NÃO SE IGNORE, SE CONHEÇA, E NEGUE-SE! "SE EU MELHORO PARA COMIGO, SEREI MELHOR TAMBÉM PARA COM O PRÓXIMO" POR FERNANDO PEREIRA
“Senhor, livra-me de mim” esta foi a frase que o poeta português Fernando Pessoa usou para encerrar o texto “Prece”, onde ele faz uma oração de rendição às grandeza, soberania e providencia divinas. Esta frase do poeta diz muito mais do que está escrito, pois se a usarmos como espelho para enxergarmos quem somos, haveremos de notar que, de fato, precisamos, em dados momentos, que Deus nos livre de nós mesmos.
Quantas não foram as decisões que tomamos e que acabaram nos levando a sofrer com os resultados negativos? Quantas pessoas magoamos ao fazermos, desnecessariamente, uso de palavras ríspidas e deselegantes, ao mentirmos, ao maldizermos, ao não cumprimos com o que prometemos, ao termo nos negado a exercer a humildade? Se fizermos um exame de consciência e encararmos a verdade de frente, haveremos, como o poeta, de pedir para que o Senhor nos livre primeiro de nós, pois notaremos que somos a maior ameaça a nós mesmos e ao outros.
“Um ser humano de mentira não pode conhecer a verdade”. Esta frase foi dita pelo professor Olavo de Carvalho em uma de suas aulas do curso filosofia que ministra. Está frase está bastante relacionada com o fato de que muitas pessoas ignoram a necessidade de se autoconhecerem para que as mudanças necessárias possam acontecer. O filosofo Sartre já disse: “O inferno são os outros”.
Para nos tornarmos pessoas melhores, segundo Olavo, basta que exerçamos o processo de autoconfissão, onde nós mesmos paramos para nos ouvir acerca dos pecados que cometemos. Segundo Olavo, se assim procedermos, haveremos de nos tornar “humanos de verdade”, pois estaremos em contato com a verdade da primeira realidade que nos diz respeito, que é a nossa personalidade/aquilo que somos, e poderemos, a partir de então, não mais criar personagens para cada relacionamento que temos.
O chamado de Cristo para que o sigamos requer, antes de pegarmos o caminho, que passemos pelo processo de autoconfissão/conhecimento, que encaremos a verdade para que, só então, tomemos a decisão de ir após Ele. “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome sua cruz, e siga-me” (LC 9.23). Como alguém vai “negar a si mesmo” sem que se conheça? Lógico que não estou pervertendo a doutrina da confissão de pecados que o ser humano precisa fazer perante Deus; estou apenas evidenciando o fato de que quando sabemos quem somos, fica mais fácil promover as mudanças que vão fazer nossa vida ser melhor, mais digna. Se eu melhoro para comigo, serei melhor também para com o próximo.
“O que torna um homem medíocre, não é o quanto ele desconhece sobre o mundo a sua volta, mas o quão pouco ele conhece de si mesmo” (autor desconhecido). Conhecer a si mesmo e conhecer a Deus são dois princípios básicos para que criemos boas possibilidades de que viver uma vida que vale a pena. Na medida em que conheço meus pecados, verei o quão difícil é me livrar deles e enxergarei os pecados dos outros humanos com mais complacência. De Deus vem a graça para que consigamos vencer a nossa auto-escravidão (RM 6.22).
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