A REFORMA PROTESTANTE DE MARTINHO LUTERO E EU
No dia 31 de Outubro de 1517, no desejo de melhorias, e na atitude de expressar seus sentimentos, Martinho Lutero, mudava, sem saber, ou mesmo desejar, a história do cristianismo.
No mês de agosto deste ano, editamos uma postagem contando um pouco sobre a vida de Martinho Lutero e os motivos que o levaram a afixar as 95 teses nas portas da igreja de Wittenberg. No dia de hoje (31 de outubro) em que comemoramos o Dia da Reforma Protestante, nossa postagem falará um pouco sobre os fundamentos da Reforma e sua distinção com a igreja Romana no contexto de Lutero. Faremos também, uma breve contextualização aos nossos dias de Igreja Protestante.
Quem São os Protestantes?
Nos dias de hoje, pouco se usa este termo, na verdade, em determinado momento no contexto das igrejas protestantes, ele foi substituídos por “crente” e atualmente, o termo “evangélico”, é o mais usado.
Mas será que nós, “crentes”, “evangélicos”, podemos também ser chamados protestantes? A resposta parece ser um simples “SIM”, mas não é bem assim.
A reforma protestante, tem seus fundamentos principais expressos em 5 doutrinas, e estas, foram e ainda hoje vão em contradição aos ensinamentos da Igreja Católica.
Abaixo estaremos conhecendo, de forma resumida, cada uma delas, e poderemos avaliar nossas crenças, saber se nos desviamos dos princípios fundamentais protestantes, e até compará-las com a realidade do que a mídia tem pregado ser o “evangelho”.
As Cinco Doutrinas da Reforma
As doutrinas principais de vida e prática cristã protestante, são conhecidas também “os cinco Solas”. De origem latina, a palavra sola significa “somente”, assim temos : Sola Scriptura (somente a Escritura), Sola Gratia (somente a graça), Sola Fides (somente a fé), Solus Christus (somente Cristo) e Sole Deo Gloria (glória somente a Deus).
1. Sola Scriptura – “Somente a Escritura” – Esta doutrina conferia à Palavra de Deus, a autoridade máxima e única. E foi um contraponto à Igreja Católica, pois, criam na autoridade das Escrituras, porém, criam nas decisões tomadas pelo Papa, e em concílios, como autoridade máxima. Tinham a Tradição da Igreja, teoricamente, como a voz superior, semelhante à Bíblia, existente neste mundo. Na prática, a tinham com autoridade superior á própria Palavra.
Qual é a realidade atual das igrejas “protestantes”, o Sola Scriptura?
Hoje em dia vemos muitas igrejas que se assemelham a esta forma de governo, onde, tudo gira em torno do pastor, bispo, apóstolo e tantos outros títulos recebidos. Em muitos casos as doutrinas da igreja chegam a ser regra de salvação.
É interessante lembrar, que o mesmo poder conferido a Igreja na venda de indulgências no passado, é depositado, também humanamente, a muitos pastores que se apresentam como exclusivos abençoadores em nossos dias. Estes vendem bênçãos por valores exorbitantes, além de objetos que garantem, de diversas formas, a “felicidade” das pessoas. Ao agirem com determinada exclusividade de poder, acabam indo contra os próprios princípios da Palavra. Para fazer tais coisas, teriam estes, autoridade superior à bíblica?
2. Solus Christus – “Somente Cristo” – Nesta afirmativa, o combate era contra a crença praticada pela Igreja onde o Papa tinha o poder para perdoar os pecados do povo. A doutrina combatia também a suposta mediação de Maria, e todos os outros santos, entre Deus e o homem. Para Lutero estas atitudes (somadas a outras que não foram citadas) retiravam a exclusividade da obra de Cristo para a salvação, tornando-se inaceitáveis quando conferidas à Palavra de Deus.
Como anda a Solus Christus em nossos dias?
Provavelmente não encontramos hoje, no meio “protestante”, o perdão pelos pecados, ou a mediação entre Deus e homem, confiados à um líder da igreja. Mas muitas igrejas, de formas variadas, tem tirado Cristo de seu posto (central), ou negligenciado a exclusividade de sua obra para a salvação. É triste afirmar, mais em muitos casos a necessidade de arrependimento e salvação, nem mesmo é pregada, desta forma, como poderiam seus fiéis a valorizarem? Como poderiam entender a necessidade que têm de conhecer a Cristo, se hoje, se compra nas igrejas, todas as bênçãos que poderiam pensar em precisar receber de Cristo? Na prática, Cristo acaba sendo desnecessário.
Estas são realidades vividas por muitos “protestantes” hoje. Porém, este engano, sairá caro aos enganados, pois, podem comprar o que for, mas a salvação não é negociável, e quando tudo acabar, é por ela que irão clamar!
