TRANSEXUAL VIVIANY BELEBONI PERDE PROCESSO CONTRA MARCO FELICIANO E MAGNO MALTA FIZERAM CRÍTICAS APÓS MODELO DESFILAR NA PARADA GAY
A Justiça de São Paulo negou o pedido de indenização por danos morais,
requerido pela modelo e atriz Viviany Beleboni, de 27 anos. Ela é a transexual
que desfilou crucificada na 19ª Parada Gay em junho de 2015. No processo, pedia
R$ 788 mil de indenização. O processo cita nominalmente o senador Magno Malta
(PR-ES), que é pastor evangélico. A decisão foi publicada no site do Tribunal
de Justiça (TJ) de São Paulo nesta quarta (9). Viviany alegava que passou a ser
hostilizada e ameaçada nas redes sociais por causa das críticas do senador.
Para ela, trata-se de atos de intolerância religiosa. Em agosto de 2015, dois
meses após a Parada Gay, postou um vídeo em sua página no Facebook, alegando
que foi agredida perto de sua casa, no centro de São Paulo. A juíza Letícia
Antunes Tavares, da 14ª Vara Cível, entendeu que a cena da crucificação de
Viviany posando como Jesus é garantida pela liberdade de expressão. A
magistrada afirma que Viviany deve “arcar com o ônus e a popularidade ou
impopularidade que esta liberdade representa”. Alega ainda que a modelo trans
atingiu os seus objetivos, chamando atenção do público para a causa que
representa. “Não se encontram presentes os requisitos para configuração da
responsabilidade civil, pois o exercício do direito de crítica por parte do
requerido é lícito e não há provas de que este tenha violado a honra ou imagem
da autora, nem de que a ameaçou”, foi a decisão da juíza. O senador Magno Malta
se manifestou sobre o assunto através de uma nota: “Jamais cometi crime de
intolerância ou preconceito contra Viviany Beleboni, mas fiz pronunciamento
contra o ato agressivo em via pública. Ao desfilar crucificada na Parada Gay,
Viviany chocou o país que tem um povo cristão”. Também asseverou: “Não tiro
nenhuma palavra do que falei em plenário, recebi com naturalidade a ação da
transexual, mas sabia que a Justiça entenderia que estava apenas no dever de
senador e presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Família denunciando uma
prática ofensiva ao povo cristão. Espero que Viviany tenha aprendido a lição e
não repita estas provocações”. Ao mesmo tempo em que era processado, Malta
entrou com uma queixa-crime na Procuradoria Geral da República contra a modelo.
Ele a acusava de crime de vilipêndio, escárnio e intolerância religiosa.
Procurada pela imprensa, Viviany justificou: “Não estou interessada no dinheiro
de indenização, só procurei meus direitos”. Ela afirmou ainda que a polemização
em torno da sua encenação foi iniciada pelo deputado federal Marco Feliciano
(PSC-SP), que também é pastor. Segundo o G1, Viviany entrou com oito processos
na Justiça por conta dos desdobramentos do episódio. Ela processou o Facebook,
exigindo que a rede social identificasse os usuários que, publicaram montagens
de fotos dela e a ofenderam. Ela acusa Malta e Feliciano de terem usado
montagens de fotos do desfile com imagens de sexo explícito, algo que não pode
ser comprovado. A postagem de Feliciano na época mostrava apenas a modelo
crucificada e as frases: “Imagens que chocam, agridem e machucam. Isto pode? É
liberdade de expressão, dizem eles. Debochar da fé na porta denuda igreja pode?
Colocar Jesus num beijo gay pode? Enfiar um crucifixo no ânus pode? Despedaçar
símbolos religiosos pode? Usar símbolos católicos como tapa sexo pode? Dizer
que sou contra tudo isso NÃO PODE? Sou intolerante, né?”
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