EVANGÉLICO, DEPUTADO LUCENA PEDE QUE BRASIL RECONSIDERE VOTO CONTRA ISRAEL ITAMARATY DIZ QUE “BUSCA EQUILÍBRIO E IMPARCIALIDADE EM DECISÃO DA UNESCO”
Após a divulgação de que o Brasil havia votado novamente em desfavor de
Israel na reunião da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e
a Cultura (UNESCO) em outubro, houve muitos protestos por parte de judeus e
evangélicos. Com parte da imprensa nacional fazendo uma cobertura parcial dos
fatos e muita informação incorreta sendo compartilhada nas redes sociais, o
assunto gerou polêmica. Preocupado com o voto do Brasil nas últimas sessões do
Conselho Executivo da UNESCO, o deputado federal Roberto de Lucena (PV/SP)
cobrou explicações do Ministério das Relações Exteriores sobre esse
posicionamento. “Quase um quarto da população brasileira é evangélica e Israel
é a segunda casa de cada cristão. Como evangélico, cristão e deputado, não
posso compactuar nem apoiar qualquer governo que aprove um texto parcial e
desequilibrado, claramente prejudicial a Israel”, enfatizou o parlamentar. O
gabinete do ministro das Relações Exteriores José Serra enviou um comunicado,
afirmando que o Brasil “está trabalhando para que a aprove decisão mais
equilibrada e imparcial sobre a preservação do patrimônio cultural e religioso
da Palestina”. Uma reunião sobre o assunto foi realizada na última quinta-feira
(27) no gabinete de Lucena, na Câmara dos Deputados. A justificativa do
Itamaraty é que, para o governo brasileiro, o texto aprovado recentemente,
mesmo não sendo o adequado, teve avanços em relação ao aprovado anteriormente.
O Brasil entende que o novo texto reconhece os vínculos das três religiões
monoteístas (cristianismo, judaísmo e islamismo) com a Cidade Velha de
Jerusalém. Esse seria um primeiro passo para
uma abordagem mais isenta e construtiva sobre o tema. Roberto de Lucena,
que é pastor da igreja O Brasil para Cristo, anunciou que vai mobilizar as
bancadas evangélica e católica no Congresso, além de chamar o Grupo de Amizade
Brasil-Israel para debater o assunto. Ele espera contar com o apoio de
lideranças cristãs de todo o país, bem como das entidades judaicas. “Vamos
acompanhar de perto todas as ações do governo brasileiro referentes a este
tema, na expectativa de que o texto continue evoluindo para o adequado e
justo”, finalizou o parlamentar. Posicionamentos conflitantes: Durante os 13
anos de governo petista, o Brasil vinha apoiando as decisões da ONU contra
Israel. O não reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel e a recusa em
receber o embaixador indicado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu
deixaram a relação dos dois países em um impasse que não foi resolvido após
Michel Temer assumir a presidência. O Ministério das Relações Exteriores
comandado por José Serra havia feito uma sinalização nesse sentido em junho,
quando o Itamaraty, decidiu mudar o voto brasileiro na 199ª Sessão da Unesco,
realizada em abril – Dilma ainda era presidente. Na ocasião, foi debatido os
direitos pelo patrimônio cultural nos territórios conquistados por Israel na
Guerra dos Seis Dias. O texto, que era abertamente pró-palestinos, foi aprovado
por 33 votos a favor (incluindo o do Brasil). Já na 200ª sessão do Conselho
Executivo da Unesco, realizada em outubro, houve nova mudança de postura na
condução do tema. A moção apresentada por países árabes que apoiam a causa palestina
(incluindo Egito, Marrocos, Argélia, Líbano, Omã, Catar e Sudão) nega a ligação
histórica do Monte do Templo com Israel.. A representante do governo brasileiro
afirma que atuou para uma revisão do texto aprovado. Apesar de ter votado com a
maioria, o Brasil deixou claro que a resolução manteve problemas e linguagem
incompatíveis com um tratamento equilibrado do tema, especialmente ao atribuir
a Israel a responsabilidade pelo ciclo de violência na região. Uma nova reunião
do Comitê Executivo da Unesco ocorrerá no primeiro semestre de 2017. A 201ª Sessão Deliberativa voltará a tratar do
tema. O Itamaraty esclarece que o Brasil está trabalhando, juntamente com
outros países membros do Comitê, para que “o texto da resolução sobre a
preservação do patrimônio na região evolua ainda mais, a fim de que os pontos
conflitantes e mais complexos, considerados excessivos, possam ser revistos”.
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