A HISTORIA DO CRISTIANISMO - DOCUMENTARIO - RELIGIAO – DUBLADO
Entre as numerosas seitas messiânicas surgidas no mundo judeu no início
do primeiro milênio, incluíam-se os discípulos de Jesus de Nazaré, antigos
seguidores de João Batista. A comunidade cristã foi aceita no seio do judaísmo
até o ano 65, aproximadamente, quando se consumou a inevitável ruptura entre as
duas facções religiosas, motivada pela condição de Messias atribuída a Jesus
por seus seguidores. Antecedentes históricos: Por ocasião do aparecimento do
cristianismo, toda a região do mar Mediterrâneo estava sob o poder de Roma. A
Palestina, desde a divisão entre o reino do norte (Israel) e o do sul (Judá),
ocorrida após a morte do rei Salomão, vinha se enfraquecendo política e
socialmente, num processo que culminou com a queda de Samaria, capital do reino
do norte, em 722 a.C. O reino de Judá permaneceu independente até a conquista
babilônica, em 605 a.C. De 586 a 539, os judeus permaneceram em cativeiro na
Babilônia, mas ao ascenderem ao poder os persas promoveram a restauração,
permitiram a manutenção dos costumes religiosos e culturais dos judeus e
autorizaram a volta de muitos deles para Judá. Depois do cativeiro na Babilônia
a região de Judá passou a ser chamada de Judéia. Em 333 a.C., os gregos, com
Alexandre o Grande, subjugaram os persas e incluíram a Palestina nos domínios
macedônicos. Após a morte de Alexandre, em 323, o vasto império foi dividido
entre seus generais e surgiram, após vários anos de luta, quatro grandes reinos
ou impérios, dos quais os mais importantes eram o Egito e a Síria. A Palestina,
situada entre os dois, servia como passagem estratégica durante as freqüentes
campanhas militares. A Judéia, cuja existência social, política e religiosa se
concentrava na cidade de Jerusalém, pagava tributos ao Egito e à Síria. No ano
198 a.C., o rei selêucida Antíoco III tomou toda a região, passando a Judéia ao
domínio da Síria. Em 175 a.C., subiu
ao trono sírio Antíoco Epífanes, filho de Antíoco III, que se envolveu quase de
imediato numa guerra com o Egito, da qual nunca saiu completamente vitorioso,
sobretudo pelo apoio que os líderes religiosos judeus, principalmente os
escribas, davam aos egípcios. Religião e política estavam unidas na Judéia,
onde o sumo sacerdote presidia tanto os sacerdotes no grande templo quanto os
anciãos no sinédrio, tribunal que julgava as questões criminais ou
administrativas. Resolvido a castigar os judeus, Antíoco avançou sobre
Jerusalém, derrubou seus muros e saqueou o templo, levando os vasos sagrados.
Para acabar com a religião judaica, um obstáculo à submissão dos judeus,
proibiu todas as formas de culto a Iavé e deu início a perseguições. O templo de
Jerusalém foi profanado com a construção de um altar pagão sobre o altar dos
holocaustos. Contra essa profanação revoltaram-se os macabeus (ou asmoneus),
assim como todos os judeus devotos, que se reuniram nas montanhas para
organizar a luta contra os sírios. O movimento se generalizou e a guerra
religiosa se transformou rapidamente numa série de triunfos. Jerusalém foi
retomada e o templo reconsagrado em dezembro de 165 a.C. Quatro anos mais
tarde, no entanto, um poderoso exército sírio derrotou os macabeus, que apenas
puderam manter-se, como pequeno grupo rebelde, em Micmash. Esse grupo aos
poucos recuperou a confiança dos judeus e estendeu sua influência e poder,
principalmente sob João Hircano, e chegou a dominar quase toda a Palestina,
exceto o norte da Galiléia, conquistada mais tarde por Aristóbulo, filho de
Hircano. Os saduceus apoiavam os rebeldes, mas os fariseus, ou separatistas,
desaprovavam a política de Hircano por causa dos acordos que fez com Roma.
