TEMPLO DE SALOMÃO VOLTA A SER VISÍVEL EM JERUSALÉM, MAS EM REALIDADE VIRTUAL PRODUÇÃO TECNOLÓGICA É MAIS UMA MOSTRA DO DESEJO CRESCENTE DE SE VER O TERCEIRO TEMPLO
O projeto de reconstituição da Jerusalém de dois mil anos atrás é
resultado da profunda pesquisa, feita por historiadores, rabinos, arqueólogos e
estudiosos da arte. Eles usaram muito das narrativas do Talmude, dos escritos
de Flavio Josefo, achados arqueológicos e evidências de outras obras da
arquitetura romana. A estrutura do Monte do Templo e do próprio Templo foi
recriada nos mínimos detalhes e na dimensão real. “A pesquisa abriu o caminho
para reconstituição que inclui desde o tipo de mármore, os pisos e os materiais
de construção usados na época”, disse um funcionário da Fundação de Preservação
do Muro Ocidental, que prefere o anonimato. “Então uma nova camada foi
adicionada aos que se conhece das antigas escavações. Isso permitiu um
mapeamento claro da posição de cada elemento na área do Templo”. Segundo esse
funcionário, o objetivo não é a excelência tecnológica. “Para nós, a tecnologia
é simplesmente uma ferramenta que deve ser usada com moderação. Não somos a
Disneylândia”. Cerca de 9 milhões de pessoas visitam o Muro das Lamentações todos os
anos. Quase 1 milhão deles descem pelos túneis que ficam embaixo da estrutura,
em excursões projetadas para grupos. A nova atração, inaugurada este mês é
voltada para o indivíduo. Uma turnê em realidade virtual (RV) foi criada pelos
designers da empresa ArchTour, visa o indivíduo. Ela possibilita que, por 15
minutos, a pessoa sente numa cadeira especial e, usando óculos de RV, tenham
uma visão em 360º de como era aquele espaço antes da cidade toda ser destruída
pelas tropas romanas no ano 70 d.C. O tour está atraindo uma grande quantidade
de pessoas, ávidas para verem o esplendor do Templo que representava a presença
de Deus na Terra. Curiosamente, nas últimas semanas uma polêmica decisão da
UNESCO negou qualquer ligação dos judeus com o Monte do Templo. “Queríamos
criar um lugar que não seja controverso e focado na peregrinação. Nossa tarefa
é mostrar o que estava aqui no passado, para transmitir a herança do Muro
Ocidental, que era uma base do Templo”, explica o funcionário. Ele faz questão
de esclarecer: “O Templo que apresentamos aos visitantes não é o Terceiro
Templo. Trata-se de uma reconstrução precisa do que existia no passado, para
que os visitantes possam entender como era o Muro Ocidental em seu contexto
histórico e geográfico”. “O filme que produzimos trata de nosso anseio. Não é
um desejo lógico, é emocional. Queremos que os visitantes saiam daqui com a
sensação de que a experiência virtual foi emocionante e estimulante”, finaliza.
A nova atração turística da cidade
milenar dos judeus é só mais uma maneira de se vislumbrar como ela se parecia
nos tempos de Jesus. Ela se junta à maquete gigante que está no Museu de
Israel. Lá está um modelo em 3D de Jerusalém no período do Segundo Templo.
Representa Jerusalém no ano 66, pouco antes do início da grande revolta dos
judeus contra os romanos, que resultou na sua destruição. A cidade em miniatura
foi construída no início dos anos 1960, segundo a interpretação do Professor
Michael Avi-Yonah das descrições feitas pelo historiador Flávio Josefo. Abrange
cerca de 2.000 metros quadrados em uma escala de 1:50. Sua representação do
Templo tornou-se a imagem mais conhecida do Segundo Templo. Ela ficava na
entrada de um hotel que acabou fechando. Em 2006, numa complicada operação de
engenharia, o modelo foi cortado em mil pedaços e transferido para o Museu de
Israel. No processo, reparos e melhorias foram feitas com base nas informações
obtidas por arqueólogos desde sua criação original. No centro de Jerusalém há
uma terceira maneira de se viajar no tempo e ver Jerusalém como ela era antes
da destruição. Trata-se do Instituto do Templo, cujo museu fica aberto ao
público. Nele é possível ver, além de uma maquete detalhada do Templo
construído por Herodes, todos os apetrechos usados para o serviço sacerdotal.
Eles fizeram tudo usando como base a descrição do Antigo Testamento e centenas
de estudos rabínicos sobre o tema. Acreditam que tudo precisa estar pronto para
a construção do terceiro templo, que marcará o início da era messiânica. O Dr.
Motti Inbari, professor de religião na Universidade da Carolina do Norte
escreveu um livro sobre a relação intrínseca do judaísmo com o Templo. Ele explica que nos últimos tempos houve
mudanças “dramáticas”. Segundo ele, “O assunto não era tão popular há 20 anos
como é hoje. O Monte do Templo estava fechado aos judeus então, e para muitos a
frustração era gigantesca”. A reabertura do acesso para judeus, ainda que eles
estejam proibidos de fazer orações, renovou o desejo de reconstrução. “Isso
naturalmente teve um efeito imediato sobre a necessidade de uma visualização do
antigo Templo. A busca por essas visualizações aumentou rapidamente nos últimos
anos”. Para Inbari, o investimento da Fundação de Preservação do Muro Ocidental
em projetos de realidade virtual é apenas mais um passo nesse sentido. “É
importante entender que o povo que visita o Muro Ocidental e os fiéis que
desejam retomar o Monte do Templo estão envolvidos em um conflito. Durante
muitos anos, o Muro das Lamentações foi considerado o lugar mais sagrado para
os judeus. Muitos agora dizem que isto não é correto, que o Monte do Templo e o
próprio Templo são os lugares mais sagrados”, garante. O estudioso acredita que
esse sentimento deve continuar crescendo e se espalhando entre os judeus. Com
informações Haaretz.
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