A HISTORIA DO PROTESTANTISMO - RELIGIAO – DOCUMENTARIO
Nome genérico que engloba todas as igrejas cristãs do Ocidente que
entraram em conflito com a Igreja de Roma no séc. XVI, negando o primado de
Pedro e a autoridade papal. O termo designava de início apenas os ‘luteranos’,
e nasceu do ‘protesto’ que os principais alemães, protetores do luteranismo,
formularam contra a Dieta de Espira (19 de abril de 1529), convocada por Carlos
V, em condenação à rebeldia do frade agostiniano. Com a diversificação das
igrejas reformadas, a palavra foi-lhes aplicada indistintamente, embora sob
recusa de algumas delas, nomeadamente da anglicana. A progressiva diminuição do
prestígio papal, fruto do cativeiro de Avignon, do nefasto Grande Cisma do Ocidente,
das desavenças entre os pontífices e o concílio de Basiléia, de um lado, e do
outro, a corrupção que grassava dentro do clero católico, não poupando a alta
hierarquia nem mesmo as próprias ordens religiosas, deram motivação e êxito
inesperado ao grito de ‘Reforma’. Esta, beneficiando-se com a recém-descoberta
imprensa, que multiplicou e difundiu os escritos de Lutero, Calvino e Zwingli,
expandiu-se por toda a Europa, sobretudo entre os povos anglo-germânicos e
entre os do norte do continente. O cabeça dessa revolução religiosa foi
Martinho Lutero, religioso da Ordem de Santo Agostinho. Nela ingressou, dizem,
em cumprimento a um voto que fez, sob o terror dos raios de uma tempestade.
Natureza inquieta, atormentado de escrúpulos e da idéia da corrupção intrínseca
do ser humano pelo pecado original, perseguido, por isso, pelo temor do
inferno, refugiava-se em uma fé cega na redenção de Jesus Cristo, colhida na
leitura das epístolas de S. Paulo. Esse mesmo temperamento levava-o ao
ininterrupto apostolado da pregação; assim, raras vezes tinha oportunidade para
recitar o breviário e celebrar missa – segundo confissão sua em uma carta. Aos
31 de outubro de 1517, insurgindo-se contra a ordem papal de pregar as
indulgências, afixou nas portas da igreja de Wittemberg suas 95 teses; em
novembro de 1518, repelia a autoridade do papa e apelava para o concílio
ecumênico; em julho de 1519, alcançava a Bíblia como fonte exclusiva da fé; em
dezembro de 1520, apoiado pelos humanistas, pelos cavalheiros revolucionários e
pelo príncipe eleitor da Saxônia, rompeu todos os laços com Roma, queimando em praça
pública a bula pontifícia de excomunhão: já então, condenava o celibato
clerical, os votos monásticos, a veneração às imagens dos santos, o purgatório
e a celebração da missa. Além de Melanchton, seu inseparável companheiro de
pregação pela Alemanha, apoiaram-no frades de diversas ordens religiosas: Lang,
Guttel e Stiefeld, de seu próprio Instituto; Urbano Rhegio, do Carmelo;
Bernadino Ochino, franciscano capuchinho; e o beneditino Ecolampádio. Motivos
de ordem moral e política fizeram agregar ao cisma inúmeros bispos – príncipes
alemães; o rei Gustavo Wasa, da Suécia, Henrique VIII e Elizabeth I, da
Inglaterra. Identificando-se a verdade religiosa com o arbítrio dos príncipes
de cada região, a ‘Reforma’ iniciava-se sob o grave risco de diluição interna
pela contradição – por faltar-lhe a indispensável unidade de doutrina. Surge
então João Calvino, que veio sistematizar os pontos essenciais do
protestantismo, já ramificado em diversas correntes. O dogma fundamental, donde
tudo logicamente promana como corolário necessário, é a doutrina da
justificação pela fé, a redenção graças aos méritos infinitos do sangue do
Cristo. Lutero se apóia em numerosos textos das epístolas paulinas, os quais os
católicos interpretam contrapondo-os à luz dos vs. 14 e segs. Do
capítulo 2 da epístola do apóstolo São Tiago: “A fé sem as obras é morta”.
