TURQUIA TRANSFORMARÁ ESCOLAS EM “CENTROS DE FORMAÇÃO ISLÂMICA” MILHARES DE PROFESSORES FORAM DEMITIDOS DEPOIS DA TENTATIVA DE GOLPE
A Turquia irá transformar as escolas públicas de todo o país em centros
de formação islâmica, após o governo ter demitido milhares de professores. A
maioria deles foram acusados de envolvimento no movimento encabeçado por
Fethullah Gulen, a quem o presidente Recep Tayyip Erdogan acusa de ser o mentor
da tentativa fracassada de golpe em julho. Na “limpeza” promovida pelo governo
turco, os principais atingidos foram líderes do exército e os professores do
ensino público, incluindo os universitários. O sistema de educação foi várias
vezes rotulado de ser o “pilar da Turquia secular”. Şakir Voyvot, o
recém-nomeado diretor da escola Kabataş em Istambul, disse que espera que os
ensinamentos islâmicos façam uma mudança no país. “Chegou a hora de transformar
nossas escolas em centros de formação religiosa. Querendo Alá vamos construir
essas novas escolas em todos os lugares.” Por outro lado, o jornalista turco
Yavuz Baydar está denunciando que a demissão em massa de professores no país
foi um golpe fatal no sistema de ensino. “Normalmente essas declarações
provocariam um clamor na Turquia, mas nada mais é normal aqui”, lamenta. “O
sistema educativo turco, que já estava em crise antes do golpe, agora está
enfraquecido pela islamização praticada abertamente”, escreveu ele
recentemente. Chamadas de Imam-Hatip, esse novo tipo de escola são a prioridade
do presidente Erdogan e do seu partido AKP. Sua criação fere frontalmente a
ideia de um país laico que desde 1923 imperava na Turquia. Baris Yarkadaş,
deputado do partido oposicionista CHP, reclamou publicamente: “O AKP vem
tentando controlar as escolas desde 2014. Agora, todas as escolas bem-sucedidas
viraram alvos. Em muitos casos os alunos não usam mais livros”. O golpe militar
que teria tentado derrubar o presidente Erdogan durou menos de um dia e deixou
pelo menos 104 mortos e mais de 1.500 feridos. Contudo, Ancara insiste que a
luta ainda está em curso, por isso a nação vive um “estado de emergência”, onde
as decisões presidenciais não podem ser contestadas. A decisão de demitir
milhares de professores sem aviso, baseado apenas em acusações de envolvimento
político fez com que mais de um milhão de alunos ficassem sem aulas durante
meses. Permaneceram empregados somente os educadores que afirmaram lealdade ao
regime. Com informações de Express.
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