CONFIANDO NA DIVINA PROVIDÊNCIA EIS A NOSSA PROFUNDA DIFICULDADE
O Senhor Deus dos céus, que me tomou da casa de meu pai e da terra da
minha parentela, e que me falou, e que me jurou, dizendo: À tua descendência
darei esta terra; ele enviará o seu anjo adiante da tua face, para que tomes
mulher de lá para meu filho. Gênesis 24:7 Sem dúvida alguma, é mau todo o
desígnio do coração do homem, e a raiz disso é o pecado. Sabemos disso, e
conhecemos as manifestações do pecado, basta olhar para a situação do homem,
para constatar essa realidade; morte, inveja, ganância, lascívia, promiscuidade
e inúmeros outros comportamentos que tem como ancoradouro, a falta de
conformidade com a lei de Deus. Todavia, sendo o efeito do pecado tão profundo
quanto é, as implicações da ação dele na vida do homem vão além das atitudes
externalizadas que constantemente fazemos, mas o pecado se alastra a cada
momento mais para dentro de nosso coração, provocando diversos sentimentos e
pensamentos que nos colocam em inimizade contra Deus, um desses é a
desconfiança na providência divina. Durante todo este capítulo, embora muitos
personagens apareçam e diversos diálogos se realizem, o personagem principal,
está por trás de todo o desenrolar da história. Conhecemos bem essa narrativa,
e costumeiramente a usamos para momentos onde as questões matrimoniais estão em
vigor, e com isso, deixamos de perceber o significado central de um texto tão
rico. Abraão foi libertado por Deus de uma vida de idolatria e paganismo na
terra onde nascera. Tendo sido chamado pelo SENHOR para viver numa terra
estranha, Abraão teve de usar a única coisa que estava em seu coração para se
dispor a isso, a confiança em um Deus até então desconhecido. Isso vai de
encontro a tudo que se passa no coração do homem, e com Abraão não era
diferente. Por que ele sairia da terra onde fora criado? terra essa que lhe era
totalmente familiar; seu povo, sua cultura, a princípio isso não fazia o menor
sentido. Abraão tinha tudo para rejeitar o chamado, e confiar em seus braços
para seu próprio sustento. Todavia ele prefere ir. Prefere confiar no Deus que
o chamou, pois diferentemente dos deuses que seu povo cultuava, o SENHOR falou
com ele, se comunicou verdadeiramente com ele, e isso era motivo mais do que
suficiente para que Abraão confiasse no chamado, e saísse de sua zona de
conforto. Agora já velho, ele quer que seu filho se case, que seja bem sucedido
diante do SENHOR, que tenha uma vida longa e feliz. Abraão era de fato um homem
de muitas posses, os textos que narram sua história não nos deixam dúvidas
quanto a isso, mas o coração de Abraão olha para um outro fator na hora de
providenciar que seu filho seja feliz. Ele poderia com facilidade conseguir um
casamento para Isaque, com moças da terra onde ele habitava. Por ser um homem
rico, se relacionar com outros homens influentes da região não seria
dificuldade, e com certeza, candidatas ao seu filho não faltariam. Mulheres
belas, com bons dotes, de famílias importantes, Abraão estava humanamente bem
assistido quanto às possibilidades. Mas o coração do servo de Deus não se prendera
a isso na hora de desenvolver os requisitos necessários para que uma mulher
pudesse casar com o filho da promessa. A despeito de toda a regalia que sua
riqueza proporcionava, e da oportunidade relacional que dispunha na vizinhança,
Abraão olha para o seu coração, e vê que o único que poderia fazer com que seu
filho tivesse um casamento que o fizesse verdadeiramente feliz, era Deus, que o
livrara da obscuridade do pecado, retirando-o do meio da idolatria. E é
exatamente isso que norteia seu pensamento, Isaque deveria ter como mulher,
alguém que tanto quanto seu pai, deixasse de lado os pecados de seu coração e
seguisse as ordens de Deus, saindo do lugar onde ela se sentia confortável,
para uma terra onde ela teria de depender apenas da divina providência. Todo o
capítulo 24 de Gênesis, fala sobre como Deus guiou o servo de Abraão à uma moça
da casa dos parentes dele de forma tão providente, atendendo não só a oração do
servo, como também clarificando todo o processo para que houvesse confiança em
ambas as partes de que aquela situação fora guiada diretamente pelas mãos do
próprio Criador. Eis a nossa profunda dificuldade. Em tempos como os nossos,
confiar tem se tornado uma palavra cada vez mais “tola”. Afinal de contas,
confiar, pressupõe que não teremos certeza de que algo que queremos irá de fato
acontecer, ou que alguém corresponderá as nossas expectativas. Seja a confiança
de que nosso cônjuge nos será fiel, seja a permanência em uma empresa, a
administração de recursos, enfim, depender de outro para a realização de
qualquer objetivo que tenhamos é uma luta sangrenta contra nosso próprio
coração. Simplesmente não queremos depositar nossa confiança em Deus, muito
pelo contrário, queremos permanecer em nossa terra natal, cheia de ídolos, cujo
o principal deles é o nosso ego. A ideia de sair do convívio de pessoas com as
quais já estamos habituados a conviver sabendo que são de confiança para
providenciar o necessário para nossa sobrevivência é absurda. Tudo isso porque
é mau o intento do nosso coração, pois ele deseja com que sejamos a fonte de
nosso próprio sustento. Queremos nós mesmos ser aqueles que providenciarão tudo
o que precisamos para nossa vida, para nossa felicidade. No versículo 58 deste
capítulo nós lemos, observamos o SENHOR abençoando a vida de Abraão,
atendendo-lhe o desejo do coração. Frente ao uma situação de indecisão, Receba,
a moça encontrada pelo servo de Abraão, precisa fazer uma escolha que mudaria
sua vida. De um lado estavam seus parentes, aqueles que durante toda a sua vida
a apararam e cuidaram dela, cercando-a de tudo o que queria e precisava. Do
outro lado, o servo da Abraão, o mensageiro de uma proposta completamente
desafiadora e arriscada; ir para uma terra desconhecida, e casar-se com um
homem que ela não conhecia, tendo como único penhor de confiança a afirmação de
que o Deus de seu possível sogro estava guiando todo aquele processo. Em meio a
toda a essa circunstância, a resposta da moça é firme; “sim!” ela irá, ela
confiará nesse Deus, que a chama para uma terra que ele a mostrará, ela abre
mão de poder confiar em seus próprios objetivos, em seu conforto, para se
dispor a honrar o chamado que acabara de receber para servir ao SENHOR como
esposa do filho de Abraão. Essa é a atitude que o SENHOR requer de nós,
confiança nele, de que como nosso Pai, dele virá o nosso sustento. A nossa
sobrevivência não vem de nossos empregos, não vem do dinheiro, dos nossos
recursos, de nosso parentes, ou de qualquer coisa terrena. Nossa vida é
sustentada pela palavra que sai da boca do Criador, e é nEle que devemos
confiar. Seguros de que estaremos debaixo da divina providência, devemos
simplesmente aquietar nosso coração, combatendo ferozmente esse desejo de
autossuficiência, entendendo que dando vazão a ele, estamos dizendo que Deus
não é capaz de nos suprir as necessidades, ou que seu zelo por nós é falho, ou
ainda, que seu governo sobre todas as coisas é deficiente. Que com a graça de
Deus, como fez Abraão e Receba, possamos confiar no SENHOR, ainda que ele nos
chame para uma terra estranha, Ele o fará para o nosso bem, e acima de tudo
para a glória do seu nome. Cristo triunfa!
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