DOIS HERÓIS ENFRENTAM A MORTE: JOHN HUSS E JERÔNIMO
Já no século nono a Bíblia achava-se traduzida e o culto público era celebrado na língua do povo, na Boêmia. Mas Gregório VII intentava escravizar o povo, e uma bula foi expedida proibindo que o culto público fosse dirigido na língua boêmia. O papa declarava ser “agradável ao Onipotente que Seu culto fosse celebrado em língua desconhecida” (Wylie, livro 3, cap. 1). Mas o Céu havia providenciado meios para a preservação da igreja. Muitos valdenses e albigenses, expulsos de seus lares pela perseguição, vieram à Boêmia. Trabalharam zelosamente em segredo. Assim foi preservada a verdadeira fé.
Antes dos dias de Huss, houve na Boêmia homens que se levantaram para condenar a corrupção na igreja. Suscitaram-se os temores da hierarquia e iniciou-se a perseguição contra o evangelho. Depois de algum tempo decretou-se que todos os que se afastassem do culto romano deviam ser queimados. Mas os cristãos olhavam à frente, para a vitória de sua causa. Um deles declarou ao morrer: “Levantar-se-á um dentre o povo comum, sem espada nem autoridade, e contra ele não poderão prevalecer” (Wylie, livro 3, cap. 1). Já se erguia alguém, cujo testemunho contra Roma abalaria as nações.
João Huss era de humilde nascimento e cedo ficou órfão pela morte do pai. Sua piedosa mãe, considerando a educação e o temor de Deus como a mais valiosa das posses, procurou assegurar esta herança ao filho. Huss estudou na escola da província, passando depois para a Universidade de Praga, onde teve admissão como estudante carente.
Na universidade, Huss logo se distinguiu pelo rápido progresso. Seus modos afáveis e simpáticos lhe conquistaram estima geral. Era adepto sincero da Igreja de Roma e fervorosamente buscava as bênçãos espirituais que ela professava conferir. Depois de completar o curso superior, ingressou no sacerdócio. Atingindo rapidamente a eminência, foi logo chamado à corte do rei. Tornou-se também professor e mais tarde reitor da universidade. O humilde estudante, que de favor recebera educação, tornou-se o orgulho de seu país e seu nome teve fama em toda a Europa.
Jerônimo, que mais tarde se associou a Huss, trouxera consigo da Inglaterra os escritos de Wycliffe. A rainha da Inglaterra, convertida aos ensinos de Wycliffe, era uma princesa boêmia. Por sua influência as obras do reformador foram amplamente divulgadas em seu país natal. Huss inclinava-se a considerar favoravelmente as reformas advogadas. Conquanto não o soubesse, entrara já num caminho que o levaria para longe de Roma.
Nenhum comentário
Postar um comentário