CRISE DE REFUGIADOS É A PIOR DESDE A 2ª GUERRA MUNDIAL
O mundo vive hoje a sua pior crise de
refugiados desde a Segunda Guerra Mundial. Estimativas dão conta de que, entre
2013 e 2015, ao menos 50 milhões de pessoas tiveram de abandonar os seus lares,
seja pelo medo da violência das guerras ou por conta da pobreza extrema da
região na qual viviam. As constatações foram divulgadas na manhã desta
segunda-feira (15) pela Anistia Internacional, uma ONG dedicada ao
monitoramento de violações de direitos humanos, e estão disponíveis em um
estudo chamado “The Global Refugee Crisis”. A pesquisa foi produzida pela
entidade para marcar o Dia Internacional dos Refugiados, que acontece no
próximo dia 20. O relatório traz números alarmantes sobre a situação dos
refugiados no mundo e elege a Síria, que vive uma guerra devastadora desde os
idos de 2011, como o país que oferece os piores cenários para a população. Segundo
o levantamento, pouco mais de 50% dos sírios encontram-se hoje deslocados
internamente ou estão refugiados em países vizinhos. 95% destas pessoas vivem
hoje na Turquia, na Jordânia, no Iraque, no Egito ou no Líbano, onde um em cada
cinco habitantes é um refugiado da Síria. Já no Mediterrâneo, os números
tampouco trazem alento. 33% das pessoas que atravessaram para a Europa eram
sírias. Em 2014, 166 mil pessoas foram resgatadas das águas por autoridades
italianas. Em abril, num período de dez dias, mil refugiados morreram afogados.
África subsaariana e o sudeste asiático também foram alvo de investigações por
parte da organização. Na primeira região, menos de 15 mil dos três milhões de
refugiados conseguiram ser reassentados em 2013, enquanto que, na Ásia, apenas
em maio deste ano, oito mil pessoas foram resgatadas navegando à deriva na
costa da Tailândia. O problema, crê a entidade, é agravado pela inércia de
líderes mundiais, “que estão condenando milhares de pessoas a um estado de
existência insuportável e centenas à morte por falharem em providenciar
assistência humanitária”. De fato, há meses a União Europeia enfrenta críticas
sobre a maneira como lida com o problema dos imigrantes no Mediterrâneo. E um
exemplo prático de ação polêmica foi a decisão da Itália de encerrar no ano
passado a Mare Nostrum, sua missão dedicada ao resgate de embarcações no mar,
por falta de fundos. “Essa crise é um dos maiores desafios do século”
considerou a ONG. “Mas a resposta da comunidade internacional tem sido um
fracasso vergonhoso. Precisamos de uma mudança radical nas políticas e na
prática para criar uma estratégia global coerente”, ponderou.
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