CRISTIANISMO PAGÃO DA IGREJA CRISTÃ DE HOJE TEM ORIGEM CATÓLICA NO CONSTANTINO - RELIGIAO – DOCUMENTARIO
Desde o Concílio de Trento, realizado entre 1545 e 1563, a igreja
cristã subordinada à autoridade papal passou a denominar-se Católica Apostólica
Romana, em oposição às igrejas protestantes constituídas a partir da Reforma.
Define-se como una, santa, católica e apostólica e considera seu chefe como
legítimo herdeiro da cátedra do apóstolo Pedro, sagrado papa, segundo o
Evangelho, pelo próprio Cristo. O termo catolicismo foi usado por alguns
autores (Aristóteles, Zenão, Políbio), antes da era cristã, com o sentido de
universalidade. Aplicado à igreja, aparece pela primeira vez por volta do ano
105 da era cristã na carta de Inácio, bispo de Antioquia. Nos textos mais
antigos, aplica-se à igreja geral
considerada em relação às igrejas locais. Nos autores do século II da
era cristã (Justino, Ireneu, Tertuliano, Cipriano), o termo assume duplo
significado: o de universalidade geográfica, pois na opinião desses autores a
igreja já havia atingido os confins do mundo; e o de igreja verdadeira,
ortodoxa, autêntica, em contraposição às seitas que começavam a surgir. A partir do século V, o Império Romano
entrou em decadência até sucumbir às invasões dos povos bárbaros. Quando as
populações germânicas ultrapassaram as fronteiras do Império e se estabeleceram
no Ocidente, foram os francos os primeiros a abraçar a fé cristã, razão pela
qual a França foi chamada, mais tarde, “filha primogênita da igreja”. Por força
da atividade missionária, outros povos foram, em seguida, aderindo à fé cristã.
A partir do século VI, o reino franco foi perdendo o antigo vigor, devido à
debilidade dos reis merovíngios, enquanto ocorria a ascensão da casa dos
carolíngios. Carlos Magno foi coroado imperador pelo papa Leão II em 800;
consolidava-se assim um novo estado cristão, ou seja, a cristandade medieval,
fortemente apoiado no sistema feudal. A partir do século XI, essa cristandade
foi representada pelo Sacro Império Romano-Germânico e, no século XVI, pelos
reinos da Espanha e Portugal. Enquanto o cristianismo judaico, de caráter
rural, assumira características urbanas com a transposição para a cultura
greco-romana, a divulgação da fé católica na sociedade medieval provocou o
processo inverso, pois os povos anglo-germânicos tinham uma forma de vida
marcadamente rural. Não obstante, a hierarquia católica procurou manter valores
próprios da civilização romana. Dessa maneira, a língua oficial da igreja
continuou sendo o latim, pois os chamados povos bárbaros não tinham ainda
expressão literária estruturada. O clero continuou a usar a antiga túnica
romana, chamada agora hábito talar dos eclesiásticos. A doutrina religiosa
também continuou a ser expressa por categorias filosóficas gregas e a
organização eclesiástica se manteve dentro dos padrões jurídicos romanos. A
partir de então, ocorreu de forma bem nítida uma separação entre a religião
cristã oficial, sustentada pela hierarquia com apoio do poder político, e o
cristianismo popular, marcado por forte influência das culturas
anglo-germânicas. Não podendo mais participar do culto por falta de compreensão
da língua oficial, o povo passou a desenvolver formas próprias de expressão
religiosa marcadamente devocionais. De modo análogo ao que ocorria na vida
leiga medieval, com vínculos sociais articulados pelo juramento de fidelidade,
mediante o qual os servos se comprometiam à prestação de serviços aos senhores
feudais em troca de proteção, também o auxílio celeste passou a ser invocado
por promessas que deveriam ser pagas após o recebimento das graças e favores
desejados. A divisão entre religião popular e cristianismo oficial perduraria
até os albores do século XVI, não obstante a criação dos tribunais da
Inquisição para a manutenção da ortodoxia da fé. Diante da fragilidade da
prática religiosa, o Concílio de Latrão IV, celebrado em 1215, decidiu
prescrever aos fiéis cristãos a assistência dominical à missa sob pena de
pecado, bem como a confissão e a comunhão anual. Daí a origem dos chamados
mandamentos da igreja. Desde o início da Idade Média, sob influência de santo
Agostinho, um dos maiores pensadores católicos, houve uma valorização da
doutrina da graça divina, mas simultaneamente tomou incremento uma concepção
negativa a respeito do corpo e da sexualidade humana. Dentro dessa perspectiva,
o Concílio de Elvira, celebrado na Espanha em 305, prescreveu o celibato para
os clérigos, medida oficializada posteriormente para toda a igreja. Houve ainda
uma grande promoção do monaquismo: a ordem de São Bento, estabelecida em
abadias rurais, teve ampla difusão nos primeiros séculos da formação da Europa.
A partir do século XIII, as ordens mendicantes, como a fundada por Francisco de
Assis, difundiram-se rapidamente. No século IX, os monges de Cluny, de
inspiração beneditina, passaram a dedicar-se à preservação do patrimônio
cultural clássico, copiando documentos antigos. No século XIII, a grande
contribuição cultural da igreja foi a fundação das primeiras universidades, nas
quais se destacaram Tomás de Aquino e Alberto Magno, da ordem dominicana. Não
obstante, a visão religiosa de mundo começou a ser questionada a partir do
século XV, com as novas descobertas, produto do desenvolvimento científico,
cuja origem estava vinculada ao movimento das cruzadas, expedições religiosas
que levaram os príncipes cristãos ao estabelecimento de comércio com o Oriente.
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