversidade na
rede a Secom preferiu a concentração de recursos. - Também de 2011 para 2012, a
Rede Globo aumentou sua participação no share de Tvs. Saiu de 41,91% em 2011
para 43,98% no ano passado. - Se a Secom utilizasse como base o que a TV Globo
recebeu da sua verba total ano a ano, o resultado seria desprezível do ponto de
vista da desconcentração como defendido a partir do estudo. Em 2000 a TV Globo
teve 29,8% do total da verba da Secom e em 2012 esse percentual foi de 27,5%.
Neste número não estão incluídas as verbas para TV fechada, que eram de 2,95%
em 2000 e passaram para 10,03% do total do meio TV em 2012. Nesse segmento,
provavelmente a maior parte dos recursos também vai para veículos das
Organizações Globo que ainda tem expressivos percentuais dos recursos para
jornais, rádios, revistas, portais etc. - Utilizando os dados da Secom também é
possível chegar a conclusão de que em 2000, a TV Globo ficava com
aproximadamente 370 milhões das verbas totais de publicidade do governo
federal. Em 2012, esse valor passou a ser de aproximadamente 495 milhões. - O
secretário executivo da Secom também afirma que houve ampliação do número de
veículos programados de 2000 para 2012, o que a Altercom reconhece como um
fato. Essa ampliação foi significativa, mas no texto não é informado qual a
porcentagem do valor total destinado a esses veículos que antes não eram
programados. - Por fim, no estudo o secretário parece defender apenas o
critério da audiência quantitativa como referência para programação de mídia.
Sendo que a legislação atual não restringe a distribuição das verbas de mídia
ao critério exclusivo de quantidade de pessoas atingidas. Aponta, por exemplo,
a segmentação do público receptor da informação e o objetivo do alcance da
publicidade, entre outras questões. E é notório também que a distribuição dos
recursos deve considerar a qualidade do veículo programado e a sua reputação
editorial. Considerando que a Secom está disposta ao diálogo, o que é bom para
o processo democrático, a Altercom solicita publicamente e por pedido de
informação que será protocolado com base na legislação vigente, os seguintes
dados. - A lista dos investimentos em todas as empresas da Organização Globo no
período do estudo apresentado pela Secom (2000 a 2012). - O número de veículos
programados pela Secom ano a ano no período do estudo (2000 a 2012) - Quanto
foi investido por cada órgão da administração direta e indireta no período do
estudo (2000 a 2012). - Quais foram os 10 veículos que mais receberam verbas
publicitárias em cada órgão da administração direta e indireta em cada meio
(TV, rádio, jornais, revistas, internet etc) no período do estudo (2000 a
2012). - A curva ABC dos veículos e investimentos realizados pela Secom. Ou
seja, o percentual de verbas aplicadas nos 10 maiores veículos, nos 100 maiores
e nos demais no periodo de 2000 a 2012. - O que justifica do ponto de vista dos
hábitos de consumo da comunicação a ampliação do percentual de verbas
publicitárias de 2000 para 2012 no meio TV. - O sistema e o critério de
classificação e ranqueamento que estaria sendo utilizado pela Secom para
programação de mídia. A Altercom tem outras ponderações a fazer a partir do
estudo apresentado, mas confiando na postura democrática da atual gestão avalia
que os pontos aqui levantados já são suficientes para que o debate seja feito
em outro patamar. Reafirmamos nossa posição de que a distribuição das verbas
publicitárias governamentais não pode atender apenas a lógica mercadista. Elas
precisam ser referenciadas nos artigos da Constituição Federal que apontam que
o Estado brasileiro deve promover a diversidade e a pluralidade informativa. A
Altercom também reafirma a sua sugestão de que a Secom deveria adotar o
percentual de 30% das verbas publicitárias para os pequenos veículos de
informação, o que fortaleceria toda a cadeia produtiva do setor da comunicação.
E colocaria o Brasil num outro patamar democrático, possibilitando o
fortalecimento e o surgimento de novas empresas e veículos neste segmento
fundamental numa sociedade informacional”. Fonte: Correio do Brasil
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