BBOM: PROCURADORA DA REPÚBLICA MARIANE DE MELLO DIZ QUE IRÁ RECORRER
A BBom , negócio de rastreamento de veículos acusado de ser uma
pirâmide financeira , obteve a liberação parcial de suas atividades após quase
quatro meses de bloqueio. A decisão foi concedida na segunda-feira (4) pelo
Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), com sede em Brasília. A BBom,
porém, não poderá funcionar da mesma maneira como no passado. O desembargador Reynaldo
Fonseca, responsável pelo caso, liberou apenas duas das sete formas de
remuneração aos associados, como são chamados os revendedores da empresa: o
"bônus de vendas diretas" e o "bônus de início rápido". O
"bônus de comodato", que garante lucro ao revendedor mesmo sem a
garantia de venda do rastreador, continua bloqueado. Com isso, a BBom poderá,
unicamente, fazer venda direta ao consumidor e pagar bonificações a
revendedores pelas indicações de consumidores finais, informou o Ministério
Público Federal em Goiás (MPF-GO), responsável pelas acusações. "Portanto,
não será permitida a prática de pirâmide financeira nos moldes como a empresa
praticava anteriormente", diz o órgão, em nota. Além disso, a liberação é
temporária, e terá validade apenas até que o TRF1 decida sobre um segundo
pedido de desbloqueio feito pela BBom, que está nas mãos do desembargador
Carlos Moreira Alves. Para o desembargador federal Reynaldo Fonseca, o bloqueio
total das atividades da BBom é indevido pois "algumas das formas de comercialização
do produto utilizadas pela impetrante [ a BBom ] não apresentam, de plano,
características do denominado esquema de "pirâmide financeira'." Liberação
de verbas: A decisão ainda libera as verbas da empresa para pagamento de
fornecedores, dívidas trabalhistas e tributárias devidamente comprovadas, água,
luz e materiais "necessários para o funcionamento da empresa". O
MPF-GO havia conseguido o congelamento de R$ 300 milhões das contas do grupo
Embrasystem – dono da marca BBom – e de seus sócios. A medida, entretanto, não
derruba um segundo congelamento, determinado pela 6ª Vara Federal Criminal de
São Paulo em agosto, onde a BBom também é alvo de investigações. Marketing
multinível x pirâmide: Apresentada como braço de marketing multinível da Embrasystem,
que atua no mercado de rastreadores de veículos, a BBom foi lançada em
fevereiro de 2013 e atraiu, até o bloqueio das atividades em julho, cerca de
300 mil associados, descritos como revendedores autônomos. Para o MPF-GO, o
negócio é uma pirâmide pois se sustentaria sobretudo das taxas de adesão pagas
pelos associados – de R$ 600 a R$ 3 mil –, e não da revenda de rastreadores. De
acordo com a acusação, a Embrasystem vendeu via BBom mais equipamentos do que
teria capacidade de entregar . Em argumentação apresentada à Justiça para
conseguir o desbloqueio, a BBom disse ter 250 mil rastreadores em poder dos
consumidores, ou quase o mesmo número de revendedores. Novo modelo de negócios:
O MPF-GO também sugeriu "máxima cautela" aos consumidores em relação ao
novo modelo de negócios que seria lançado pelo grupo nesta terça-feira (5). "Não
se trata de condenar de antemão as novas atividades da BBOM, mas tendo em vista
o histórico da empresa, o consumidor deve tomar cuidado e ser parcimonioso.
Deve buscar, aliás, deve exigir da BBom informações claras a respeito do
negócio”, informou o órgão, em nota. A empresa lançou, há alguns dias, um novo
site – wwww.vamopracima.com.br – e anunciou, por meio de sua página no
Facebook, uma atualização cadastral dos associados. Em nota divulgada em sua
página numa rede social, a BBom informou que o novo modelo contribuirá para a
realização, no futuro, de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). Um acordo
como esse permitiria o MPF-GO desistir da ação em que pede a dissolução da
empresa e a devolução das verbas, caso os procuradores da República concordem. A
BBom, entretanto, não deu detalhes sobre o novo modelo de negócios. Outras
suspeitas: A BBom foi a segunda de ao menos quatro negócios a terem as contas
bloqueadas pela Justiça por suspeita de serem pirâmides financeiras disfarçadas
de marketing multinível. A primeira delas foi a Telexfree , em junho, contra
quem o bloqueio de recursos e de atividades segue em vigor. Relatórios de
Inteligência Financeira do Conselho de Controle de Atividades Financeiras
(Coaf) chegaram a encontrar um "suposto recebimento de transferências da
Telexfree" para a BBom, segundo a decisão do desembargador Reynaldo
Fonseca. As duas empresas sempre negaram ocorrência. Também estão na lista de
atingidas por bloqueios de verbas a Priples e a Blackdever . Nenhuma das
quatro, entretanto, foi até agora condenada em definitivo pela Justiça. Aguarde
mais informações. O congelamento das atividades e das contas da empresa,
determinado em julho, foi pedido pelo MPF-GO. O órgão pretende que os valores
sejam usados para ressarcir quem investiu no negócio . 'Se soubesse, tinha
usado o modelo antes', diz dono da BBom: Os representantes da Embrasystem
sempre negaram irregularidades. Procurados na tarde desta terça-feira (5), não
foram localizados. Ao iG , a procuradora da República Mariane de Mello, uma das
responsáveis pelo caso, disse já ter comunicado a Procuradoria Regional da
República da 1ª Região (PRR1), que será responsável por um eventual recurso
contra o desbloqueio. "Já mandamos a decisão para o [ procurador regional
da República ] Marcus Souza", disse Mariane. Procurada na tarde desta
terça-feira (5), a PRR1 informou que o processo ainda não havia chegado ao
órgão. Fonte: IG
Nenhum comentário
Postar um comentário