JOHN HUSS E A ANTEVISÃO DO TRIUNFO
Na masmorra ele previu o triunfo que teria a verdadeira fé. Em seu sonho viu o papa e seus bispos apagando as pinturas de Cristo que ele desenhara nas paredes da capela de Praga. “Esta visão angustiou-o; mas no dia seguinte viu muitos pintores ocupados na restauração dessas figuras, em maior número e em cores mais vivas. [...] Os pintores [...] rodeados de imensa multidão, exclamavam: ‘Venham agora os papas e os bispos; nunca mais as apagarão!’” Disse o reformador: “A imagem de Cristo nunca se apagará. Quiseram destruí-la, mas será pintada de novo em todos os corações por pregadores muito melhores do que eu” (J.H. Merle D'Aubigné. History of the Reformation of the Sixteenth Century, livro 1, cap. 6).
Pela última vez Huss foi levado perante o concílio, uma vasta e brilhante assembléia — o imperador, os príncipes do império, delegados reais, cardeais, bispos, sacerdotes e uma vasta multidão.
Chamado à decisão final, Huss declarou recusar-se a abjurar. Fixando o olhar penetrante no imperador cuja palavra empenhada fora tão vergonhosamente violada, declarou: “Decidi-me, de espontânea vontade, comparecer perante este concílio, sob a pública proteção e fé do imperador aqui presente” (Bonnechose. v. 2, p. 84). Intenso rubor avermelhou o rosto de Sigismundo quando o olhar de todos convergiu para ele.
Pronunciada a sentença, iniciou-se a cerimônia de degradação. Sendo de novo exortado a retratar-se, Huss replicou, volvendo-se para o povo: “Com que cara, pois, contemplaria eu os Céus? Como olharia para as multidões de homens a quem preguei o evangelho puro? Não! aprecio a sua salvação mais do que este pobre corpo, ora destinado à morte.” As vestes sacerdotais foram removidas uma a uma, e cada bispo pronunciava uma maldição ao realizar sua parte na cerimônia. Finalmente, “puseram-lhe sobre a cabeça uma carapuça ou mitra de papel em forma piramidal, em que estavam desenhadas horrendas figuras de demônios, com a palavra ‘Arqui-herege’ bem visível na frente. ‘Com muito prazer’, disse Huss, ‘levarei sobre a cabeça esta coroa de ignomínia por Teu amor, ó Jesus, que por mim levaste uma coroa de espinhos’”(Wylie. livro 3, cap. 7).
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