LEGALIDADE DE INVESTIGADAS POR PIRÂMIDE FINANCEIRA DIVIDE OPINIÕES
Após debate sobre atividades
da Telexfree e da BBom, parlamentares defenderam a elaboração de um projeto de
lei para regulamentar o marketing multinível e cogitaram CPI para certificar se
negócios estão fora da lei ou lesam investidores. Dezenas de pessoas lotaram
auditório da Câmara para acompanhar um debate em torno das atividades exercidas
pelas empresas Telexfree, de serviço de voz pela internet, e BBom, de
rastreamento veicular. Após a audiência, vários deputados manifestaram voto de
confiança nas empresas, investigadas pelo Ministério Público de vários estados
por suspeita de movimentarem um esquema de pirâmide financeira, tipificado como
crime na Lei de Economia Popular, com penas que vão de seis meses a dois anos. A
Telexfree e a BBom se apresentam como de marketing multinível, modelo comercial
de distribuição de bens ou serviços em que os ganhos podem vir da venda efetiva
dos produtos ou do recrutamento de novos vendedores. Na avaliação do deputado
Lourival Mendes (PTdoB-MA), "quem paga imposto, quem gera emprego não pode
ser tido como criminoso”. Já o deputado Renan Filho (PMDB-AL), foi mais cauteloso.
“Quero defender a legalidade, os bons negócios, defender as empresas que vêm
para o mercado prestar um bom serviço, atender os interesses dos seus clientes,
gerar empregos, distribuir renda e ajudar o seu país a avançar”, afirmou.
Segundo ele, “as empresas que tiverem com esse foco fiquem tranquilas, porque
terão estes deputados ao seu lado”. No entanto, o parlamentar destacou que não
pode permitir que o povo brasileiro seja lesado. Investigação: A pedido do
Procon do Acre, a Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da
Fazenda analisou as atividades da TelexFree e encontrou indícios de pirâmide
financeira. O resultado da investigação foi encaminhado aos órgãos competentes
para que decidissem sobre a abertura de processo judicial. A Secretaria
Nacional de Defesa do Consumidor do Ministério da Justiça instaurou processo
para investigar a TelexFree, em razão de denúncias feitas pelos ministérios
públicos do Acre e de Pernambuco. As investigações tiveram a colaboração da
Polícia Federal, da Comissão de Valores Mobiliários e do Conselho
Administrativo de Defesa Econômica. Segundo a representante da Senacon,
Alessandra Camargo, o processo já foi concluído e se encontra sob análise. Pirâmide
x Marketing: O procurador da República Carlos Bruno Ferreira defendeu uma
melhor definição legal sobre o marketing multinível e a atualização da
legislação que trata de pirâmides financeiras no Brasil. Ele esclareceu que,
apesar de tanto o marketing multinível quanto a pirâmide financeira dependerem
da captação de novas pessoas para continuar correndo, há uma diferença
importante. “Na pirâmide a remuneração vem do valor de entrada pago pelos novos
investidores. Já no marketing multinível, como o produto é bom, boa parte da
remuneração vem da venda do produto, e não da captação de novos investidores”,
disse. Como consequência, acrescentou, no marketing multinível normalmente o
valor de entrada é muito baixo, enquanto na pirâmide se exige um valor de
entrada muito alto. Legalidade: Os presidentes da TelexFree, Carlos Costa, e da
BBom, João Francisco de Paulo, garantiram que as empresas exercem atividades
legais de comercialização de produtos e serviços, são viáveis economicamente e
pagam impostos. Mas o deputado Silvio Costa (PTB-PE), saiu da audiência pública
convencido da legalidade apenas da TelexFree. “Eu senti firmeza na TelexFree.
Eu propus uma CPI e o presidente da empresa disse que aceitava, sabendo que pode
ser preso se mentir na CPI. Então, um cidadão que chega no Congresso Nacional,
diz que tem R$ 600 milhões guardados, diz que a empresa dele vale R$670 milhões
e topa uma CPI, me convenceu. Não posso dizer a mesma coisa do dono da BBom
que, nas perguntas mais complicadas, dizia que ia consultar o contador.” Deputados
defenderam a elaboração de um projeto de lei para regulamentar o marketing
multinível. Já Silvio Costa disse que vai propor oito emendas nesse sentido ao
projeto de lei do Marco Civil da Internet, pronto para votação em Plenário. Reportagem
- Marise Lugullo - Edição - Rachel Librelon - Fonte: Site da Câmara dos
Deputados.
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