DOIS HERÓIS TRAÍDOS PELA DIPLOMACIA: JOHN HUSS E JERÔNIMO
Os líderes papais recorreram finalmente à diplomacia. Adotou-se um compromisso mútuo que, traindo aos boêmios, entregou-os ao poder de Roma. Os boêmios haviam especificado quatro pontos como condições de paz com Roma: (1) livre pregação da Bíblia; (2) o direito da igreja toda, tanto ao pão como ao vinho na comunhão, e o uso da língua materna no culto divino; (3) a exclusão do clero de todos os ofícios e autoridades seculares; e (4) nos casos de crimes, a jurisdição das cortes civis tanto para o clero como para os leigos. As autoridades papais concordaram que os quatro artigos fossem aceitos, “mas que o direito de os explicar [...] deveria pertencer ao concílio — ou, em outras palavras, ao papa e ao imperador”(Wylie. livro 3, cap. 18).
Roma ganhou, pela dissimulação e fraude, o que não tinha conseguido pelo conflito. Aplicando sua própria interpretação aos artigos hussitas, como à Escritura Sagrada, poderia perverter seu sentido, de modo conveniente a seus propósitos.
Uma classe numerosa na Boêmia, vendo que isso traía sua liberdade, não se conformou com o tratado. Surgiram dissensões, que levaram à contenda entre eles próprios. O nobre Procópio sucumbiu, e acabou a liberdade da Boêmia.
Exércitos estrangeiros invadiram de novo a Boêmia, e aqueles que permaneceram fiéis ao evangelho foram sujeitos a uma perseguição sanguinolenta. Contudo, sua firmeza era inabalável. Obrigados a refugiar-se nas cavernas, congregavam-se ainda para ler a Palavra de Deus e unir-se em Seu culto. Por meio de mensageiros enviados secretamente a diversos países, souberam “que entre as montanhas dos Alpes havia uma antiga igreja, apoiada no fundamento das Escrituras e protestando contra as corrupções idolátricas de Roma” (Wylie. livro 3, cap. 19). Com grande alegria iniciou-se correspondência com os cristãos valdenses.
Firmes no evangelho, os boêmios esperaram através da noite de sua perseguição, ainda volvendo os olhos para o horizonte na hora mais tenebrosa, semelhantes aos homens que esperam a manhã.
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