NUVENS DE GUERRA SOBRE JAFFA - TOCOU-ME - TOUFIK BENEDICTUS BENNY HINN É UM PASTOR, ESCRITOR, PROFESSOR E TELEVANGELISTA CRISTÃO, CONHECIDO POR SUAS FREQUENTES CRUZADAS DE MILAGRES
"Benny, preciso de sua ajuda", disse meu querido, porém austero pai, Costandi, passando-me uma pá. Havia um tom tenso e apreensivo em sua voz.
Este não era um pedido sem valor de um pai para o filho de 14 anos. Era uma ordem - e eu sabia exatamente por que ele precisava de minha ajuda.
Imediatamente, começamos a cavar uma trincheira funda no jardim de nossa casa na 58 Ibn Rashad, em Jaffa, Israel - a histórica cidade portuária na extremidade sul da moderna cidade de Tel Aviv. "Realmente espero que isto não seja necessário", lamentou meu pai, "mas é melhor estarmos preparados. Quem sabe o que acontecerá? Quem sabe?"
Depois de trabalharmos duro por várias horas debaixo do sol quente do Oriente Médio, a trincheira ficou funda o suficiente. Ela poderia servir de refúgio para toda a família Hinn - além de acomodar alguns vizinhos que precisassem de abrigo. No início daquela mesma semana, no Colégio de Freiras, a escola católica francesa que eu freqüentava, houve um ataque aéreo e nós fomos colocados em um abrigo subterrâneo.
Dentro de nossa casa, minha mãe, Clemente, e minha irmã mais velha, Rose, faziam estoque de comida e de garrafas de água. Elas davam as instruções de última hora aos meus irmãos e irmã mais novos. Para cima e para baixo da rua, as pessoas pintavam os faróis dos carros de preto - e cobriam as janelas de suas casas.
Era a primeira semana de junho de 1967. Noite após noite, nossa família ouvia atentamente a Rádio do Cairo em nossa língua árabe nativa e, por isso, sabíamos que a guerra era iminente. Alguns dias antes, Nasser, o presidente do Egito, havia anunciado que todo o exército egípcio estaria em alerta geral. Em uma passeata bem divulgada, ele mobilizou grandes números de tropas pelas ruas do Cairo a caminho do Sinai. Em alguns quartéis, esta seria a batalha que acabaria com todas as batalhas - ameaçando, de uma vez por todas, esmagar o estado de Israel, que estava com 19 anos, o lançando ao mar.
Nasser estava no auge da popularidade e, ao que parecia, a histeria havia dominado todo o mundo árabe. Jordânia, Síria e Líbano aliaram-se para este confronto histórico, além de contingentes da Arábia Saudita, do Kuwait, do Iraque e da Algéria terem se comprometido a se juntar à briga.
Em Jaffa, as pessoas estavam apavoradas. Israel estava cercado por duzentas e cinqüenta mil tropas árabes - incluindo cem mil soldados egípcios no Sinai. Havia dois mil tanques e mais de setecentos bombardeiros e aviões de combate - um número muito maior que as forças de Israel.
"Por quê?", eu perguntava repetidas vezes. "Por que isto está acontecendo? Por que as pessoas querem lutar?" Eu não entendia.
O ódio e a amargura emocional que, de súbito, vieram à tona em nossa comunidade deixavam-me chocado. Até este momento eu não sabia da animosidade inveterada que existia entre árabes e judeus.
Em nossa casa, as coisas eram diferentes. Sim, nós nos considerávamos palestinos, apesar de nossa casa estar sempre aberta para pessoas de todas as partes. Meu pai trabalhava para o governo de Israel, e nós éramos estimados por nossos amigos próximos que eram muçulmanos, judeus e cristãos. Religiosamente, éramos gregos ortodoxos, mas eu freqüentava uma escola dirigida por freiras católicas.
Agora, com as iminentes nuvens de guerra, estávamos sentindo uma pressão que nos obrigava a tomar partido - e eu não gostava disso. "Oh, se pudéssemos sair deste lugar", eu dizia para meus pais. "Qualquer lugar seria melhor do que este!"
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