O AVIVAMENTO DA RUA AZUSA
Em 1905, Charles Parham mudou-se para o Texas e iniciou uma escola
bíblica em Houston. Um dos estudantes atraídos por essa escola foi um ex-garçom
negro e pregador holiness, William Joseph Seymour (1870-1922). Era o
período da discriminação racial no sul dos Estados Unidos e Parham era
simpatizante desse sistema. Seymour assistia às aulas sentado em uma cadeira no
corredor ao lado da sala. Algumas semanas mais tarde, ele recebeu o convite
para visitar um pequeno grupo batista em Los Angeles. Esse grupo de
afro-americanos, pastoreado por uma mulher, Julia Hutchins, havia sido expulso
de sua igreja por esposar doutrinas holiness. Seymour, então com trinta e cinco
anos, era filho de escravos, tinha pouca cultura, limitados dotes de oratória e
era cego de um olho. Escolheu o texto de Atos 2.4 para o seu primeiro sermão em
Los Angeles, embora ele mesmo nunca tivesse falado em línguas. A pastora não
gostou do seu ensino, mas ele, acompanhado por boa parte do grupo, passou a
fazer as reuniões na casa onde estava hospedado. Quando esta se tornou pequena,
foram para outra um pouco maior, na Rua Bonnie Brae, onde o avivamento começou
no dia 9 de abril de 1906. Com o passar dos dias, várias pessoas começaram a falar
em línguas, primeiro negros, depois brancos, e finalmente o próprio Seymour
teve essa tão-sonhada experiência (12 de abril). Nesse mesmo dia, a varanda da
frente dessa residência desabou devido ao peso da multidão. Com isso, os
líderes alugaram um rústico edifício de madeira na Rua Azusa, perto do centro
de Los Angeles. Esse prédio havia abrigado uma igreja metodista negra e
posteriormente tinha sido usado como cortiço e estábulo. Imediatamente as
reuniões atraíram a atenção da imprensa. O principal jornal da cidade mandou um
repórter ao local e este escreveu ridicularizando os fenômenos presenciados.
Esse artigo, intitulado “Estranha babel de línguas”, foi publicado no mesmo dia
em que um terremoto seguido de um incêndio destruiu a cidade de San Francisco
(18 de abril de 1906), no norte na Califórnia. O artigo funcionou como
propaganda gratuita e logo em seguida ocorreu o Avivamento da Rua Azusa. As
reuniões eram eletrizantes e barulhentas. Começavam às 10 horas da manhã e
prosseguiam por pelo menos doze horas, muitas vezes terminando às 2 ou 3 da
madrugada seguinte. Não havia hinários, liturgia ou ordem de culto. Os homens
gritavam e saltavam através do salão; as mulheres dançavam e cantavam. Algumas
pessoas entravam em transe e caiam prostradas. Até setembro, 13.000 pessoas
passaram pelo local e ouviram a nova mensagem pentecostal. Um bom número de
pastores respeitáveis foi investigar o que estava ocorrendo e muitos deles
acabaram se rendendo ao que presenciaram. Uma característica marcante dessas primeiras
reuniões foi o seu caráter multi-racial, com a participação de negros, brancos,
hispanos, asiáticos e imigrantes europeus. A liderança era dividida entre
negros e brancos, homens e mulheres. Um artigo do jornal A Fé Apostólica,
fundado por Seymour, dizia no número de novembro de 1906: “Nenhum instrumento
que Deus possa usar é rejeitado por motivo de cor, vestuário ou falta de
cultura”. Outro artigo informava que em um culto de comunhão que durou toda a
noite havia pessoas de mais de vinte nacionalidades. Uma frase comum na época
dizia que “a linha divisória da cor havia sido lavada pelo sangue”. Diante da
longa e terrível história de racismo e segregação nos Estados Unidos, esse fato
só podia deixar encantados os participantes e observadores do avivamento, que
viam nisso mais uma prova de que o movimento vinha de Deus. Todavia, desde o
início também houve uma série de problemas: médiuns espíritas tentavam realizar
sessões durante os cultos; enquanto muitas pessoas sentiam a presença de Deus,
outras ficavam no fundo do salão discutindo e condenando; havia muitas críticas
de jornais e de líderes eclesiásticos. Houve também algumas crises internas:
choques de personalidade, fanatismo, divergências doutrinárias e separação
racial. Com o passar do tempo, Seymour e outros líderes negros acabaram
assumindo o controle da missão, excluindo os brancos e os hispanos. O próprio
Parham visitou o local em outubro de 1906 e ficou chocado com certas manifestações
que presenciou. Após cerca de três anos de reuniões diárias de alta
intensidade, o avivamento entrou em declínio. Depois da morte de Seymour em
1922 e de sua esposa Jennie em 1936, a missão fechou as portas e o edifício foi
demolido. Todavia, um novo capítulo na história da igreja havia começado. Há
alguns anos foi colocada na praça anexa a esse local histórico uma placa com os
seguintes dizeres: Missão da Rua Azusa – Esta placa comemora o local da Missão
da Rua Azusa, que estava localizada na Rua Azusa 312. Formalmente conhecida
como Missão da Fé Apostólica, ela serviu como nascedouro do Movimento
Pentecostal internacional de 1906 a 1931. O pastor William J. Seymour
superintendeu o “Avivamento da Rua Azusa”. Ele pregou uma mensagem de salvação,
santidade e poder, recebeu visitantes de todo o mundo, transformou a
congregação em um centro multicultural de adoração e comissionou pastores,
evangelistas e missionários para levaram ao mundo a mensagem do Pentecoste
(Atos 2.1-41). Hoje os membros da Movimento Pentecostal/Carismático totalizam
meio bilhão ao redor do mundo. Fevereiro de 1999 – Comissão Memorial da Rua
Azusa. Portanto, o movimento pentecostal tem dois fundadores: Charles Parham e
William Seymour. Parham foi o primeiro a fazer a afirmação fundamental de que o
falar em línguas era a evidência visível e bíblica do batismo com o Espírito
Santo. A importância de Seymour, o discípulo de Parham, reside no fato de que
sob sua liderança, através do Avivamento da Rua Azusa, o pentecostalismo se
tornou um fenômeno internacional e mundial a partir de 1906. Nos Estados
Unidos, as primeiras denominações pentecostais foram, entre outras: a Igreja de
Deus de Camp Creek (Carolina do Norte), a Igreja de Deus de Cleveland
(Tennessee), a Igreja da Fé Apostólica (Portland, Oregon) e as Assembléias de
Deus (Hot Springs, Arkansas). Um líder extremamente importante foi William H.
Durham, de Chicago, cidade que teve grande influência na internacionalização do
movimento.
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