ONDA DURA: A IGREJA QUE NÃO PARECE IGREJA "JESUS NÃO OUVIA MÚSICA CRISTÃ, NÃO IA ÀS FESTAS CRISTÃS, TAMPOUCO SÓ CONVERSAVA COM CRISTÃOS. REAVALIE O QUE É SANTIDADE", PREGA O PASTOR
A Onda Dura, ou apenas a Onda, é mais uma das chamadas igrejas
alternativas que se multiplicam pelo país. Seu fundador, o pastor Filipe
Falcão, o Lipão, atualmente contabiliza mais de três mil jovens nos cultos, em
12 cidades. Com a cabeça raspada, alargadores nas orelhas e as tatuagens que
cobrem o corpo, ele associa visual descolado e ideias progressistas. Sediada em
Joinville, Santa Catarina, a igreja é focada na Geração Y, dos nascidos entre
as décadas de 1980 e 1990. Talvez por isso, trate com certa naturalidade temas
espinhosos como a homossexualidade e uso de entorpecentes. “A Bíblia reprova
essas atitudes, mas ninguém aqui vai falar ‘você é pior do que eu’. Se alguém
chegar para mim e falar ‘sou gay, fumo maconha e não quero mudar’, respondo:
‘Beleza, pode continuar’. Não é uma pegada de imposição”, explica Lipão. Filho do pastor pentecostal Evaldo Duque
Estrada, Lipão começou a Onda há pouco mais de uma década. Era um braço da
Comunidade Cristã Siloé, igreja pastoreada pelo seu pai, mas tomou rumos próprios.
Algumas ações promovidas por ele alimentaram a curiosidade das pessoas e também
geraram críticas. Em 2015, os jovens da Onda Dura carregaram por algum tempo
uma cruz de madeira com meio metro de comprimento junto ao corpo. Usando a
tática do “marketing de guerrilha”, a prática se justificava: “A intenção da
cruz é conscientizar quem está disposto a seguir a Cristo de que é preciso
carregar uma cruz que não é material, mas uma cruz de consciência”. Chama
atenção ainda o seu desafio ao conceito tradicional de santidade, normalmente
visto como um afastamento do mundo. “Jesus não ouvia música cristã, não ia às
festas cristãs, tampouco só conversava com cristãos. Reavalie o que é
santidade”, disse ele durante uma pregação em Joinville. Culto na balada: Uma
das expansões que mais cresce é a da cidade catarinense de Jaraguá do Sul.
Cinco anos atrás, o pastor Tom Joner começou a reunir amigos na sala do
apartamento dos pais . Hoje a Onda local reúne, em média, 250 pessoas. As
celebrações dominicais conhecidas como “Soma” ocorrem em uma balada. O líder
religioso se justifica: “A balada tem estrutura de som, iluminação, possui
palco e ar-condicionado. Tudo isso para que a gente possa receber o pessoal bem
e para que todos fiquem confortáveis enquanto escutam a palavra”. Um local
próprio está nos planos, mas o foco maior está nos grupos pequenos, os GPs.
Neles, grupos entre 7 e 14 pessoas se encontram durante a semana para sair,
jantar e praticar atividades coletivas. “Este é o momento de integração da
Onda, onde as pessoas se conhecem melhor e convivem verdadeiramente umas com as
outras”, esclarece Tom. Para ele, o principal desafio de ser pastor é conversar
de igual para igual com uma juventude que está o tempo todo conectada e tem
acesso à muita informação. “Os jovens veem e leem muita coisa que às vezes pode
distorcer o que se vive dentro da Onda”, resume. Sua proposta é de desassociar
aos escândalos associados à outras igrejas, que afastam muitas pessoas. “O que
queremos mostrar é que a vida na igreja pode ser repleta de liberdade”,
enfatiza. “Costumo dizer que a nossa igreja é cheia não porque tem a porta
larga, mas sim porque ela está sempre aberta.” Andressa Sett tinha uma opinião
bem distinta antes de começar a frequentar. Eu passava na frente do lugar antigo
onde os encontros aconteciam e estranhava o perfil dos adeptos”, confessa.
Depois de assistir algumas pregações disponíveis no Youtube, mudou de ideia.
“Foi ali que comecei a me identificar com o que a Onda Dura representa”. Conta
também que já não frequentava mais a igreja onde fora criada “porque não via
sentido naquilo”. Hoje tem outra perspectiva: “Depois que conheci a Onda
entendi como é viver a minha fé de maneira plena”. Com informações Por Acaso.
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