"MUITAS IGREJAS AINDA PERMANECEM EM SUA BOLHA RACIAL", DIZ ATIVISTA CRISTÃ DESAPONTADA COM A SEGREGAÇÃO RACIAL NAS IGREJAS DOS EUA, LATASHA MORRISON DECIDIU FAZER ALGO PARA PROMOVER A RECONCILIAÇÃO RACIAL
Durante anos, Latasha Morrison participou de uma igreja
predominantemente afro-americana em Atlanta (EUA), que buscou mesclar as
comunidades de negros e brancos, incluindo aqueles afiliados ao Ministério de
Rick Warren e John Maxwell. "Percebi que isso não era uma realidade para
todas as igrejas", disse Morrison. "Muitas igrejas ainda permanecem
em sua bolha racial". Quando Morrison deixou sua igreja, ela partiu com um
plano. "Minha estratégia era ser pioneira na reconciliação dentro da
igreja branca", disse ela. "Então, eu me inscrevi estrategicamente
para começar a trabalhar em igrejas de brancos". A transição de Atlanta
para a igreja 'Gateway', em Austin (Texas, EUA) foi difícil para Morrison, mas
ela viu seus projetos fluírem depois que encontrou a fundadora do 'Encontro
IF', Jennie Allen, que a convidou para compartilhar sua visão na sua
conferência de 2014. A missão de Morrison era promover a reconciliação racial
dentro das igrejas locais e desenvolver recursos para os cristãos que querem
construir relações inter-raciais. Desde então, o projeto da Latasha, chamado
"Be the Bridge" ("Seja a Ponte"), cresceu
significativamente e agora serve a igreja local, fornecendo currículos e outras
ferramentas que incentivam os "construtores de pontes" a
"[promover e desenvolver] a visão, habilidades e coração em prol da
unidade racial". "Vejo
vislumbres de esperança", disse Morrison diz sobre o clima entre evangélicos
negros e brancos atualmente. "Mesmo se as pessoas não cumprirem a proposta
completamente. Elas estão tentando pelo menos se inclinar ao diálogo e
reconhecer que há um problema ali". Morrison falou recentemente sobre o
assunto em uma entrevista ao site Christianity Today sobre por que os cristãos
brancos e e negros ainda lutam contra o racismo e como a visão do "Be the
Bridge" tem ressoado com tantas pessoas. A idealizadora do projeto apontou
que Igreja é o melhor lugar para a reconciliação racial florescer. Quando
questionada sobre o que a inspirou a começar um projeto de reonciliação racial
nas igrejas, como o "Be The Bridge", Latasha confessou que foi
justamente uma decepção com sua antiga igreja local que a moveu a começar tudo.
"Ele [projeto] nasceu do meu desapontamento com a igreja local, que eu
senti que sempre estava na retaguarda. Nós éramos sempre as lanternas traseiras
em vez dos faróis. Quando percebi a divisão racial que há em conferências e
igrejas, aquilo realmente quebrou meu coração e me gerou um 'santo
descontentamento'. Quando cheguei a uma igreja predominantemente branca, vi que
havia uma cegueira ali. [A maioria das pessoas] achava que a questão girava em
torno apenas da diversidade: 'Se eu simplesmente tenho alguém na minha equipe
que não se parece comigo, então isso já é reconciliação racial", ilustrou
Morrison. Morrison destacou que a reconciliação racial nas igrejas acaba
esbarrando na falta de empatia e proximidade dos cristãos e na dificuldade de
lidar com as diferenças. "Quando vimos o caso da morte de Trayvon Martin
[homem negro, baleado e morto por um policial branco] percebi que a razão pela
qual temos essa divisão (na igreja e em outros lugares) é porque as pessoas não
estão se relacionado de verdade umas com as outras. Não estamos próximos uns
dos outros. Quando você não tem amizades, você forma 'pré-conceitos' sobre
pessoas que são diferentes de você, culturalmente. Você não terá empatia,
porque você não conhece ninguém que se pareçe com o que você idealiza",
destacou. Inspiração; Morrison não
hesitou em afirmar que sua inspiração para este ministério é bíblica e
compartilhou um versículo-chave que; "Um dos versos fundamentais para o
projeto "Be the Bridge" está em João 17, que diz que devemos ser um,
para que o mundo saiba quem é Jesus. O coração de Jesus não anseia em nos ver
sendo sempre os mesmos. Podemos ser unicamente quem ele nos criou para ser e
ainda sermos um, porque a unificação nem sempre parece um acordo. Significa
colocar o evangelho de Jesus no centro de tudo o que fazemos. Isso é o que
tentamos fazer no "Be the Bridge": colocar no centro de tudo, a
conversa sobre Jesus", contou. "Eu acredito que o corpo de Cristo é o
único lugar que está equipado para fazer isso e fazê-lo direito. Nosso objetivo
é ser quem Deus nos criou para ser - esse testemunho é credível para sua glória
em relação à reconciliação racial. Todos nós somos criados à sua imagem. Somos
chamados a amar o nosso próximo, independentemente de quem eles são ou com quem
eles se parecem. Isso é algo que se tornou clichê, mas no 'Be the Bridge',
queremos que a Igreja seja exatamente isso", afirmou. Falando sobre a
atual conscientização dos evangélicos com relação ao combate ao racismo,
Morrison reconheceu que este contexto tem apresentado progresos, mas reforçou
que ainda há muito a ser feito. "Eu acho que há mais consciência, houve um
pequeno movimento, mas talvez não tanto movimento como eu gostaria de ver.
Ainda há muitos fatores de 'blindagem', e nós vimos isso em 2016. Eu acho que
tem havido uma mudança. Não estamos no mesmo lugar em que estávamos nos anos
60, 50 ou 40", ressaltou."Por exemplo, muitas pessoas que participam
do 'Be the Bridge' adotaram crianças e têm uma família transracial. Seus olhos
estão abertos e eles experimentam a vida através dos olhos de seus filhos. Eles
percebem como seus filhos são tratados de maneira diferente, como as suposições
são feitas sobre eles, como seus filhos não podem receber o benefício da dúvida
ou como eles são acusados de roubar apenas porque eles são negros",
contou. "Essas famílias estão vendo a dinâmica de nossos preconceitos de
cultura sendo descartados e vêem isto em suas famílias".
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