COMO DEUS TRATAVA COM INTERFERÊNCIAS - A HISTÓRIA DO AVIVAMENTO AZUZA - FRANK BARTLEMAN
Continuávamos a ter reuniões maravilhas na Rua Eighth com a Maple. Deus me mostrou que queria uma obra mais profunda ainda do que havíamos alcançado até então. Ele não estava satisfeito com o trabalho da Rua Azusa, apesar de ser uma obra bem profunda. Ainda havia muita
religiosidade e manifestações do nosso "eu" entre nós. isto
implicava, naturalmente, em guerra aberta e implacável da
parte do inimigo. Esta obra teria a função de um hospital
militar improvisado onde se trataria com os problemas de
ações carnais, manifestações falsas e o ego religioso em
geral. Estávamos buscando uma experiência que fosse
real, permanente e bem fundamentada, que produzisse o
caráter de Deus, e que não sofresse contínuas recaídas.
Eu estava sendo provado financeiramente, de novo. Um
dia tive de andar vinte e cinco quarteirões até o centro, pois
não tinha dinheiro para a passagem. Um irmão quase tão
pobre quanto eu me deu a passagem de volta. Ao mesmo
tempo tínhamos reuniões maravilhosas. Muitos ficavam
prostrados sob o poder. Um dia o diabo enviou dois
indivíduos muito fortes para desviar a obra. Uma mulher
espírita colocou-se diante da congregação, como se fosse
tambor-mor, para liderar os cânticos. Orei até que saiu da
igreja. O outro, um pregador fanático com uma voz que
quase sacudia as janelas, tive de rebatê-lo abertamente, pois
se apropriara de toda a reunião. A presunção estava
estampada nele. O Espírito ficou terrivelmente triste. Deus
não podia trabalhar. Eu havia sofrido demais pela obra
para entregá-la com tanta facilidade ao diabo. Além do mais
eu era responsável pelas almas e pelo aluguel. Tive de
mandá-lo sair.
Tivemos lutas ferozes com esses espíritos. Teriam
estragado tudo. O diabo não tem consciência e a "carne" não
tem juízo. Logo no primeiro dia quando abri a igreja para as
reuniões, achei nos degraus sentado, me esperando, um dos
piores e mais fanáticos crápulas religiosos. Era um pregador
que queria mandar em tudo.
Expulsei-o dali, como Neemias fizera com o filho de
Joiada (Neemias 13:28); nunca imaginei que houvesse tanto do diabo em tanta gente. A cidade parecia cheia deles. Isso
tentava os santos a brigar e impediu a ação do Espírito. Esses
charlatães e trapaceiros eram os primeiros a chegar nas
reuniões. Tivemos de fazer muita limpeza, principalmente no
caso dos velhos crentes. Havia muito charlatanismo
profissional e religioso, e o juízo deveria começar pela casa
do Senhor. Lutero no seu tempo sofreu muito com os
teimosos fanáticos religiosos. De Wartburg, onde estava se
escondendo naquele tempo, ele enviou a Melancthon em
Wittenberg, um teste para estes fanáticos: "Pergunta a
esses profetas se já sentiram as tormentas espirituais que
vêm de Deus; se conhecem o inferno e a morte que
acompanham a verdadeira santificação". Quando Lutero
voltou a Wittenberg, tentaram usar suas magias contra ele,
mas ele respondeu com essas palavras rudes: "Eu esmurro o
seu espírito no focinho!" Pareciam demônios quando
desafiados dessa maneira, mas foi quebrado o poder
maligno que os dominava.
Tivemos de ser firmes com os casos extremos, mas na
maioria dos casos o Espírito passava por cima e retirava o
que havia de irregular sem fazer mais propagandas deles.
