A RECOMPENSA PARA O ÍNTEGRO É A PRÓPRIA INTEGRIDADE O ATO DE ERRAR/PECAR NOS LEVA A VIVER FAZENDO HORA EXTRA NA GUARDA DO FAMIGERADO SEGREDO POR FERNANDO PEREIRA
A integridade de José não se baseava na possibilidade de que, em caso de cometimento de pecado, seus sonhos não se tornassem realidade. Ele evitava o erro simplesmente por ser erro, e evitava praticar o erro para que não pecasse contra Deus. Fazer o certo não é uma moeda de troca que pode ser usada para se dar bem numa situação prevista – é uma maneira de seguir o fluxo da ordem natural das coisas. (Gn 39.8-9).
Viver no erro é cansativo, estressante, é inquietante. O ato de errar/pecar nos leva a viver fazendo hora extra na guarda do famigerado segredo. José, em se deitando com sua senhora, teria de viver os horrores do receio de ser pego por alguém que o invejasse (e olha que gente com inveja dele foi o que mais teve) e lhe quisesse mal, de ter de olhar nos olhos de quem lhe dera tamanhas responsabilidade e confiança – todos os dias – e mentir sem precisar abrir a boca, teria de se sujeitar aos caprichos de sua senhora (para evitar que seu erro viesse à baila), teria que viver em um estado mental de completo alerta – fosse para perceber e evitar criar possibilidades de que alguém o descobrisse no pecado, ou por necessidade de ouvir alguma movimentação que indicasse que a coisa ia ficar ruim para ele (caso o segredo fosse descoberto porque ele tivesse sido incapaz de “apagar” as evidências)
Viver de forma honesta, seja para um cristão ou não, nem sempre é sinal de que quem opta por sê-lo terá as recompensas merecidas. Quando se escolhe ser íntegro, escolhe-se também a possibilidade de se dar mal. É aí que entra a necessidade mora de se crer em Deus, pois, com sua existência, ainda que não haja recompensa ou reconhecimento neste âmbito da existência, o Senhor, de alguma forma, irá fazer justiça como fez para com José – ou usará as injustiças para nos ensinar alguma coisa (como fez com Jó).
Ser íntegro é uma forma de honrar a si, ao próximo e a Deus. Quando se é integro, a recompensa maior não consiste no que se ganha em termos de aplausos e outras formas de reconhecimento vindos de quem nos cerca, mas de se ter uma consciência tranquila para poder deitar e dormir em paz ainda que seja cumprindo uma pena injusta (Gn 40. 6-7).
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