Contra a ascensão de Alexandre Janeu, que acumulou os cargos de rei e sumo
sacerdote, os fariseus se revoltaram, provocando violenta guerra civil, que
durou vários anos, ora com a supremacia destes, ora dos saduceus. A luta
somente terminou com a tomada de Jerusalém por Pompeu, em 63 a.C., o que tornou
os judeus súditos de Roma. Pompeu nomeou o edomita (descendente de Esaú)
Antípatro procurador da Judéia. Sucedeu-lhe o filho Herodes o Grande (47 a.C.),
que, para conquistar a simpatia do povo, reconstruiu com grande esplendor o
templo de Jerusalém. Jesus teria nascido durante seu reinado, provavelmente no
ano 6 da era cristã. O massacre dos inocentes, em Belém, ocorreu sob Herodes. O
reino de Herodes foi dividido, em testamento, entre três de seus filhos:
Arquelau (Judéia e Samaria), Herodes Antipas (Galiléia e Peréia) e Filipe
(Ituréia e Traconítides). Arquelau exilou-se no ano 6 de nossa era e seu
território passou a ser administrado por procuradores romanos, dos quais o
quinto seria Pilatos. Herodes Antipas governou até o ano 39, quando foi destituído
e desterrado, e Filipe morreu sem herdeiros em 34. Herodes Agripa I, neto de
Herodes o Grande e protegido de Calígula, conseguiu reunificar o reino do avô. Situação
religiosa: Para o súdito romano comum, as fronteiras do império coincidiam com
as do mundo civilizado. Não tinha conhecimento das civilizações indiana ou
chinesa, admirava as grandes obras e orgulhava-se de seu império. A comunicação
era facilitada pelas ótimas estradas e pelos navios. Uma língua comum, o grego,
favorecia o intercâmbio cultural e a grande mescla de interesses religiosos,
cujas fontes eram o judaísmo, outras religiões orientais, a religiosidade
popular e o pensamento grego. Judaísmo: Apesar da dominação política da Judéia
pelos estrangeiros, o judaísmo manteve quase sempre intactas suas instituições
religiosas. Um clero altamente organizado e politicamente influente controlava
a vida religiosa e, principalmente por intermédio do sinédrio, determinava as
posições políticas. Em geral os judeus mantinham a esperança messiânica, mas
estavam divididos em facções e em partidos, cujas motivações eram a maior ou
menor fidelidade às convicções religiosas do passado ou a atuação meramente
política. Os principais grupos organizados entre os judeus eram o dos saduceus
e o dos fariseus. O primeiro, integrado por sacerdotes e aristocratas, exercia
grande influência política e econômica e mantinha boas relações com Roma.
Embora seguissem estritamente a lei mosaica, os saduceus, fortemente
impregnados da cultura helênica, negavam a vida após a morte e o messianismo.
Os fariseus, ao contrário, tinham mais preocupações religiosas do que
políticas. Sua origem remonta à época dos macabeus, por volta de 130 a.C., e
seu nome significa “separados”, em vista do esforço que faziam para manter a fé
judaica longe de todo contato com o paganismo. Acreditavam na vida eterna e
eram ardorosos em sua esperança messiânica. Sua atividade dirigia-se
principalmente às massas, nas quais procuravam incutir o espírito de santidade
pela divulgação dos ensinamentos religiosos tradicionais. Havia também pequenos
grupos de vida mística, reunidos em comunidades de fé e trabalho, de uma das
quais provavelmente se originou João Batista. Um dos mais importantes desses
grupos era a comunidade de Qumran, radicada à margem do mar Morto, sem dúvida
vinculada aos essênios. Sua existência só veio a ser revelada pelos manuscritos
do mar Morto, descobertos em 1948. Tais comunidades consideravam a si mesmas
como o remanescente fiel da história judaica. Guardavam a lei, mantinham rituais
de purificação periódica, renovavam constantemente sua adesão à aliança com
Deus e participavam de uma refeição sagrada de pão e vinho. Acreditavam no
estabelecimento próximo de um reino trazido por um novo profeta. Os essênios,
outro grupo de tipo monástico, existiram, segundo o historiador Flávio Josefo,
desde o ano 150 a.C. Suas comunidades se distribuíam por várias vilas da
Palestina e exerciam grande influência na vida judaica. Apoiavam os fariseus,
contra os saduceus, embora diferissem dos primeiros por praticarem o celibato,
rejeitarem o sacrifício de animais e negarem a ressurreição do corpo. Aceitavam
a imortalidade da alma e o castigo ou recompensa após a morte. Alguns
estudiosos afirmam que tanto João Batista quanto Jesus pertenceram à comunidade
dos essênios.
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