Calvino defende mesmo a tese da predestinação: cada qual já tem o seu destino
fixado de precito ou salvo para sempre, independentemente de sua cooperação –
isso, sem qualquer injustiça divina, uma vez que a Sabedoria conhece ab aeterno
as circunstâncias em que há de viver determinada criatura e suas reações ante
as mesmas. Ora, a Escritura é o repertório claro e completo da fé que
justifica. Daí, recusarem os reformadores o primado da jurisdição do Sumo
Pontífice, definido por Lutero como “o Anticristo em pessoa”, e Roma como “a
prostituta de Babilônia”. Ao texto “Tu és Pedro (pedra) e sobre essa pedra
edificarei a minha Igreja” (Mt 16, 18) conferem os protestantes, quando não negam
sua autenticidade literária ou histórica, apenas a significação de um primado
honorífico a Simão Pedro, como príncipe dos Apóstolos. Em conseqüência,
dissolve-se a competência papal para governar a Igreja de Cristo e para ensinar
ou definir qualquer dogma. E já que à Igreja falece autoridade e pureza para
interpretar os textos da Bíblia, a cada crente compete, não uma liberdade
onímoda, segundo os critérios individuais, o que conduziria ao ‘livre exame’,
repelido com energia pelos chefes da Reforma, mas a da busca de comunicação de
encontro pessoal com Deus. Corrompida intrinsecamente pelo pecado original, a
razão humana é levada necessariamente ao erro; qualquer exegese pessoal da
Escritura “não produzirá fé no coração dos homens, a menos que esteja selada
pelo testemunho interior do Espírito Santo” – no ensinamento de Calvino. Com a
finalidade de evitar o inevitável desagregamento que adviria da falta de
autoridade suprema, Lutero apelou para os consistórios, em que a administração
civil substitui os bispos; já Calvino adotou regime mais democrático, cometendo
a direção da Igreja ao ministério eclesiástico, como instituição do próprio
Cristo. Apesar de condenado teoricamente, o livre exame imperou na prática. O
tempo, outrossim, haveria de gerar constante multiplicação de seitas
confessionais. Proliferam hoje mais de 200 ramos protestantes. Eis alguns dos
mais importantes: Adventistas. A Igreja adventista foi criada pelo
norte-americano William Miller no século retrasado. Crê no retorno de Cristo à
Terra, para um reino de 1000 anos (o Milênio); os adventistas guardam o sétimo
dia (sábado). Batistas. Oriundos da Inglaterra, no começo do séc. XVII,
desenvolveram-se nos EUA, onde ocupam o 2º lugar dentre as denominações
protestantes. Dão importância específica ao batismo por imersão e organizam-se
em congregações autônomas. Congregacionalistas. Grupo de separatistas ou
dissidentes da Igreja anglicana, que em 1580 fugiram para a Holanda a fim de se
livrarem das perseguições de que eram vítimas. Organizam-se em grupos autônomos
e seu ponto fundamental é a autonomia espiritual de cada congregação. Os
puritanos que emigraram para os EUA constituíam um ramo congregacionalista. Discípulos
de Cristo. Datam de 1809. A seita foi criada por Thomas Campbell, juntamente
com seu filho, Alexsander, em Kentucky, EUA. Visavam ambos a congregar todos os
ramos cristãos numa única Igreja: vindicavam apenas a fidelidade a Cristo e a
liberdade para interpretar a Escritura. Anglicanos. Membros da Igreja da
Inglaterra, criada por Henrique VIII, após sua excomunhão pelo papa. Remontam
ao ano de 1534. Não acatam a supremacia do pontífice romano, muito embora seu
principal ramo siga a doutrina e liturgia católicas; mas nem todos aceitam os
sete sacramentos. A Igreja protestante episcopal dos EUA, fundada em Jamestown,
