AVANÇOS DO INCONFORMISMO CRISTÃO ATUAL DOU GRAÇAS A DEUS QUE, EM MEIO AOS NOSSOS DIAS CONFUSOS, CORRIDOS, DE CADA VEZ MENOS PROFUNDIDADE INTELECTUAL E MAIS... POR ARTUR EDUARDOGRADUADO EM TEOLOGIA E FILOSOFIA. PÓS GRADUADO EM DOC. DO ENSINO SUPERIOR, TEOLOGIA BÍBLICA E PSICOPEDAGOGIA (FATIN). MESTRE EM FILOSOFIA (UNIV. FEDERAL DE PERNAMBUCO). DOUTORANDO EM FILOSOFIA (UNIV. FEDERAL DE PERNAMBUCO). DIRETOR DO IALTH (INST. ALIANÇA DE LINGUÍSTICA, TEOLOGIA E HUMANIDADES). PASTOR DA IEVCA (IGREJA EV. ALIANÇA). CASADO COM PATRÍCIA, COM QUEM TEM UMA FILHA, DANIELLA
Dou graças a Deus que, em meio aos nossos dias confusos, corridos, de
cada vez menos profundidade intelectual e mais conformidade como que está
estabelecido (stablishment), além do declínio espiritual e moral, como em todos
as eras históricas, há sempre os contrafluxos. Estes são movimentos, ainda que
esporádicos, que se insurgem contra o geral. Há um retorno perceptível quanto à
busca pela essência mesma da Teologia, a partir dos principais expoentes, desde
aqueles a quem os estudiosos chamam de patrísticos (pensadores dos séculos II
ao V depois de Cristo); os medievos (séculos VI ao XVI depois de Cristo) e os
modernos, cuja história se mescla à Reforma Protestante. E não somente aí, mas
nos movimentos pós-reformadores missiológicos e missionários, chegando enfim
aos novos apologistas cristãos, a maioria mais filósofos do que efetivamente
teólogos. Nesta era de escassez teológica, de muitos minimalismos e de um
pragmatismo alarmante, ver aqui e acolá uma discussão séria acerca, por
exemplo, do entendimento bíblico-histórico da Trindade, ou da essência do
pecado, ou mesmo da Igreja em si, é um bálsamo e um alívio acalentador, que nos
ensina que nem tudo está perdido. As discussões à la redes sociais e blogs que
parecem restringir-se à indiferença doutrinária neopentecostal e uma (não sei
até que ponto legítima) defesa da fé por parte de grupos que parecem existir
apenas para falarem mal dos neopentecostais, tornou-se algo sufocante na
Internet. E digo isto porque é perceptível como as pessoas querem mais. Querem
mais do que mera informação, mas uma informação que, em suas mentes, faça
sentido e fundamente racionalmente sua fé. A fé racional, uma exigência que
está na cerne mesma do Critianismo, não é mais tão amplamente confundida com fé
racionalista – ou algo que lembre “frieza”, “descompromisso”, “letargia”. O
avanço do comprometimento de pessoas e instituições com o crescimento
espiritual e intelectual da Igreja, ainda que pontual, se comparado a tudo o
que se instalou no evangelicalismo atual, parece fazer-se cada vez mais
notabilizado. Mais e mais pessoas inconformam-se com fórmulas prontas, anti ou
extrabíblicas, práticas religiosas sem sentido e/ou o mero “academicismo”
cristão. Incrivelmente, na chamada pós-modernidade, enquanto se vive e se
cultiva a experiência pela experiência, o subjetivismo extremado, o sujeito
social (e todo o seu relativismo) como um padrão para interpretar o próprio
sujeito social, surge e cresce o contrassenso, a via do meio, a força de
movimentos que, ainda que pontuais, marcam-se pela vontade efetiva de
crescimento do Reino de Deus através de ações supra ou interdenominacionais,
como encontros de estudos bíblicos, escolas de teologia e filosofia cristãs,
comunidades virtuais que debatem tudo sem o rigorismo moral meramente litúrgico.
Creio que temos, como um povo (o povo de Deus) ainda muito a avançar.
Incrivelmente, agora estamos dando os primeiros passos para uma classe
evangelical pujante e com potencial de efetivamente influenciar a sociedade que
a cerca. Não que não tivéssemos isto no passado, mas é inegável que, ainda que
produzíssemos bons movimentos (missionários, avivalistas ou teológicos de um
modo geral), precisávamos de um sentimento de coesão, afim de que os ações
genuinamente conservadores atuais identificassem-se mutuamente, não disputando
e destruindo-se por coisas pífias, “doces de crianças” teológicos e que
estivessem prontas àquela que, ao meu ver, será uma última e decisiva onda de
apostasia que culminará com a extinção da expressão religiosa humana (não
somente “cristã), como nos prediz 2 Ts. 21:1-4. Graças a Deus que também cresce
a consciência do que se nos foi legado pelo apóstolo Paulo, a partir do ensino
epistolar de Efésios, 6. Neste texto, é-nos dito que “nossa luta não é contra
carne o sangue, mas contra principados e potestades”. Há muito lido e
negligenciado, este texto – e permita-me dizer, principalmente após a força do
avanço do movimento Pentecostal – vem sendo gradativamente estudado, analisado
com os diversos modus operandi existentes e os cristãos evangélicos tem se
levantado contra a letargia espiritual que nos dominou tempo demais. Nossas
discussões e debates especulativos podem até ter seu lugar ao sol, mas a
vitalidade do Cristianismo não está em uma mera tentativa de aliar Teologia à
Filosofia, ou à Antroplogia, ou à Sociologia ou reduzi-lo à Liturgia; ou compor
uma Dogmática sólida, baseada neste ou naquele catecismo; muito menos em
práticas esdrúxulas de sincretismo religioso com efeitos duvidosos. Nada disso!
A força do Cristiansimo está em os cristãos viverem como Jesus Cristo, ao ponto
de puderem ter legitimado mais uma vez o uso do título “cristãos”, como em
Antioquia, conforme nos diz o Livro de Atos, ainda no século I depois de
Cristo.
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