VAMOS FALAR SOBRE DIREITOS HUMANOS? QUANDO LEVAMOS A DISCUSSÃO PARA A LÓGICA POLÍTICA, VAMOS ENCONTRAR DIFICULDADES EM ENXERGAR A HUMANIDADE NÃO NO BANDIDO, MAS TALVEZ NUM FETO. POR MAYCSON RODRIGUES
Ontem foi celebrado o dia internacional dos direitos humanos, em paralelo com o dia da Bíblia. Ah, ontem também foi o dia do Palhaço.
Particularmente, eu comemoro os três temas, pois sou um homem cativo à Palavra de Deus, descobri nela o verdadeiro valor e sentido dos direitos humanos e também aprendi sobre a linda história do Palhaço, o que eu acho que todos um dia deveriam conhecê-la. Tem a ver com a dor – algo estritamente relacionado ao ser humano.
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Pouquíssimas igrejas se ocuparam na abordagem do tema “direitos humanos”, mas 99% abordaram o tema “dia da Bíblia”. Porém, isso foi um erro.
E o erro se dá em não conhecer a história do nascedouro deste movimento em prol dos direitos universais do ser humano. Foi exatamente no cristianismo que surgiu esta “volição política”, por meio da antropologia teológica cristã que evoca a doutrina da “Imago Dei”, onde todo ser humano é a imagem e a semelhança do Deus Triúno; por isso, possui dignidade inerente.
No entanto, temos outro equivoco aí.
O outro equívoco se revela num reducionismo claro do conceito que é originário no cristianismo, onde a pauta cai para uma abordagem de fatores sociais, econômicos e culturais – o que esvazia o sentido real do ideal dos direitos humanos. O ser humano é visto agora não como um ser oriundo do Eterno, mas como um indivíduo existencialmente autônomo, que escreve a própria história e que não necessariamente é dependente desta relação transcendental para se ressignificar, e, também, contribuir com a ressignificação do seu próximo. Ou seja, aquilo que possui uma profundidade antropológica vital, agora torna-se raso, instrumental para um certo tipo de ideologia e política e abstrato no sentido de passar a se tratar com seres ocos, fragmentados ontologicamente.
Tratar o tema dos direitos humanos sem a concepção da doutrina da “Imago Dei” é tratar de outro tema: os direitos políticos de seres sociais, econômicos e culturais; ou seja, seres esvaziados daquilo que Deus estabeleceu na criação e restabeleceu na redenção – o que chamamos de humanidade.
Quando levamos a discussão para a lógica política, vamos encontrar dificuldades em enxergar a humanidade não no bandido, mas talvez num feto. Teremos a tensão de responder sobre a luta pela dignidade da mulher sob o contraponto de se ratificar o assassinato de um bebê de três meses de vida. Falaremos da cultura do estupro, da cultura patriarcal, da cultura do racismo e do preconceito contra LGBT’s, mas será um complicador lidarmos com a causa real do estupro, da violência contra a mulher, do racismo e do preconceito contra LGBT’s: a decisão consciente de INDIVÍDUOS, em cometer tais crimes. O viés politizado de um debate tão amplo proposto previamente pelas Escrituras e revitalizado na Reforma Protestante significa uma cortina de fumaça gerada por grupos que possuem interesses maiores do que o interesse pela vida humana, de modo que criminosos e vítimas são manipulados para que uma agenda prevaleça sobre o inconsciente coletivo social.
Porém, a proposta do artigo é: “vamos falar de direitos humanos?”
Todo ser humano é digno de existir. Todo ser humano possui o direito ao acesso à educação, saúde e segurança. Reconhecemos os direitos universais do homem, e queremos afirmar que os direitos pressupõem deveres.
Desde o Éden que o ser humano precisa decidir se vai violar ou não uma Lei que lhe é imposta. E sempre que a Lei é violada, seu direito é comprometido. Se nós vamos falar de direitos, precisamos então evocar a presença da Lei. E se a Lei está presente, a responsabilidade pessoal também deve entrar em voga. Uma sociedade que não responsabiliza indivíduos está simplesmente retroalimentando as violações da Lei. E nós não iremos muito longe se toda a luta girar em torno do espaço político e da prevalência ideológica e não da realidade humana como um todo.
Vamos conduzir a discussão para o ambiente das relações de poder? Podemos e devemos. Todavia, é nas ambiências comunitárias, na dialética das relações humanas que nós estabeleceremos a doutrina que propicia uma promoção generalizada da dignidade humana. A Igreja não pode salvar o mundo por si só, pois ela não possui divindade em sua natureza. É Cristo quem salva os seres humanos – e isso deveria nos conduzir por um viés mais missional, mais conectado ao evangelismo e discipulado como meio de fazer o que Bonhoeffer chama de “cristianização de uma nação”, e menos por um viés reducionista que muitos intelectuais e políticos tentam implementar sobre as consciências, sobretudo consciências de ditos cristãos.
Faça o amor se espalhar pela sociedade. Leve dignidade a seres humanos violados por outros seres não tão humanos assim, mas não faça isso apenas por meios humanos, pois a Escritura revela que a origem do homem é Deus – e Deus tem os seus caminhos para redimi-lo do seu contexto de sofrimento.
O evangelho permanece sendo a solução desta humanidade caída.
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