no ano de 1607, é subdivisão da Igreja anglicana. Luteranos. Membros do grupo
reformista mais pujante; para eles, a redenção é fruto exclusivo dos méritos de
Cristo e da fé que justifica – doutrina condensada em O Livro da Concórdia. Dos
sacramentos, admitem a confirmação, o matrimônio, o presbiterato e a
extrema-unção. Metodistas. A Igreja metodista surgiu na universidade de Oxford,
em 1729, criada pelos irmãos John e Charles Wesley. O culto da vida interior
iluminada pelo Espírito Santo, dando certeza ao fiel de sua adoção como filho
de Deus, bem como a divergência na administração dos sacramentos, levou-os ao
cisma da Igreja anglicana. Mórmons (Igreja de Jesus Cristo dos santos do último
dia). Fundada por Joseph Smith em 1830, em Nova York. Mórmon é o nome de um
profeta. Pretende-se que por volta de 600 a.C. uma leva de hebreus emigrou para
a América chefiados por um profeta, Lehi. Dividiram-se em dois grupos:
lamanitas, que se tornaram selvagens e são os antepassados dos índios
norte-americanos; e nefitas – altamente civilizados. Cristo revelou-se depois
da Ascensão ao profeta nefita Mórmon, que gravou as novas tábuas da lei em
placas de ouro. Seu filho, Moroni, fez-lhe acréscimos e enterrou-as. Foram
transmitidas 1400 anos depois a Joseph Smith. Os mórmons crêem num Deus
pessoal, em Cristo, na revelação, no batismo, na sanção pelos próprios pecados
e na Salvação da humanidade, graças à observância dos preceitos evangélicos e
ao sangue de Cristo. Em 1890, por dispositivo legal do Congresso
norte-americano, tiveram que deixar a poligamia que adotavam. Pentecostais.
Movimento carismático, as igrejas pentecostais fundamentam-se no batismo pelo
Espírito Santo e no dom do poder espiritual que se manifesta inclusive pelo dom
da fala em línguas estranhas, tal como descrito nos Evangelhos. Em sua forma
institucional, datam da década de 1950. Presbiterianos. Constituem uma seita
praticamente calvinista, que João Knox levou para a Escócia, onde obteve do
Parlamento que fosse reconhecida como Igreja oficial em 1560. Adotam o batismo
e a comunhão, condenando as pompas litúrgicas: por isso, seus serviços
religiosos primam pela simplicidade. Não reconhecem a supremacia hierárquica do
episcopado, identificando no presbítero a dignidade do pastor e o ofício de
docente. Quakers. Nome popular dos membros da ‘Sociedade dos Amigos’, que
George Fox criou na Inglaterra, no séc. XVII. O nome quakers (‘trêmulos’) advém
da frase dita pelo fundador: “Tremam diante de Deus”. Reconhecem no Espírito
Santo o guia interior das almas; não juram; são pacíficos e adotam o tratamento
arcaico thou. Testemunhas de Jeová. Fundada em fins do séc. XIX por Charles
Iaze Russell, a seita rejeita os ensinamentos das demais igrejas cristãs e o
poder do Estado; vê Cristo como um ser criado e espera o advento do Milênio
depois da batalha do Armaggedon, à qualsó os bons sobreviverão. Unitários.
Seita protestante que só crê em uma única pessoa, Deus, e descrê da divindade
de Cristo. Para eles, a autoridade suprema é a experiência religiosa iluminada
pela razão. Remontam ao séc. XVII, tempo em que já havia comunidades religiosas
na Polônia e na Hungria que professavam tais idéias; hoje vivem em terras de
língua inglesa; seus apóstolos, iniciadores do unitarismo na Inglaterra, foram
Joseph Prisdtley e Theophilus Lindsey. Protestantismo no Brasil. As religiões
protestantes constituem o segundo grupo religioso do Brasil. Aparece na
vanguarda São Paulo; em 2º lugar, o Rio Grande do Sul; em último, o Território
de Roraima.
Nenhum comentário
Postar um comentário