Muitos dizem que hoje não se pode deixar as reuniões
abertas a todos. Então não podemos deixar Deus entrar
também. Ele não pode ser privado; custe o que custar,
precisamos sobretudo da presença de Deus numa dimensão
maior para dirigir as reuniões. Os irmãos em geral estão
contaminados por revolta ou confusão. Mas através de
oração e humilhação de si mesmo, Deus intervirá no
controle da reunião. Nosso segredo no princípio era união
através da oração e amor; nenhum poder podia quebrar
isto. O "eu" tinha de ser queimado, e uma atmosfera
espiritual tinha de ser criada através da humildade e da
oração aonde Satanás não pudesse habitar. O controle das
reuniões tinha de vir do trono da graça. Isto vimos desde o
princípio. Era o oposto do zelo carnal, e da ambição
religiosa. Não sabíamos nada dos métodos animadores e
apressados de hoje. Todo este sistema é um produto
bastardo no que se refere ao Pentecostes. Leva tempo para
sermos santos. O mundo está com pressa, mas isto não nos
leva a Deus. Uma das razões da obra em Azusa ter sido
tão profunda é que os obreiros não eram iniciantes.
Foram chamados e preparados durante anos nas
organizações "Holiness", e na obra missionária, etc. Suas
vidas tinha sido queimadas, provadas, e preparadas. Eram
na maior parte veteranos experimentados.
Andavam com Deus e aprenderam profundas verdades
sobre Seu Espírito. Eram pioneiros, "tropas de choque",
como os trezentos de Gideão, para espalhar a chama pelo
mundo, assim como os discípulos foram preparados por
Cristo. Agora temos uma multidão mista. As sementes da
apostasia já tiveram tempo de trabalhar. "O primeiro amor"
já se perdeu, o cão "já voltou ao seu vômito" em muitos
casos, à doutrina e à prática babilônicas. Uma mãe
enfraquecida não pode dar à luz filhos fortes.
povo No princípio, o Espírito operava tão profundamente e o
era tão faminto, que o espírito humano e carnal que
tentasse se levantar nas reuniões raramente conseguia
atrapalhar a operação do Espírito Santo. Era como se um
estranho entrasse num grupo muito fechado e selecionado;
sua presença se tornava e fora do contexto. Os homens
buscavam a Deus. Ele estava no Seu santo templo, e o
mundo (a humanidade) tinha que ficar em silêncio diante
dEle. Nossas reuniões para buscar a Deus em oração hoje
são simples imitações do que havia no passado; muitas vezes
servem apenas para dar vazão aos excessos de entusiasmo ou
para se ficar intoxicado mentalmente; supostamente tudo
isso tendo como origem o Espírito de Deus. Não devia ser
assim. Havia também muito fanatismo no movimento
"Holiness". Nos primeiros tempos uma sala separada
para oração mais intensa era a primeira preocupação de
uma Missão Pentecostal. Era considerada sagrada, "terra
santa". Havia também consideração mútua. As pessoas
tentavam ficar quietas, deixando em paz suas mentes e
espíritos excessivamente ativos, escapando do mundo
por algum tempo e ficando a sós com Deus. Não havia
manifestações barulhentas emotivas ou incontroláveis ali,
isto podia ser feito em noutros lugares. As reclamações e a
confusão de um mundo exigente ali não entravam. Era
uma espécie de refúgio, um lugar de descanso onde se podia
ouvir a voz de Deus a falar dentro da alma. As pessoas
passavam oras em silêncio, sondando seus corações e
querendo saber qual era a mente do Senhor com relação às
ações futuras. Esta espécie de atitude parece praticamente
impossível hoje em dia devido a falta de ambiente. O nosso
"eu" morre através de entrar na Sua presença. Para isso
é preciso muita quietude de espírito. Precisamos do
santíssimo lugar. Os judeus de antigamente ousariam agir
como agimos hoje em nosso templos? Não, porque tal coisa
significaria a morte para eles. Mas agora todos estão cheios
de tolices e de uma auto-afirmação fanática. Os católicos,
embora formais, são muito mais reverentes do que nós.
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