3. Sola Gratia – “Somente a Graça” – A intenção que originou esta doutrina, foi a de combater a ideia de que o poder de salvação estava de alguma forma nas mãos dos homens. A Igreja pregava que fora de si, não havia salvação. Porém, esta afirmativa lançava por terra os princípios pregados pelas Escrituras onde a salvação é um presente, uma graça cedida apenas por Deus, e através da morte de seu filho Jesus, e jamais por merecimento humano (Ef 2. 1, 5).
Lutero cria que fomos totalmente resgatados por Deus, já que não poderíamos de maneira alguma nos aproximar de Deus por nossa vontade. Cria que esta era prisioneira do pecado, por isso, apenas a intervenção divina poderia nos fazer tomar uma iniciativa positiva rumo a Deus, e isto, por mais que nos esforçássemos, só poderia acontecer por meio da graça de Deus!
A Sola Gratia funciona ainda hoje?
Há cerca de uns 2 anos, um pastor evangélico, muito famoso, afirmava na TV: “ Se você tiver fé, e investir o valor de 900 reais* em nosso ministério, dentro de 1 ano, os seus parentes serão salvos!” Alguns poderiam afirmar com relação a isto: “Não é venda de salvação, é incentivo a fé!” Mas será que para se adquirir este “tal incentivo”, é permitido, até mesmo, ir contra a Palavra?
Uma das situações que assustou Lutero em sua ansiada visita à Roma, foi ver a venda de indulgências. A salvação de pessoas mortas era comprada por um parente, que em troca, recebia da Igreja a certeza de que, seu pai, mãe, filho, etc., seria salvo da condenação eterna (inferno). Este fato se assemelha com o citado no parágrafo acima, com algumas diferenças apenas, uma delas, é que no anterior, a salvação é comprada para pessoas vivas. Outra diferença é a de que, certamente, o valor cobrado pela salvação dos mortos no passado, seria menor do que o que é cobrado hoje!
Outra forma de assassinato à Sola Gratia são algumas doutrinas que, mesmo consideradas como “costumes apenas”, acabam redirecionando o foco da salvação e dando ao homem, o mérito pela mesma. São limitações básicas, instituídas pela igreja como uma forma de preservar “bons costumes”, mas que acabam se tornando, na prática, métodos de se garantir a salvação. Quando o homem acredita que pode manter sua salvação seguindo regras (extra-bíblicas), o mérito é imediatamente dirigido a ele, por seus próprios esforços, e no conceito de salvação, não se pode unir o esforço humano à Graça de Deus. Eles não são aliados, quando um destes se evidencia, automaticamente, o outro desaparece!
“Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus;
não por obras, para que ninguém se glorie.”
Efésios 2:8-9
Sola Fide – “Somente a Fé” – Aqui a Fé era defendida como o único meio de se receber a salvação. A salvação era somente pela Graça, mediante a Fé, ou seja, a única coisa que se podia fazer, era crer. Sem trocas, sem vendas e sem depender da Igreja para serem salvos. Somente por meio da fé!
Mas agora se manifestou uma justiça que provém de Deus, independente da lei, da qual testemunham a Lei e os Profetas,
justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo para todos os que crêem. Não há distinção,
pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus,
sendo justificados gratuitamente por sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus.
Romanos 3:21-24
O Sola Fide no contexto atual.
Como já foi citado no Sola Gratia, ainda nos dias de hoje podemos encontrar negociadores da salvação. Porém, outro fator que pode ser observado é no que o conceito de fé se tornou. No contexto desta doutrina, a fé é exclusivamente ligada à obra expiatória de Cristo. No contexto bíblico, ela é mais abrangente, pois, além de ser referente à Obra de Cristo, diz respeito também a confiança no suprimento de Deus em toda e qualquer situação. Já no contexto atual, a importância principal da fé – a nossa redenção – tem sido camuflada por uma espécie de fé mutante, a “Super Fé”. A fé mais desejada hoje é aquela que te dá o poder de receber as coisas, o poder de receber tudo o quanto for pedido. Não estamos falando de dependência em Deus, pois no caso da “Super Fé”, esquece-se a vontade de Deus, ignora-se o próprio Deus. Esta fé, se alimenta de si mesma, da própria fé, é a bem conhecida “fé na fé”.
Tido como objeto de barganha por muitos, o termo “Fé” perdeu seu valor espiritual, perdeu o seu foco em Cristo, e o que se vê, são pessoas se tornando gananciosas e baseando sua busca espiritual em suas “determinações à Deus”. A fé se tornou a forma ideal de se conseguir uma vida digna neste mundo, sufocando a importância dá fé que prepara o homem para o mundo vindouro!
A “Super Fé” tem também seu lado religioso, já que relaciona as derrotas (não conseguir o que pediu) ao pecado, ou…à falta de fé! Outra forma religiosa de sua manifestação, é ignorar totalmente o tempo e a vontade de Deus na vida do crente, afirmando que determinada tribulação, ou enfermidade, é por simples falta de fé! Que tipo de fé é esta que dá ao homem o poder de agir acima da vontade de Deus? Misericórdia!
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